- Texto escrito por Cristina Moreno de Castro
Comecei a aceitar a publicação de posts patrocinados, ou publieditoriais, aqui no blog em 2019. Ou seja, há seis anos. E, no entanto, só publiquei 5 posts desse tipo em todo esse tempo.
Por quê?
Porque:
- este blog é mais um hobby do que minha fonte de renda.
- e eu só aceito publicar conteúdos patrocinados aqui no blog se TODAS as minhas exigências forem respeitadas pelo anunciante.
Afinal, quais são minhas exigências para publicar um post patrocinado?
Não são tantas assim. Na verdade, minha principal exigência é bem simples: em nome da transparência com os leitores, eu só publico esse tipo de post deixando bem claro que se trata de um publi – ou seja, de que recebi dinheiro para colocá-lo no blog, ao contrário de todos os outros textos que eu mesma escrevi e que eu publico aqui por livre e espontânea vontade. Então:
1- Em todos os posts desse tipo eu coloco, bem no alto, a tarja destacando se tratar de um conteúdo patrocinado:
2- Todos esses posts saem exclusivamente na editoria Publieditorial.
3- E todos eles também recebem uma tag de publieditorial.
Além disso, não publico assuntos sensíveis ao blog, que ferem minha política editorial. Isso inclui apostas, jogos online, cassinos, conteúdos que incitem a violência, que sejam discriminatórios ou pornográficos. Vocês NUNCA vão ver um post aqui defendendo o bolsonarismo, por exemplo, mesmo que me ofereçam uma bolada por ele.
Bem simples, não é? Só que não: 99,99% dos anunciantes que enviam textos para os blogs publicarem fazem questão que os blogueiros ESCONDAM de seu público que aquilo é um conteúdo patrocinado, que receberam para publicar aquele texto. Vocês, leitores, ficam consumindo gato por lebre todo dia.
Por que acho importante deixar claro quando um post é patrocinado?
Só que eu considero essa prática antiética e prejudicial. Quando vocês virem eu recomendando um filme, um livro, um restaurante ou um passeio turístico aqui no meu blog, quero que saibam que minha recomendação é genuína, que não recebi nem um centavo para escrever aquela crítica ou elogio. Meu critério aqui no meu blog é puramente jornalístico: informação, análise, opinião e experiência.
Como jornalista, isso me interessa muito, porque é uma questão de credibilidade. Vocês NUNCA verão meu nome associado a uma marca, de forma publicitária, a menos que isso seja explicitado.
O problema é que esse “mercado” está muito contaminado. A cada 100 recusas minhas de postar um conteúdo patrocinado “escondido”, dando a entender aos leitores que é um conteúdo meu, outros 100.000 blogueiros (e até portais de notícia) topam fazer isso. Como meu blog está longe de ser o mais lido do mundo (não deve ser nem o mais lido do meu bairro), o pessoal continua com a mesma prática espúria – sem minha participação – e pronto.
E eu continuo recusando um pedido de publi atrás do outro. Mas o que mais me irrita não é nem os proponentes, que me procuram, discordarem da minha política. O que me irrita mesmo é como eles tentam me fazer de besta.
Exemplos de como o ‘mercado dos publis’ funciona
Vou dar 4 exemplos reais, que aconteceram comigo nos últimos meses:
1) Nem leu o que mandei
- Um proponente me perguntou se aceito publicar artigos, perguntou quanto é etc.
- Eu respondi com o valor e acrescentei: “Para mim é essencial conter a tarja de post patrocinado, porque acho importante ser transparente com os leitores do blog. O modelo é este: https://kikacastro.com.br/2019/06/06/publieditorial-hospedagem-wordpress”
- Ele respondeu o seguinte: “Pode confirmar que os artigos serão publicados permanentemente, NÃO marcados como patrocinados e com links Dofollow?”
- Eu, já sem paciência: “Como eu disse no email anterior, eles são, SIM, marcados como patrocinados no meu blog. Enviei até mesmo o modelo.”
2) Do tipo que me enrola
- O proponente mandou um primeiro email perguntando se aceito publicar artigo sobre o dia dos namorados.
- Respondi: “Eu publico artigos enviados por leitores, como contos, poemas etc. Mas todos os demais posts do blog são escritos por mim, e prefiro manter assim. Se tiver interesse em um publi, já fiz duas vezes, mas é pago e sai com o aviso de que é conteúdo patrocinado, ok?”
