Posse de Trump, Ainda Estou Aqui e o fim do assombro

Donald Trump no dia da posse como presidente dos Estados Unidos. Foto: GPO/ Fotos Públicas - 20.1.2025
Donald Trump no dia da posse como presidente dos Estados Unidos. Foto: GPO/ Fotos Públicas - 20.1.2025

Texto escrito por José de Souza Castro:

Um candidato a dono do mundo. Esse é o título desta quinta-feira (23) do artigo de Acílio Lara Resende no jornal “O Tempo”. Era também a impressão que tive no dia da posse de Trump no governo dos Estados Unidos, com os decretos presidenciais que prometiam fazer grande de novo o seu país à custa do resto do mundo.

Passados apenas três dias desse sonho trumpiano, é possível que ele tenha acordado. Pelo menos, acordamos os que se assombravam por tal pesadelo.

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Já não me assombra. Uma ducha, logo de manhã, lavou-me a alma: a indicação a três prêmios no Oscar deste ano para “Ainda Estou Aqui“: Melhor Filme, Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Atriz, Fernanda Torres.

Ora, o Brasil, tão desprezado por Trump, assume a ribalta, na produção artística mundial.

Fernanda Torres na cena do filme "Ainda Estou Aqui" (2024). Na foto da direita, a Eunice Paiva de verdade, em 1996, aliviada por ter finalmente obtido o atestado de óbito de Rubens Paiva, assassinado durante a ditadura militar, em 1971.
Fernanda Torres na cena do filme “Ainda Estou Aqui” (2024). Na foto da direita, a Eunice Paiva de verdade, em 1996, aliviada por ter finalmente obtido o atestado de óbito de Rubens Paiva, assassinado durante a ditadura militar, em 1971.

O primeiro artigo que li em seguida, na “Folha de S.Paulo”, era assinado por Conrado Hübner Mendes. Começa dizendo:

“A reeleição de Trump dispara muitos alarmes na precária democracia norte-americana e no mundo. Apreensão com clima, saúde, transição energética, desigualdade, hegemonia plutocrática, corrupção, governança global multilateral e decência humanitária chegou a outro patamar.

Se a credencial democrática já era duvidosa em país com sistema eleitoral que suprime voto de parte do povo e poder corporativo ilimitado para influenciar eleições e políticas públicas (financiando ambos os lados), agora a ciência política pode se sentir mais confortável para classificar o regime de “autoritarismo competitivo”.

A última dúvida é saber como vão funcionar os “freios e contrapesos”. Sabe-se que Trump tem hoje mais capacidade para barbarizar. Tem maioria nas duas casas do Congresso, a Suprema Corte foi convertida ao servilismo anticonstitucional já no primeiro mandato e se esmera em revogar sua jurisprudência das liberdades civis.”

A esperança, acrescenta o autor, é que sobra alguma autonomia nos judiciários estaduais e federal, e nos governos subnacionais.

Não faltam, por exemplo, ações propostas nesses judiciários contra um dos decretos de Trump que afrontam a Constituição: proibir que filhos de imigrantes nascidos nos Estados Unidos tenham cidadania automática. Hoje mesmo, um juiz de Seattle, John Coughenour, bloqueou o decreto. Grupos civis e procuradores-gerais de 22 estados governados por democratas entraram com ações na Justiça.

Pelo jeito, o Dono do Mundo não é o que ele mesmo se achava.

Talvez Sinclair Lewis, que escreveu em 1935 o livro “Não pode acontecer aqui” (It can’t happen here), tenha razão. O livro foi escrito durante a Grande Depressão e ascensão de Hitler. O autor imaginava um presidente eleito na base do medo, do ódio e de grandes soluções patrióticas – e que instala um regime totalitário.

Para evitar tal coisa, no Brasil o Supremo Tribunal Federal deve fazer mais e melhor, diz Conrado Mendes, mas não sozinho e muito menos monocraticamente.

Nisso, volto mais animado ao espírito do filme.

Ainda Estamos Aqui.

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Por José de Souza Castro

Jornalista mineiro, desde 1972, com passagem – como repórter, redator, editor, chefe de reportagem ou chefe de redação – pelo Jornal do Brasil (16 anos), Estado de Minas (1), O Globo (2), Rádio Alvorada (8) e Hoje em Dia (1). É autor de vários livros e coautor do Blog da Kikacastro, ao lado da filha.

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