É comum vermos no LinkedIn uma pessoa se queixando de como foi tratada com descaso em um processo seletivo, ou como enviou currículo para vários lugares e foi ignorada etc. Mas e o contrário, será que acontece também?
Neste 18 de agosto, quando se celebra o Dia do Estagiário, resolvi compartilhar uma experiência que aconteceu comigo no ano passado, quando eu estava na posição de recrutadora, para ajudar a trazer uma reflexão para quem está no começo da carreira, em busca do primeiro estágio.
Eu estava em busca de um estagiário para a minha equipe. Fui procurar entre professores de faculdades de jornalismo, que são os que melhor conhecem os estudantes, sabem quem está procurando/precisando e quem tem potencial para a vaga. Surgiram alguns nomes, contatei todos eles, vi todos os currículos (que, a esta altura da vida, ainda não têm muito a mostrar), pedi textos de exemplo, li cada um deles, marquei conversas presenciais.
Depois de todo esse longo processo seletivo (que é trabalhoso de fazer, tá, gente?), confirmamos a vaga com um dos candidatos, que parecia o mais entusiasmado – característica que acho uma das mais importantes para qualquer candidato a uma vaga de emprego, em qualquer fase da vida.
Deixei tudo acertadinho com ele. Detalhe: fiz tudo isso com mais de um mês de antecedência para o início do estágio, justamente para não ter correrias de última hora, e para ajudar os candidatos a se organizarem também.
Eis que, faltando duas semanas para ele assumir o posto, a funcionária do RH entra em contato com o jovem para formalizar sua contratação e ele não atende. Ela liga, manda mensagem, insiste dia após dia – e nada. Ele sumiu.
Ela me pede ajuda, eu faço o mesmo, mas minhas mensagens também são ignoradas. Depois de uma semana de tentativas, ela resolve ligar para ele de um número diferente, que agora ele atende, e acaba admitindo: “Surgiu outro processo seletivo”.
Nisso faltavam só 10 dias para o início do estágio, aquele para o qual eu tinha tido o cuidado de fazer uma seleção com calma e antecedência. Mandei uma mensagem a ele perguntando se era verdade que estava em outro processo seletivo e se ele tinha desistido da vaga. Ele só me respondeu oito horas depois, e ainda pedindo mais uma semana para me dar uma resposta final.
Declinei. Por duas razões: uma que meu prazo já estava se esgotando e, se ele não fosse mesmo querer a vaga, eu tinha que ter tempo hábil pra selecionar outra pessoa – o que não é simples. Mas, principalmente, porque penso que um estudante de jornalismo ainda não tem portfólio ou experiência para mostrar, ainda é uma pessoa em formação, mas profissionalismo e comprometimento a pessoa já pode ter desde a escola.
Como eu disse para ele: não tem problema nenhum ter se encantando por outra vaga no meio do caminho, o problema foi não ter sido transparente comigo sobre isso e não ter tido nem mesmo a gentileza de atender a nossos insistentes contatos.
Se ele tivesse me explicado a situação desde o início, com certeza eu poderia ter pensado em um jeito de me organizar num plano B e ainda garantir um tempo maior para que ele pudesse ter a resposta dele no segundo processo seletivo. Mas ele optou por me deixar na mão antes mesmo de integrar minha equipe.
Que este episódio tenha servido de aprendizado para este rapaz, desde antes de ele assumir seu primeiro estágio. Não façam isso, jovens. Fechar uma porta desse jeito é muito ruim, porque nem sempre teremos, depois, a chave para abri-la de novo.

P.S. Como escrevi lá no meu LinkedIn: até gosto de gestão de pessoas. Já pude ajudar e fazer a diferença na vida de muitos colegas, em várias fases da carreira, e isso é o melhor de estar em cargos de liderança. Mas, desde o ano passado, pouco depois desse relato que trago hoje para o blog, resolvi não trabalhar mais com coordenação de equipes. Cansei, rs 😀
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