- E ele voltou com 4 perguntas, sendo que uma delas é: “Não haverá tags “Patrocinado”, “Pago”, “Advertorial” ou semelhantes no artigo?”
- Respondi, já sem paciência: “Como falei no último email, meu formato de post de publieditorial é aquele que te mandei. Vem sim escrito que se trata de um publi, tanto no título quanto na tarja. Acho importante a transparência com o leitor.“
3) Ignora minha condição
- A outra, de uma grande agência, entrou em contato para saber as condições para uma matéria paga no meu blog.
- Respondi com o valor e minha única condição até aquele momento: “Para mim é essencial conter a tarja de post patrocinado, porque acho importante ser transparente com os leitores do blog. O modelo é este: https://kikacastro.com.br/2019/06/06/publieditorial-hospedagem-wordpress”
- Ela respondeu ignorando minha única condição: “Então, nossos conteúdos não podem ter nenhuma tag de publieditorial, patrocinado e etc. (as últimas atualizações do Google estão tirando a relevância de conteúdos explicitamente pagos).”
- Nem respondi.
4) O fim da picada
- Esta foi uma das piores. Me mandou email em inglês para saber as condições do chamado “guest post”.
- Respondi com um email enorme, listando 7 condições (a esta altura, estava recebendo tantas propostas que resolvi criar um email bonitinho, já explicando todas as dúvidas, pra facilitar).
- Adivinhem qual foi minha PRIMEIRÍSSIMA condição na lista? “1- The posts must be identified as sponsored posts. They must follow the following format, including a banner explaining to readers, in a transparent manner, that they are advertorials: https://kikacastro.com.br/2019/06/06/publieditorial-hospedagem-wordpress”.
- Ela respondeu fazendo várias perguntas que já estavam respondidas no meu email dos 7 tópicos.
- Respondi a ela, de novo, uma por uma dessas perguntas, e ainda acrescentei, só porque sou bem calejada: “It is important to reinforce what I said in my first email: that I only publish guest posts making it clear to the reader, very transparently, that it is a guest post. To do this, I use a banner and a tag, as in the example I sent in the other email.”
- O que ela respondeu no email seguinte? Um monte de coisas e esta frase ESPANTOSA no fim do email: “Please don’t mention any sponsored or contributor tag in the post because this type of post is not accepted“.
- Respondi, bravíssima, perguntando se ela tinha se dado ao trabalho de ler meus emails anteriores e falando que eu não poderia seguir com a parceria porque esta exigência dela, como eu já disse mil vezes, fere minha principal condição.
Modus operandi para fazer a blogueira de besta
Deu pra entender, né? O modus operandi é sempre o mesmo:
- os proponentes me procuram pra saber minhas condições,
- eu respondo listando todas elas e frisando que a transparência é a principal,
- eles fingem que estão de acordo, às vezes negociam alguma coisa, rolam mais trocas de emails,
- quando a gente está quase fechando a parceria, eles mandam um email do tipo “só pra não esquecer, não pode dizer que é post patrocinado”.
- E eu, irritadíssima, respondo que nos meus mil emails anteriores eu tinha deixado claro que esta era minha principal condição, logo, não vou mais publicar porcaria nenhuma.
- E fim.
E é por isso que só publiquei 5 guest posts em seis anos. Porque não gosto de ser feita de idiota. Porque respeito muito meus leitores. E porque este blog é muito importante para mim.
Você ME PROCUROU porque quer publicar um conteúdo patrocinado aqui no MEU blog? Então, por favor, RESPEITE as MINHAS condições 😉
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Nossa, Kika, meus parabéns por este conteúdo. Também sou jornalista, vi seu post no Linkedin e vim correndo conhecer seu blog e ler na íntegra o conteúdo. Estou considerando explorar a área de RP na minha empresa de marketing e foi muito bom conhecer um pouco mais dessas práticas por meio do seu alerta. Um abraço, Flávia
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Obrigada pela leitura e por ter buscado se aprofundar, Flávia. Fico feliz com isso. Torço para que essa prática logo deixe de existir. Se deixar de ser oferecida e aceita, uma hora ela morre, né. Grande abraço
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