Toda mãe acredita em bicho-papão. Você não?

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Antes de virar mãe, eu achava que só algumas crianças pequenas acreditavam em bicho-papão. Aquele ser abominável e monstruoso que se esconde debaixo da cama, ou dentro do armário, para assustar os pimpolhos durante a noite.

Mas, uma vez mãe, descobri que ele não ataca as criancinhas: seu alvo preferencial somos nós.

Ou melhor: ele ataca NOSSAS criancinhas, mas para NOS assustar.

E se disfarça de várias aparências abomináveis e monstruosas, dependendo da época do ano. Por exemplo, na época das chuvas de verão, ele tem longas e finas pernas e o corpo preto com manchas brancas. Atende pelo nome de Aedes aegypti e causa doenças horrorosas, como febre amarela, dengue, zika e chikungunya. Se isso não é um monstro, não sei mais o que é:

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Nesta última semana, voltou à tona outro monstro tenebroso, comum na época de estiagem, um bicho-papão que andava esquecido desde 2014, quando fizera sua última vítima fatal. Ele tem oito patas e se alimenta do sangue e da linfa do hospedeiro. Atende pelo nome de carrapato-estrela e transmite uma doença gravíssima chamada febre maculosa. Nojento:

Foto: Dr. Christopher Paddock/ James Gathany / Domínio Público
Foto: Dr. Christopher Paddock/ James Gathany / Domínio Público

O bicho-papão também pode assumir outros nomes, tamanhos e formatos. Mas ele sempre tem um objetivo: machucar nossos filhos. E isso nos gera imensa preocupação. Quando li a notícia da morte do menino Thales, de 10 anos, ignorei os dados e estatísticas, que mostram que esta é uma doença extremamente rara. Meu coração de mãe estava com MEDO, como só os bichos-papões sabem nos deixar – e saí procurando, irracionalmente, por picadas de carrapatos no corpinho do meu bebê de 9 meses. Como tínhamos passeado na roça no fim de semana, onde há circulação não de capivaras, mas sim de cavalos, aves e cachorros (que são os maiores hospedeiros do carrapato-estrela), meu medo apertou ainda mais.

Por fim, encontrei três picadinhas na perna do Luiz. E agora? Seriam de carrapato ou de pernilongo? Fiquei aflita, pensando em tudo o que sempre fazemos para proteger nosso filho o tempo todo, para evitar quedas, acidentes, intoxicações e outros males, e em como, ao mesmo tempo, somos vulneráveis a esses bichinhos minúsculos e perigosos, que podem estar em literalmente todo lugar. Como podemos nos proteger dessas feras? Com rezas?!

Coloquei a mão na testa do Luiz e, em resposta, ele me abriu um sorrisão. Sorri junto: “É, meu amor. Mamãe está assustada à toa. Você não tem nada de errado…”.

(Mas, por via das dúvidas, troquei o lençol e fechei bem o cortinado do berço antes de ir dormir. Nunca se sabe em qual cantinho escuro do quarto pode estar escondido o bicho-papão da vez…)

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Por Cristina Moreno de Castro (kikacastro)

Mineira de Beagá, escritora, jornalista (passagem por Folha de S.Paulo, g1, TV Globo, O Tempo etc), blogueira há mais de 20 anos, amante dos livros, cinéfila, blueseira, atleticana, politizada, otimista, aprendendo desde 2015 a ser a melhor mãe do mundo para o Luiz. Autora dos livros A Vaga é Sua (Publifolha, 2010) e (Con)vivências (edição de autor, 2025). Antirracista e antifascista.

2 comments

  1. Sem contar com os monstros invisíveis que causam dor de barriga nas nossas crianças por alguma ansiedade – sim elas também podem sofrer desses males…
    Nosso desejo é o de termos o poder de protegê-los sempre e, pelo que vejo nas mães com muito mais tempo de estrada, é um desejo para filhos de todas as idades.
    Beijos pra você e para o Luiz!

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