Grave é ser ‘persona grata’ de um genocida

Charge de Nando Motta sobre a declaração de Lula de que Israel (sob comando de Netanyahu) está cometendo genocídio.
Charge de Nando Motta

Texto escrito por José de Souza Castro:

Já se passou uma semana desde que o jornalista Janio de Freitas escreveu em sua coluna semanal no Poder 360 o artigo intitulado “A palavra temida“, e a frase de Lula sobre o genocídio israelense na Faixa de Gaza continua repercutindo.

“Mais de 30.000 mortos no conflito em Gaza clamam por seu reconhecimento como vítimas de genocídio tão hediondo quanto qualquer outro”, escreveu.

Recomendo a leitura na íntegra do artigo.

No início, pelo que se via na imprensa brasileira, parecia que o presidente Lula havia errado feio ao classificar como genocídio de Israel contra mulheres e crianças palestinas, assim como o praticado por Hitler contra os judeus ao longo da primeira guerra mundial.

É impossível comparar a morte de 6 milhões de pessoas nos fornos crematórios de Hitler aos 30 mil palestinos sucumbidos às bombas de Netanyahu. Mas, apesar das distorções da fala de Lula, ele acertou bonito. Pois quebrou a indiferença mundial sobre o genocídio em Gaza.

Há dias este blog escreveu sobre o filme “Zona de Interesse” que retrata bem a indiferença dos alemães sobre o genocídio contra judeus e outras raças consideradas por Hitler como inferiores. A família de Rudolf Höss, comandante do campo de concentração de Auschwitz, morava do outro lado do muro que separava sua casa dos crematórios, indiferente ao que se passava na vizinhança. “De um lado, o jardim colorido. No meio, um muro. Do outro lado, a barbárie”, descreveu a Cris.

Lula, na verdade, disse que acontece na faixa de Gaza o que existiu quando Hitler resolveu matar os judeus. Sua frase busca pelo reconhecimento como genocídio tão hediondo quanto qualquer outro. “É o que faz a frase de Lula!”, esclarece Janio de Freitas.

Ele lembra que a definição de genocídio para efeito jurídico data de 1947. Na época, os norte-americanos tinham pavor de que as discussões do “novo mundo de liberdade e justiça” deixassem brechas ao exame dos genocídios cometidos por eles no Japão e na Alemanha. Mais um trecho do artigo, para finalizar, com meus agradecimentos ao Poder 360:

Dizer desses horrores que “Israel está exercendo o seu direito de defesa” é mais do que imoral. “Uma guerra que não é de soldado contra soldado, é de soldado contra a população civil”, como definiu Lula, sem haver deturpação. Não é guerra, propriamente. É massacre, é extermínio”. A frase original de Lula externou o sentimento de repulsa que Netanyahu provoca no mundo. Grave não é ser “persona non grata” ao governo desse genocida. Grave é ser “persona grata”.

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Por José de Souza Castro

Jornalista mineiro, desde 1972, com passagem – como repórter, redator, editor, chefe de reportagem ou chefe de redação – pelo Jornal do Brasil (16 anos), Estado de Minas (1), O Globo (2), Rádio Alvorada (8) e Hoje em Dia (1). É autor de vários livros e coautor do Blog da Kikacastro, ao lado da filha.

3 comments

  1. Que delícia de texto. Sou fã do José de Castro. Sempre fui. Zé sempre foi um “mestre” no jornalismo pra mim.

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  2. Da Folha UOL hoje:

    ” Um dia após os relatos das mortes de dezenas de civis que aguardavam em fila por ajuda humanitária em Gaza, o Itamaraty voltou a criticar as ações de Israel no território palestino, empregando alguns de seus termos mais duros desde o início do conflito.

    “O governo Netanyahu volta a mostrar, por ações e declarações, que a ação militar em Gaza não tem qualquer limite ético ou legal”, escreveu a pasta do governo Lula (PT) em nota na manhã desta sexta-feira (1º).

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