‘Trinta e Poucos’: Antonio Prata transforma TUDO em crônica

Bons cronistas, como Antonio Prata, são capazes de criar boas histórias até sobre um alfinete. Foto: Ju Ostroushko / Unsplash
Bons cronistas, como Antonio Prata, são capazes de criar boas histórias até sobre um alfinete. Foto: Ju Ostroushko / Unsplash

Guarda-chuva, óculos novos, uma meia velha, cebolas refogadas, luzinhas de natal, pêlos nascendo no ouvido, um pet shop, a Copa do Mundo, uma vibração na coxa, o sustinho, a mudança de cor do cabelo, um espermograma, a mecânica de um carro, placas de lanchonetes, uma velha foto de família, a procrastinação, a gostosa do câmera, uma tuba, os meses do ano, as peripécias de um bebê.

Literalmente qualquer coisa pode virar tema de uma crônica de Antonio Prata. Ele é um daqueles seres talentosos que conseguem transformar um alfinete em uma história maravilhosa.

Canal do blog da kikacastro no WhatsApp

Muitas vezes são histórias prosaicas, despretensiosas, que nos fazem rir até pela insignificância do objeto que aparece sob a lupa do autor. Mas não raro ele se aproveita dessa suposta irrelevância para divagar sobre assuntos mais profundos.

Talvez por isso, ele me fez lembrar de outros cronistas maravilhosos que já marcaram a literatura brasileira, como seu ídolo Rubem Braga e meu favorito Paulo Mendes Campos. A diferença é que Antonio Prata traz o olhar agudo desses mestres, e sua narrativa gostosa de ler, num texto perfeitamente bem escrito, mas atualiza os assuntos para os anos 2010, já com nossas loucuras de redes sociais e smartphones vibrando no bolso o dia inteiro.

É sobre isso “Trinta e Poucos“, o primeiro livro de crônicas de quem hoje é o principal cronista em atividade no país. Um livro que reúne os textos publicados na “Folha de S.Paulo” numa época em que o autor que hoje tem 47 anos tinha apenas 30 e poucos (aliás, tem uma crônica sobre ele não saber que idade tem, rs).

Um livro curto, de textos curtos, feitos para caber no escasso espaço de um jornal impresso, que a gente devora facilmente, alternando o riso à reflexão, o “que genial!” ao “que bobo!”, sem perder o encanto pela capacidade que o banal tem de nos surpreender. Mas só nas mãos dos Bragas, Campos e Pratas deste mundo.

Capa do livro Trinta e Poucos, de Antonio PrataTrinta e Poucos
Antônio Prata
Ed. Companhia das Letras
226 páginas
R$ 52,18 na Amazon (preço consultado na data do post, sujeito a alteração)

Leia também:

➡ Quer reproduzir este ou outro conteúdo do meu blog em seu site? Tudo bem!, desde que cite a fonte (texto de Cristina Moreno de Castro, publicado no blog kikacastro.com.br) e coloque um link para o post original, combinado? Se quiser reproduzir o texto em algum livro didático ou outra publicação impressa, por favor, entre em contato para combinar.

➡ Quer receber os novos posts por email? É gratuito! Veja como é simples ASSINAR o blog! Saiba também como ANUNCIAR no blog e como CONTRIBUIR conosco! E, sempre que quiser, ENTRE EM CONTATO 😉

Canal do blog da kikacastro no WhatsApp

Receba novos posts de graça por emailResponda ao censo do Blog da Kikafaceblogttblog


Descubra mais sobre blog da kikacastro

Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.

Avatar de Cristina Moreno de Castro (kikacastro)

Por Cristina Moreno de Castro (kikacastro)

Mineira de Beagá, escritora, jornalista (passagem por Folha de S.Paulo, g1, TV Globo, O Tempo etc), blogueira há mais de 20 anos, amante dos livros, cinéfila, blueseira, atleticana, politizada, otimista, aprendendo desde 2015 a ser a melhor mãe do mundo para o Luiz. Autora dos livros A Vaga é Sua (Publifolha, 2010) e (Con)vivências (edição de autor, 2025). Antirracista e antifascista.

Deixe um comentário

Descubra mais sobre blog da kikacastro

Assine agora mesmo para continuar lendo e ter acesso ao arquivo completo.

Continue lendo