‘O país das mulheres’: uma utopia satírica e feminista

Ilustração de capa do livro 'O País das Mulheres', de Gioconda Belli.
Ilustração de capa do livro 'O País das Mulheres', de Gioconda Belli.

O livro “O País das Mulheres“, da nicaraguense Gioconda Belli, é uma utopia sarcástica sobre um país – o fictício Fáguas – que, depois de décadas sendo governado por homens corruptos e incompetentes, acaba elegendo as mulheres do PEE (Partido da Esquerda Erótica), lideradas pela jornalista Viviana Sansón.

Entre as medidas implementadas pelas mulheres do PEE na gestão desse país estão a remoção de todos os homens dos cargos públicos e pagamento de salário, por seis meses, para que assumam os trabalhos domésticos e cuidados com os filhos.

Outras medidas envolvem a criação de creches comunitárias, concursos para regiões mais limpas da cidade, incentivo da produção de flores, e punições severas (para dizer o mínimo) contra abusadores de mulheres.

Todas essas medidas vão sendo reveladas aos poucos, ao longo das quase 400 páginas, em uma narrativa que não segue uma ordem cronológica. Ora se passa na memória de Viviana, que entra em coma logo no começo da trama, ora se passa no mundo do lado de fora do hospital, entre o passado e o presente.

As narrativas são intercaladas entre as várias vozes das protagonistas femininas, e às vezes cortadas por “documentos históricos”, como atas de reunião, reportagens ou depoimentos.

E assim, aos poucos, e de forma nada linear, vamos conhecendo mais a fundo a forma de pensar de Viviana e suas amigas idealistas e feministas e a utopia que elas criaram em tempo recorde naquele minúsculo país.

Um trechinho, na página 139, me chamou a atenção por explicar a filosofia por trás das ações e ideias do PEE: o “felicismo“. “A felicidade per capita, e não o crescimento do produto interno bruto como eixo do desenvolvimento.”

Clique para ler maior.

Que bom seria um mundo assim, hein? Mas não pensem que tudo o que essas mulheres fazem é perfeito. Tem muita coisa questionável ou simplesmente ruim (por mais bem intencionada que seja). E aí entra o lado satírico da obra de Gioconda, que não pretende ser uma cartilha de mundo, mas muito mais uma reflexão – por vezes leve, por vezes dramática – sobre as várias possibilidades de sociedade que poderiam existir se houvesse mais espaço para as mulheres, se o mundo fosse mais igualitário.

Minha amiga Carol, que me presenteou com esta pérola de livro no meu último aniversário, escreveu no cartão que veio junto: “Que as mulheres deste livro te façam rir, se inspirar e reconhecer a grande mulher que você é!”

Não sei quanto à última parte, mas, sem dúvida, elas me divertiram e me inspiraram em vários momentos 🙂

Capa do livro O País das Mulheres, de Gioconda Belli“O País das Mulheres”
Gioconda Belli
ed. Rosa dos Tempos
383 páginas
R$ 51,68 na Amazon (preço consultado na data do post; sujeito a alterações)

 


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Por Cristina Moreno de Castro (kikacastro)

Mineira de Beagá, jornalista (passagem por Folha de S.Paulo, g1 e TV Globo, UOL, O Tempo etc), blogueira há 20 anos, amante dos livros, poeta, cinéfila, blueseira, atleticana, politizada, otimista, aprendendo desde 2015 a ser a melhor mãe do mundo para o Luiz. Antirracista e antifascista.

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