Algo de bom a esperar da Polícia Federal?

Texto escrito por José de Souza Castro:

O delegado Zampronha, em foto de José Cruz / Agência Brasil

O delegado da Polícia Federal Luiz Flávio Zampronha foi nomeado pelo novo diretor-geral, Paulo Maiurino, para a diretoria da PF que cuida de casos de corrupção e organização criminosa. Não deixa de ser uma boa surpresa para mim, que durante anos utilizei denúncias feitas por Zampronha como base para artigos que publiquei na Internet, confiando na veracidade de seus relatórios que atingiam políticos tanto do PT como do PSDB.

Um desses artigos pode ser lido na página 121 do livro “A Mosca do Aécio Neves”, disponível na biblioteca deste blog. Outro foi publicado no Tamos com Raiva, primeiro blog de minha filha Cristina, e que pode ser lido AQUI com o título “Quem deu a Azeredo o dinheiro da Cemig”. Zampronha dirigiu as investigações sobre o chamado Mensalão Tucano, crime ocorrido durante a campanha de reeleição do governador tucano Eduardo Azeredo.

Outro artigo mais antigo, de setembro de 2007, que publiquei no Observatório da Imprensa, tinha como título “Rastreamento de dinheiro leva o ninho tucano” e, como lide:

“Políticos e seus assessores nas campanhas eleitorais devem estar debruçados sobre o relatório de 172 páginas datado de 4 de julho passado e assinado pelo delegado Luís Flávio Zampronha de Oliveira, da Polícia Federal, mas que só veio a público graças ao Consultor Jurídico). Os políticos espertos estarão em busca das falhas da campanha de reeleição do governador Eduardo Azeredo, em 1998. Falhas que possibilitaram o indiciamento em crimes de peculato de Marcos Valério e seus sócios nas empresas de publicidade SMP&B e DNA e de presidentes e diretores de estatais mineiras importantes, além de alguns de seus assessores de imprensa, que começaram a carreira em jornais mineiros e em sucursais de jornais de outros estados.”

Conforme a coluna Painel publicada nesta quinta-feira pela “Folha de S.Paulo” o delegado Zampronha é visto internamente como pouco suscetível à pressão. E acrescenta:

“Na operação Spoofing, que mirou o roubo por hackers das mensagens da Lava Jato, mesmo sob pressão indireta de Sergio Moro e bolsonaristas, o policial decidiu não investigar o jornalista Glenn Greenwald, que publicou os diálogos, e concluiu que ele não participou do roubo. O Ministério Público denunciou o jornalista.”

O título deste Painel editado por Camila Mattoso é este: “Novo chefe da PF confirma delegado do mensalão do PT e mais dois integrantes da equipe”.

Esses dois escolhidos pelo novo diretor-geral da PF são os delegados Oswaldo Gomide, na DGP (Diretoria de Gestão de Pessoal), e Marcelo Andrade como chefe de gabinete de Maiurino.

O primeiro atuou por muito tempo na CGPRE (Coordenação-Geral de Polícia de Repressão a Drogas). Já Marcelo Andrade, “assim como Maiurino, tem histórico de atuação fora da corporação, em cargos em órgãos do Poder Judiciário como o Conselho Nacional de Justiça”.

Não conheço o trabalho desses dois. Só me resta esperar que surpreendam como uma boa escolha, feita por um diretor de quem, confesso, nada esperava de bom. Não propriamente por Maiurino, que também não conheço, mas pelos que o escolheram para dirigir a Polícia Federal neste restante do governo Bolsonaro.


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Por José de Souza Castro

Jornalista mineiro, desde 1972, com passagem – como repórter, redator, editor, chefe de reportagem ou chefe de redação – pelo Jornal do Brasil (16 anos), Estado de Minas (1), O Globo (2), Rádio Alvorada (8) e Hoje em Dia (1). É autor de vários livros e coautor do Blog da Kikacastro, ao lado da filha.

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