Conheci a jornalista Iana Coimbra quando trabalhamos juntas, nos dois anos e pouco em que consegui ficar na Globo de Belo Horizonte.
Mas, embora sempre tenha achado ela uma pessoa simpática, nunca tivemos muita proximidade por lá. Ela estava sempre na rua, fazendo reportagem, ou no estúdio, apresentando os telejornais. E eu sempre grudada na mesma cadeira, mal levantando para fazer xixi, enquanto coordenava o portal g1 e a Central de Apuração da TV.
Num belo dia, pedi demissão. Alguns meses depois, vi que ela também pediu para sair.
Desde então, tenho acompanhado com curiosidade e admiração sua vida pós-tevê por meio do Instagram. Onde ela compartilha os múltiplos projetos que, não sei como, ela consegue tocar: pesquisas acadêmicas (ela é doutora pela UFMG), palestras, clubes de literatura, cursos, agora um podcast – fora o casamento e os dois filhos lindos.
No meio desse turbilhão de coisas (sério, não sei quando ela dorme!), vi que a Iana lançou um livro. Num dia em que nos encontramos no café de uma amiga querida em comum, ela fez a gentileza de me entregar um exemplar.
“Que estas palavras te tragam leveza e um quentinho no coração”, escreveu na dedicatória.
Fui degustando o livro da Iana ao longo do mês de janeiro, e foi isso o que muitas das palavras me ofereceram mesmo. Leveza e quentinho no coração. Mas também um acolhimento, uma reflexão, uma troca. Como se fôssemos amigas íntimas.
A verdade é que nós duas temos muito em comum. O jornalismo, a passagem pela mesma empresa, a decisão pensada de sair de lá, a maternidade, o gosto pela literatura e pela escrita, os mil pratinhos sendo equilibrados (como é comum à maioria das mulheres). Mas, ao ler este “Aqui tem Textão“, descobri que também temos em comum uma afinidade de ideias e pensamentos, que eu nem suspeitava ter, quando cruzava com a Iana nos corredores da empresa.
Trechos como este encontraram forte ressonância dentro de mim:
“Me esforçaria para reconhecer meus limites.
Me permitiria descansar mais vezes.
Ficaria mais atenta para sair do modo automático.
Encontraria um jeito de fazer mais pausas.
Me tiraria do último lugar da lista de prioridades”.
Quantas vezes já escrevi sobre isso, aqui mesmo neste blog, que também é um amontoado de “textões”!
Outro trecho que conversou comigo:
“Nem tudo que a gente planeja vinga. Nem todos os sonhos se materializam. Mas não colocá-los no lugar adequado, não transplantá-los para o espaço onde podem se desenvolver, já é uma morte anunciada.
A gente sente quando não está no lugar certo. Quando o que foi abrigo começa a se tornar prisão. Quando, ao invés de crescer, começamos a morrer. Quando chega a hora de mudar de lugar, de ambiente, para finalmente criar raízes profundas e se tornar quem podemos ser.”
E quando ela fala de recomeços? Vejam que lindo:
“Tem recomeço que são frutos de rupturas. Que nascem nas dores. Que brotam das frustrações e das desimaginações. (…) Tem recomeço que é cura. Tem recomeço que é ferida. Já tem recomeço que é avalanche, tsunami, furacão e tempestade. (…) Recomeço quando recolho meus cacos. Quando encontro valor no que parece não ter mais serventia. Quando trago significado para o que tenho diante de mim. (…) Abro caminho para a pessoa que quero me tornar.”
O livro da Iana vai nesta toada, como uma conversa entre amigas, cheia de desabafos, metáforas, reflexões. Um misto de crônica, autobiografia e autoajuda. E umas frases e pensamentos bonitos-bonitos, como estes que pincei para o @pilulasdereflexoes durante minha leitura:
Claro, houve os momentos em que discordei do pensamento ou do sentimento da Iana. Houve os vários momentos em que me vi muito diferente dela (por exemplo, ela é uma pessoa cheia de fé religiosa, eu já não tenho fé nenhuma). Mas isso não prejudicou nem a leitura nem minha admiração por ela.
Terminei o livro feliz por ter conhecido a Iana pessoa, para além da profissional. E por ela ser tão generosa em compartilhar sua sensibilidade e suas ideias com os outros, inclusive com o mundão de desconhecidos (e conhecidos) prontos para julgar e criticar.
Que venham mais textões, e que eles virem mais apresentações de balé, podcasts, teses de doutorado, reportagens, livros, e todos esses multitalentos em multiplataformas que esta mulher multimídia, dos múltiplos pratinhos, consegue fazer, nas mesmas 24 horas por dia que temos todos.
Parabéns, Iana. Siga em frente, sonhando seus sonhos, fazendo as necessárias pausas, recomeçando quando quiser ou precisar, e com todos os sorrisos e lágrimas que você transborda sem medo.
“Aqui Tem Textão”
Iana Coimbra
ed. Livro na Mão
237 páginas
R$ 64,90 (preço consultado na data do post; sujeito a alterações)
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