Filme ‘Uma Vida’: os heróis entre as pessoas comuns

Vale ver no cinema: Uma Vida – A História de Nicholas Winton (One Life)
2023 | 1h50 de duração | Classificação: 12 anos | nota 9

Quando falamos sobre a Segunda Guerra Mundial, e especificamente sobre o avanço de Hitler em seus primeiros anos, imediatamente pensamos no Holocausto. No massacre de milhões de pessoas, principalmente judeus, principalmente em campos de concentração.

Mas bem menos se fala sobre os refugiados dessa guerra. Aqueles que conseguiram, de uma forma ou de outra, escapar da barbárie.

E menos ainda se fala sobre os heróis que existiram naquela época, entre as ditas “pessoas comuns”, que moveram mundos e fundos para ajudar esses refugiados. Para salvar vidas.

Nicholas Winton foi um desses heróis. Ele vivia uma vida confortável na Inglaterra, com um emprego em um banco, mas foi até a então Tchecoslováquia para ajudar as pessoas em risco (que já tinham escapado da Alemanha até esse país vizinho) a emigrarem.

Acabou tocado, principalmente, pela situação insalubre em que as crianças – milhares delas – viviam por lá. Não só por estarem em famílias que tinham fugido dos nazistas e ao relento, num inverno rigoroso, passando fome etc. Mas também porque Hitler ameaçava invadir também a Tchecoslováquia a qualquer momento. Ou seja, continuavam sendo fugitivos de guerra. O medo pairava.

Winton, então, resolveu batalhar para tirar aquelas crianças de lá e levá-las até a Inglaterra. Contra todas as expectativas, mobilizou a imprensa, a sociedade e o governo, conseguiu os vistos, atendeu às exigências burocráticas e conseguiu até mesmo famílias britânicas dispostas a adotar temporariamente essas crianças em seus lares.

O resultado foi impressionante: em curtíssimo espaço de tempo, sob a sombra da ameaça da Gestapo, Winton e um grupo pequeno de outros heróis conseguiram transportar nada menos que 669 crianças até a Inglaterra.

O filme mostra esta história incrível, baseada em fatos reais, mesclando os acontecimentos de 1939, interpretados pelo ator Johnny Flynn, e os de cinquenta anos depois, quando Winton já era bastante idoso, interpretado pelo mestre Anthony Hopkins.

Assim, conhecemos tanto os desafios da época da guerra quanto a maneira como essa história ficou esquecida por cinco décadas e acabou se tornando pública apenas nos últimos anos de vida de Winton.

(Se você não chorar na cena em que ele está no auditório de TV, ou ainda quando ele está sentado diante da piscina, você é de pedra.)

Este filme me fez pensar em como qualquer pequena revolução só depende de uma primeira pessoa para começar. Que precisa se sensibilizar, antes de tudo.

E me fez pensar ainda em como esse problema dos refugiados é crônico: sempre haverá outros humanos, de outros países, precisando de ajuda para escapar de guerras, tragédias, ditaduras, desastres naturais ou outras insanidades. Cabe aos heróis entre as “pessoas normais”, como Winton, encontrar soluções para essas vítimas.

Assista ao trailer do filme ‘Uma Vida – A História de Nicholas Winton’:

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