Diante de tanta tristeza e revolta causadas pelo crime da Vale em Brumadinho (isso para não falar de Mariana), muitas vezes, nos faltam palavras. Sobram informações no noticiário, e a gente vai até se perdendo, diante de tantas notícias. O jornalismo, nessas horas, sozinho, não dá conta de abarcar todo o nosso sentimento. É aí que entram os poemas, tão eloquentes, por mais curtos que sejam. Poemas nos ajudam a extravasar nossas emoções. É por isso que, pela terceira vez desde a chamada “tragédia de Brumadinho”, em menos de um mês, publico aqui um poema que diz mais do que muito textão junto. Este foi escrito e enviado para publicação no blog pelo leitor Carlos Seixas, que é um funcionário público de 58 anos, natural de Manaus e que hoje mora no Recife (PE). Boa leitura:
PARAOBEPA
De Carlos Seixas
rio, vivo da vida
hoje, vivo da lama
chamam-me
rio de lama
chama apagada
depois da enxurrada
de jeito
desceu rejeito
levando vidas
deixando lágrimas
påginas soterradas
onde havia terra e mata
não há mais nada
odor de dor
é o que há
esta dor
após a tempestade
não tem bonança
só o respiro do amor
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Leia também:
- Poema “Escolha Humana”, de Beto Trajano
- Poema “Brumadinho (ou: o segundo crime da Vale)”, se minha autoria
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Uma fala dita pelo presidente da Vale e de até alguns jornalista me causa, no minimo estranheza. A fala é “Mariana foi uma tragedia ambiental maior, Brumadinho foi uma tragedia humana maior”. Vivemos em um espaço, esse espaço é o nosso meio ambiente, então tudo que acontece no meio ambiente acaba afetando a todos nós. Então não existe tragedia ambiental ou humana. Os dois massacres são terríveis na mesma proporção. Em Brumadinho o número de vidas humanas que tiveram fim foi maior. Isso causa uma comoção maior, pois atingiu nossa especie. Somos parte do meio ambiente e não maiores do que ele. Não somos o centro do universo. No fim vidas humanas foram tiradas, rios foram mortos e animais massacrados. Tudo na mesma proporção.
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Belo comentário, Gustavo! É isso aí.
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“Somos parte do meio ambiente e não maiores do que ele”.
Esse comentário deveria ir pra capa de jornal!
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Verdade!
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