Kramp, de María José Ferrada: leia minha resenha do livro

Ilustração na capa da edição italiana do livro Kramp, de María José Ferrada, que achei mais legal do que a capa da versão brasileira.
Ilustração na capa da edição italiana do livro Kramp, de María José Ferrada, que achei mais legal do que a capa da versão brasileira.

Kramp é um daqueles livros em que o narrador, em primeira pessoa (no caso, a narradora), é uma criança. E em que a perspectiva infantil traz leveza a um contexto que, se fosse narrado por um adulto, seria bem mais brutal. Outros livros que fizeram o mesmo foram O Sol é para Todos, Festa no Covil, Anos de Chumbo, A Vida Pela Frente e O Bom Ladrão, por exemplo.

No caso de Kramp, os pais da narradora se casam em novembro de 1973 e a história se passa quando ela tem entre 6 e 9 anos, mais ou menos. Ou seja, temos um período bem delimitado de tempo: a ditadura militar sangrenta do Chile.

E é essa barbárie que será amenizada pelo olhar da criança, mas não só ela. O abandono da mãe, que entra numa depressão profunda (mais para o fim descobriremos por quê) e a criação “inconsequente” do pai também ganham contornos de contos de fadas pela perspectiva da narradora.

Ela passa a acompanhar e desejar a companhia do pai e seus amigos, caixeiros-viajantes bufões, que se tornam sua família, em uma road trip regada a cigarros, álcool e a esquemas para garantir a sobrevivência de todos.

Essa experiência, embora pudesse ser apenas traumática, constrói a personalidade da garotinha, que anseia pelos momentos cheios de afeto junto a seu pai e aos outros personagens da história – todos identificados apenas pela primeira letra de seus nomes, como se precisassem ter sua identidade preservada, sendo a única exceção o “fantasma” da história, o nome e sobrenome que dá forma concreta aos atravessamentos da ditadura na vida daquela família.

Enfim, é um livro curtinho, de menos de 100 páginas, mas muito rico em histórias e em despertar reflexões e propósitos na gente.

Até a mensagem da última página, aquela normalmente reservada apenas a falar qual foi a gráfica que imprimiu a obra, e qual fonte tipográfica foi usada, trouxe um pitaco politizado para nós:

Última página do livro Kramp.

Afinal, como bem sabemos, “a história se repete, seja como tragédia ou como farsa“.

 

Capa do livro Kramp, de María José Ferrada.“Kramp”
María José Ferrada
ed. Moinhos
88 páginas
R$ 48 na Amazon (preço consultado na data do post; sujeito a alterações)

 

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Por Cristina Moreno de Castro (kikacastro)

Mineira de Beagá, escritora, jornalista (passagem por Folha de S.Paulo, g1, TV Globo, O Tempo etc), blogueira há mais de 20 anos, amante dos livros, cinéfila, blueseira, atleticana, politizada, otimista, aprendendo desde 2015 a ser a melhor mãe do mundo para o Luiz. Autora dos livros A Vaga é Sua (Publifolha, 2010) e (Con)vivências (edição de autor, 2025). Antirracista e antifascista.

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