‘Nada de Novo no Front’: mensagem atual ainda hoje

Cena do filme 'Nada de Novo no Front', de 2022, baseado na obra de Erich Maria Remarque.
Cena do filme 'Nada de Novo no Front', de 2022, baseado na obra de Erich Maria Remarque.

Vale ver na Netflix: NADA DE NOVO NO FRONT (Im Westen nichts Neues)
2022 | 2h28 de duração | nota 8

Li “Nada de Novo no Front“, o livro clássico de Erich Maria Remarque, em janeiro de 2006. Eu tinha, portanto, 20 anos, quase 21. Na época, classifiquei o livro como “excelente”, e escrevi o seguinte sobre ele:

“A história – baseada nas lembranças do próprio autor – dos soldados da Primeira Guerra Mundial e todas as atrocidades que viveram. Um livro pacifista, cuja arma é o horror da verdade em detalhes.”

Agora, tantos anos depois, vejo este filme, a terceira adaptação do livro de Remarque, e fico impressionada com esses detalhes, com o olhar pasmo do personagem Paul Bäumer, com a forma como ele vai ressuscitando em mim as memórias de uma história que conheci há quase 20 anos.

Vez ou outra separo alguns livros das minhas prateleiras para doar, mas este “Nada de Novo no Front” sempre foi mantido. Eu já tinha me esquecido de boa parte do livro, mas ainda me lembrava da forma como ele havia me marcado, dos homens – na verdade, meninos, com seus 18 anos de idade – tornando-se animais malucos nas trincheiras da guerra, ou tentando sobreviver com piadas, pôsteres de mulheres ou com as cartas que chegavam de vez em quando.

Lembro como tudo tinha me marcado justamente pela verossimilhança, pela capacidade do autor de transmitir os horrores, mas também as banalidades da vida de um soldado. Ora, ele esteve lá, afinal.

E este filme de agora, mais de 100 anos após aquela guerra, é, antes de mais nada, muito fiel ao livro. O protagonista é o estreante Felix Kammerer, que convence bem, mas não chega a nos entusiasmar com sua atuação.

Cena do filme 'Nada de Novo no Front', de 2022, baseado na obra de Erich Maria Remarque.
Cena do filme ‘Nada de Novo no Front’, de 2022, baseado na obra de Erich Maria Remarque.

Não à toa, o filme não compete no Oscar por seus atores. Mas é um dos mais indicados, em nove categorias, muitas delas mais técnicas: som, trilha, maquiagem, fotografia, efeitos visuais e design de produção.

Mas também melhor roteiro adaptado, melhor filme estrangeiro e o prêmio mais importante de todos, de melhor filme do ano.

Tenho minhas dúvidas se esta adaptação alemã do clássico de Remarque vai levar os prêmios mais importantes, mas espero que, sim, ela seja muito vista e falada – ainda mais com esta facilidade de estar na Netflix –, porque sua mensagem é atual e importante ainda nos dias de hoje.

Estamos vendo a Guerra entre Rússia e Ucrânia gerar cerca de 300 mil mortos, por motivos que ninguém entende muito bem, e sem previsão de um fim. Naquele início de século 20, 17 milhões de pessoas morreram na Primeira Guerra Mundial, que parecia nunca ter fim, e os soldados que estavam no front certamente não estavam nem aí, em determinada altura, para os motivos que os levaram até ali.

Apenas contabilizavam mortos, viam amigos e camaradas perecerem, e se arrependiam amargamente quando também viam um “inimigo”, pai e marido, morrendo por sua causa.

Como eu disse, já se passaram mais de 100 anos, mas a mensagem pacifista é clara. Guerras são inúteis. Estúpidas. São cruéis, imundas, desumanas, infelizes. Colocam os soldados diante de uma provação que os torna pouco mais que animais. Ratos.

Que todos vejam este belo filme (ou leiam o livro de Remarque) e guardem esta lição em seus corações.

Nada de Novo no Front foi indicado a 9 Oscars em 2023 e venceu nestes 4 em destaque:

  1. Melhor filme do ano
  2. Melhor filme estrangeiro
  3. Melhor roteiro adaptado
  4. Melhor maquiagem
  5. Melhor trilha sonora
  6. Melhor som
  7. Melhor efeito visual
  8. Melhor fotografia
  9. Melhor design de produção

Veja o trailer do filme ‘Nada de Novo no Front’:

Outros filmes de guerra do Oscar:

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Por Cristina Moreno de Castro (kikacastro)

Mineira de Beagá, jornalista (passagem por Folha de S.Paulo, g1 e TV Globo, UOL, O Tempo etc), blogueira há 20 anos, amante dos livros, poeta, cinéfila, blueseira, atleticana, politizada, otimista, aprendendo desde 2015 a ser a melhor mãe do mundo para o Luiz. Antirracista e antifascista.

4 comentários

  1. Não sei se pelo fato de ser a terceira adaptação, mas esse filme não me pegou muito. As categorias técnicas onde ele disputa o Oscar são suficientes. Mas é impressionante como podemos tirar novos olhares sobre as guerras mundiais.

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    1. Verdade, né? A Primeira Guerra já acabou há mais de 100 anos e seguimos falando sobre ela, sempre podendo trazer um novo olhar. O mesmo com a Segunda Guerra, o Holocausto, e acho que acontecerá também com a pandemia, daqui a uns anos, que foi como uma guerra. E você viu as outras duas adaptações? Eu tinha lido o livro, mas este foi o primeiro filme adaptado que vi. abração!

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