Lula desabafa em discurso de posse de Magda Chambriard na Petrobras

A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, recebe o crachá do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, no dia da posse. Foto: Rafa Pereira / Petrobras
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, recebe o crachá do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, no dia da posse. Foto: Rafa Pereira / Petrobras

Texto escrito por José de Souza Castro:

O presidente Lula fez um discurso de desabafo durante a posse de Magda Chambriard, na última quarta-feira (19), na presidência da Petrobras. A Operação Lava Jato, disse, foi uma “praga de gafanhotos”, que prejudicou a realização de grandes feitos na mais importante empresa brasileira.

“Com o falso argumento de combater a corrupção, a operação Lava Jato mirava, na verdade, o desmonte e a privatização da Petrobras. Se o objetivo fosse, de fato, combater a corrupção, que se punisse os corruptos, deixando intacto o patrimônio do nosso povo”, argumentou. 

Para o presidente, o que queriam mesmo “era entregar esse extraordinário patrimônio nas mãos de petrolíferas estrangeiras”. “Isso era o que estava por detrás de tudo isso. Era tentar o desmonte, era tentar desfazer. Quando eles não conseguiram, eles começaram a vender fatias“, disse.

Segundo Lula, seu governo responde aos que não entenderam o papel estratégico da Petrobras e tentaram dilapidar seu patrimônio. A empresa fará investimentos e retomará projetos considerados cruciais para a segurança energética do país. Citou como exemplos a produção de gás natural e de fertilizantes.

“Interromper o investimento em gás natural e fertilizantes, assim como vender nossas refinarias, foi um dos grandes retrocessos dos que governaram o país entre o golpe que destruiu o governo da presidente Dilma Rousseff e nosso retorno ao governo”, criticou.

“Voltamos a investir em ambos, no refino e na produção de gás natural, visando inclusive a integração gasífera da nossa querida América do Sul”, disse.

Magda Chambriard exerce a presidência da Petrobras há quase um mês, pois assumiu no dia 24 de maio, depois de chancelada pelo Conselho de Administração da companhia. Ela substitui Jean Paul Prates, demitido do cargo depois de um processo de fritura e desgaste dentro do governo.

A cerimônia na sede da Petrobras foi mera formalidade, mas ganhou significado maior, pois pela primeira vez em 12 anos um presidente da República participou da posse de um CEO da estatal.

Outro sinal de prestígio de prestígio de Magda foi a presença de sete ministros, incluindo Fernando Haddad (Fazenda), Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Rui Costa (Casa Civil). Esses dois últimos são apontados como pivôs da queda de Prates.

Lula também criticou privatização da Vale

Lula aproveitou a ocasião para criticar também a privatização da Vale e da Eletrobras no governo anterior. “A gente poderia ter aqui do nosso lado a Vale, que foi privatizada e foi rifada por 899 mil pequenos fundos em que você não tem um dono para você conversar”, disse.

Conversar, por exemplo, sobre a indenização às famílias atingidas pelos rompimentos das barragens em Mariana e Brumadinho, em Minas Gerais. Lula criticou o processo de indenização às famílias atingidas pelo rompimento das barragens. Esclareceu:

“Quando eu digo que você não tem um dono para conversar, é porque desde Mariana e Brumadinho, com o desastre das barragens, até hoje, não foi paga a indenização daquele povo que está esperando uma casa e o ressarcimento do estrago”, afirmou.

A Vale passou por um 2º processo de privatização no governo Bolsonaro, quando o ministro da Economia, Paulo Guedes, reduziu a participação do governo nas ações da mineradora de 26,5% para 8,6%.

Com isso, a Vale se tornou uma corporation, ou seja, uma empresa de controle privado, com capital diluído no mercado. Por isso, Lula fracassou quando tentou colocar o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega no comando da Vale. É longo o caminho do governo Lula para corrigir todos os erros do passado.

Magda defende exploração da Margem Equatorial

Em seu discurso, que pode ser lido na íntegra no portal da Petrobras, Magda Chambriard ressaltou a importância de repor reservas de petróleo e gás natural para garantir a segurança energética nacional durante a transição energética.

“É fundamental desenvolver nossas fronteiras exploratórias, como as da Margem Equatorial e do Sul do Brasil, sempre com rigorosos padrões de segurança, em absoluta conformidade com a legislação ambiental e com os processos de licenciamento”, disse.

O ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira, endossou o posicionamento de Magda e defendeu que seja encontrada, por meio do diálogo, uma solução para o licenciamento do projeto da Petrobras em águas profundas do Amapá, que já foi negada pela área ambiental do governo. “A pesquisa da Margem Equatorial é uma questão de soberania nacional e responsabilidade com os brasileiros”, disse Silveira.

Magda também informou em seu discurso que, além dela, a diretoria da Petrobras terá mais duas mulheres vindas dos quadros da empresa: Renata Baruzzi na diretoria de Engenharia, Tecnologia e Inovação e Sylvia Anjos na diretoria de E&P. Outro diretor anunciado é Fernando Melgarejo, executivo do Banco do Brasil, indicado para a diretoria Financeira.

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Por José de Souza Castro

Jornalista mineiro, desde 1972, com passagem – como repórter, redator, editor, chefe de reportagem ou chefe de redação – pelo Jornal do Brasil (16 anos), Estado de Minas (1), O Globo (2), Rádio Alvorada (8) e Hoje em Dia (1). É autor de vários livros e coautor do Blog da Kikacastro, ao lado da filha.

4 comentários

  1. Ficou faltando nesse artigo indicar uma fonte onde o leitor possa ouvir a íntegra do discurso de Lula que, evidentemente, não se limitou a um desabafo contra os que quiseram destruir a Petrobras. Foi também uma mensagem de esperança no futuro da empresa e do Brasil. Os interessados podem ouvir aqui: https://www.youtube.com/watch?v=JvEI7ZWjGHs

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    1. Muito bom! Pena que a chamada “grande imprensa” não repercute essas coisas. Qualquer abobrinha que o Bolsonaro falava saía em todo canto, mas mensagens de esperança do Lula são ignoradas. Enquanto isso, a “Folha” faz uma matéria em tom de denúncia contra ele só porque ele se vacinou contra a dengue em rede privada. É cada uma! Escrevi sobre isso ontem: https://www.linkedin.com/feed/update/urn:li:activity:7209920684850896897/

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  2. E o que a Cris escreveu no Linkedin teve muitos comentários, todos de profissionais da área da comunicação, a maioria jornalistas em atividade. E nenhum criticando a percepção da colega sobre a impropriedade, na melhor das hipóteses, da reportagem da Folha.

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  3. “A Shell acredita no potencial geológico da Margem Equatorial. Olhando o que está acontecendo na Guiana, que teve crescimento de PIB de 58% no ano passado por causa do desenvolvimento da indústria de exploração e produção, no Suriname e na costa da África, que é tudo parte da Margem Equatorial também, a indústria acredita nesse potencial geológico e a Shell corrobora com essa visão”, afirmou. O presidente da petroleira britânica no Brasil acredita que a decisão de conceder a licença para pesquisas na região será “uma das decisões mais estratégicas na área de energia que este governo precisará…

    Leia mais no texto original: (https://www.poder360.com.br/poder-energia/shell-ve-potencial-na-margem-equatorial-e-quer-ampliar-atuacao-no-pais/)

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