Texto escrito por José de Souza Castro:
Obviamente, não sou um dos 171 agentes financeiros ouvidos pela pesquisa Focus, cujas previsões serviram de base para a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, de aumentar em um ponto percentual a taxa Selic, hoje em 12,25% ao ano. Decisão que embalou a alta pânica do dólar no Brasil.
Tampouco sou acionista dos bancos aos quais se ligam esses poderosos agentes financeiros que proporcionam aos patrões lucros recordes. Fosse, e eu não estaria comemorando, como estou, alguns números que desmentem aquelas previsões.
Os principais vieram do IBGE, divulgados na última sexta-feira, e que desmentem a disparada da inflação que teria levado o Copom a tentar contê-la via juros altos e a acenar com duas outras altas no primeiro semestre de 2025, para elevar a Selic em mais 2 pontos percentuais.
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), uma prévia da inflação, de dezembro revela que, ao contrário das previsões, houve queda nos preços, e a taxa deve fechar este ano em 4,71%. Ou apenas 0,21% acima da meta. Ou seja, nenhum descontrole a justificar novas altas dos juros.
A alta ainda foi puxada pelo setor de alimentação e bebidas. Com o aumento do consumo no final do ano, os preços tiveram reajuste médio de 1,47%.
Veio também do IBGE uma nova onda de otimismo. O número de empregados chegou a 103,9 milhões, um recorde histórico desde que a pesquisa foi iniciada, em 2012.
Segundo o editor de política da Revista Fórum, Plínio Teodoro, “no penúltimo mês do segundo ano do governo Lula, a taxa de desemprego bateu recorde histórico de 6,1%, o menor da série histórica medida pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – a PNAD Contínua, que foi divulgada nesta sexta-feira”. E prossegue:
“Os dados mostram que no trimestre encerrado em novembro de 2024, o desemprego recuou 0,5 ponto percentual frente ao trimestre de junho a agosto de 2024 (6,6%) e caiu 1,4 ponto ante o mesmo trimestre móvel de 2023 (7,5%).”
No trimestre encerrado em novembro, diz o IBGE, 1,4 milhão de brasileiros conseguiram um emprego. No ano, o número chega a 3,4 milhões. Apesar disso, o número de desempregados em idade de trabalhar está em 6,8 milhões.
Enquanto isso não se resolve, as comemorações prosseguem. A Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop) calcula que o setor vai faturar neste ano R$ 200 bilhões, beneficiado pelo desemprego baixo e ganhos de renda no governo Lula.
Já a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) prevê aumento de 7% nas vendas de Natal, destacando a preferência por produtos nacionais diante do dólar alto.
“Embora o dólar alto possa influenciar os custos de determinados produtos, muitos consumidores já adaptaram seus hábitos, buscando alternativas mais acessíveis ou promovendo maior consumo de produtos nacionais”, afirmou a “O Globo” o presidente da Abrasce, Glauco Humai.
Ou seja, embora boa parte da imprensa econômica dê a entender que há uma escalada de inflação no país que justifique aumento dos juros e explique o pânico das altas do dólar, a verdade é simples: os brasileiros estão mais empregados, comprando mais, os preços estão sob controle e a economia brasileira vai muito bem, obrigado.
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Vejam a felicidade da Folha de S. Paulo, hoje transcrevendo notícia da Reuters:
“O mercado financeiro elevou pela 11ª vez seguida suas projeções para a inflação ao final de 2025, ao mesmo tempo em que também aumentou as expectativas para a taxa básica de juros ao final de 2026, de acordo com a última edição de 2024 do relatório Focus divulgada pelo Banco Central nesta segunda-feira (30).
Segundo o levantamento realizado pelo BC (Banco Central) junto a uma centena de economistas, a previsão para o IPCA ao final do ano que vem agora é de 4,96% ao ano, ante 4,84% na semana anterior, mantendo-se acima do teto da meta, que é de 4,5%.”
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“Mercado financeiro”, este monstro sem rosto.
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