Como a neurodiversidade é olhada no ambiente de trabalho?

Imagem na campanha sobre conscientização para o autismo feita pela agência Maya.
Imagem na campanha sobre conscientização para o autismo feita pela agência Maya.

A agência mineira Maya, fundada pela minha amiga Paola Carvalho, ofereceu um curso gratuito sobre inteligência artificial para jornalistas há alguns dias. Logo na apresentação, ela comentou sobre uma pesquisa que a Maya tinha divulgado algumas semanas antes, sobre neurodiversidade.

Confesso que me interessei mais por essa pesquisa do que pelo curso de IA em si, que me pareceu um pouco introdutório para o tanto que já estudei a respeito. (Ou talvez eu que esteja um pouco mais interessada na diversidade dos nossos cérebros humanos que na praticidade entregue pelas máquinas…)

Mas o que é neurodiversidade?

Como diz o material da pesquisa, pessoas chamadas de neurodivergentes podem ter Transtorno de Espectro do Autismo (TEA), Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), Dislexia, Síndrome de Tourette, entre outras condições.

A mais comum delas, no entanto, é o autismo. Trata-se de uma “condição neurológica caracterizada por diferenças no desenvolvimento da comunicação, interação social e comportamento. Transtorno do Espectro Autista (TEA) é o termo utilizado para descrever a variedade de características e graus de gravidade do autismo, que pode afetar indivíduos de maneiras diferentes”.

As pessoas neurodivergentes também são chamadas de atípicas, mas nenhuma dessas condições as impede de exercer atividades profissionais. Por isso, é importante que sua presença seja normalizada no ambiente de trabalho.

Aliás, essa inclusão é interessante até para os negócios: uma pesquisa da McKinsey & Company diz que empresas com quadros diversos de colaboradores são capazes de lucrar até 33% mais do que as demais.

A Paola, além de jornalista feríssima, primeira colunista de economia em uma revista feminina do Brasil (“Claudia”) e empreendedora de múltiplos projetos diferentes, é mãe do Otávio, um garotinho autista. Talvez por isso tenha abraçado mais esta causa tão importante.

“Certas características que encontramos em algumas pessoas surgem em razão de uma questão neurológica atípica que não as tornam piores que ninguém e que devem ser acolhidas. Precisamos falar mais sobre neurodiversidade em nossas rotinas”, declarou ela no material da pesquisa que foi divulgado pela Maya.

Eu, que sou tia e madrinha da Rafinha, outra garotinha autista, assino embaixo. E, por isso, resolvi trazer os dados interessantes desta pesquisa aqui para o blog.

Não divulguei no dia 2 de abril – Dia da Conscientização do Autismo e quando a pesquisa foi lançada – porque eu só soube dela há poucos dias, como já contei. Mas acho que sempre é tempo de nos conscientizarmos, não é mesmo?

O que diz a pesquisa ‘Neurodiversidade no Mercado de Trabalho’?

Pesquisa 'Neurodiversidade no Mercado de Trabalho'
Pesquisa ‘Neurodiversidade no Mercado de Trabalho’

Sem mais delongas, vamos aos dados trazidos pela pesquisa da Maya, que foi feita em parceria com a Universidade Corporativa Korú, a partir de uma base de 12 mil pessoas.

Conhecimento do conceito de neurodiversidade

  • Do total dos entrevistados, 75% conhecem o termo neurodiversidade, dos quais 48,6% com conhecimento limitado e apenas 26,4% são “completamente familiarizados”.
  • Outros 25% nunca haviam tido contato com a expressão.
  • 86,4% nunca participaram de treinamentos ou programas relacionados a neurodiversidade no ambiente de trabalho.

Contato com colegas neurodivergentes no trabalho

  • Quase a metade dos entrevistados nunca trabalhou diretamente com pessoas neurodivergentes.
  • Dentre as que trabalharam, 21,4% tiveram experiências desafiadoras e apenas 30% consideraram ter experiências positivas.

Principais desafios enfrentados por neuroatípicos no trabalho

  • 62,9% identificaram a falta de compreensão de colegas e da liderança como um dos principais desafios enfrentados no ambiente de trabalho.
  • 55% acreditam que é possível combater os estigmas e preconceitos por meio de programas de conscientização e educação e outros 42,9% por meio de política de inclusão e suporte.

Estratégias para inclusão de neurodivergentes no trabalho

  • 40% dos entrevistados acreditam que a criação de programas de sensibilização e treinamentos para colaboradores seria a melhor estratégia para promover a inclusão de pessoas neurodivergentes no local de trabalho.
  • 29,3% citaram como solução oferecer ajustes razoáveis, como ambientes de trabalho flexíveis e tecnologias assistivas.
  • 16,4% mencionaram estabelecer programas de mentoria ou apoio para colaboradores neurodivergentes.
  • 7,1% defenderam a criação de um comitê de neurodiversidade.

Benefícios da neurodiversidade no ambiente de trabalho

  • 35% disseram que a neurodiversidade promove um espaço com mais criatividade e inovação.
  • 28,6% acreditam que fomenta um ambiente de aprendizado.
  • 22,1% acreditam que fortalece a cultura de equipe.
  • 9,3% dizem que aumenta a satisfação e o engajamento dos colaboradores.
  • Menos de 5% dizem que não traz nenhum benefício.

Quantas pessoas com autismo existem no mundo?

  • Segundo o Center for Disease Control and Prevention (CDC), a incidência do autismo, em nível global, é de cerca de 2,2% da população.
  • A partir desse índice, estima-se que, no Brasil, existam cerca de 6 milhões de autistas, mas faltam dados oficiais atualizados.

E quantas pessoas neurodivergentes existem?

  • Considerando outras condições, entre 16% e 20% da população mundial é neurodivergente, segundo o Programa Neurodiversidade no Trabalho, da Universidade Stanford (EUA).
  • Atenção: isso é um quinto da população mundial! :O
Entre 16% e 10% da população mundial é neurodivergente.
Dado aparece no pôster da pesquisa da Maya.

Acho que, com um índice desses, não podemos mais sequer cogitar em falar de pessoas “normais“, não é mesmo? Somos todos, em algum grau, bastante atípicos.

Como bem destaca a pesquisa da Maya, os avanços tecnológicos recentes têm permitido que muitas pessoas sejam diagnosticadas como autistas, inclusive depois de adultas.

“Muitos comportamentos socialmente incompreendidos estão sendo desvelados nesse processo, gerando empatia, compreensão e soluções assertivas”.

Esse tipo de compreensão talvez melhorasse, e muito, o convívio entre as pessoas – dentro e fora do ambiente de trabalho. Não acham? 😉

Como diz a cartilha da agência Maya: “Não julgue. Não enfrente. Pergunte com gentileza. Escute. Ajude.

=> Quer ver a pesquisa original na íntegra? Basta acessar este link.

 

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Por Cristina Moreno de Castro (kikacastro)

Mineira de Beagá, escritora, jornalista (passagem por Folha de S.Paulo, g1, TV Globo, O Tempo etc), blogueira há mais de 20 anos, amante dos livros, cinéfila, blueseira, atleticana, politizada, otimista, aprendendo desde 2015 a ser a melhor mãe do mundo para o Luiz. Autora dos livros A Vaga é Sua (Publifolha, 2010) e (Con)vivências (edição de autor, 2025). Antirracista e antifascista.

4 comments

  1. Excelentes comentários, Cris. A Rafaela é realmente excepcional, no bom sentido, e acho que todos os autistas também são. A Rafinha se sai muito bem nas escolas, na natação e na ginástica do Minas. Pelo que sei, ela não sofre discriminações dos colegas e tem facilidade para fazer amigos. Só nos deu alegria, aos pais, avós, tias e tios, aos primos e a todos que a conhecem. Ah, tá bom, eu sou um vovô coruja.

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  2. No comentário acima, esqueci de incluir a Laura, a irmã mais velha. Um exemplo de fraternidade como raras vezes se vê numa família. Perdeu o trono de filha única e nunca se ressentiu. É a melhor cuidadora da irmã – e vice-versa.

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