Vale ver na Netflix: A Sociedade da Neve (La sociedad de la nieve)
2023 | 2h24 de duração | Classificação: 14 anos | nota 8
A sinopse do filme “A Sociedade da Neve” resume muito bem esta história real:
“Em 1972, um avião fretado para levar um time de rúgbi do Uruguai ao Chile sofre um acidente nos Andes. Presos em um dos ambientes mais inacessíveis e hostis do planeta, os sobreviventes recorrem a medidas extremas para continuar vivos.”
Confesso que eu nunca tinha ouvido falar a respeito desse fato histórico que aconteceu 13 anos antes de eu nascer. O que foi excelente, enquanto espectadora deste filme, por me reservar todas as surpresas.
Me poupou dos spoilers comuns a todos os filmes baseados em fatos históricos, como, por exemplo (pule este parágrafo se não quiser saber): o fato de que 45 pessoas estavam dentro do avião que caiu, ficaram lá mais de 70 dias até serem resgatadas, só o foram porque dois sobreviventes caminharam por dez dias até encontrarem um jeito de pedir ajuda, e apenas 16 conseguiram sobreviver à fome e ao frio da Cordilheira dos Andes. Vinte e nove morreram.
Eu só fui saber de cada um dos detalhes dessa chamada Tragédia dos Andes (ou Milagre dos Andes, para alguns), enquanto assistia ao filme.
Duas coisas me chamaram a atenção nesta história.
A primeira é que os seres humanos têm realmente uma força de vontade e uma capacidade de adaptação impressionantes em busca da sobrevivência. Não há limites para nossa criatividade, esforço físico e resiliência quando estamos tão perto da morte. O filme explora essas dificuldades ao extremo, mostrando todo o sufoco que aqueles jovens passaram com o frio, as tempestades de neve, as avalanches e, sobretudo, a fome.
Ele me remeteu a outras obras sobre o desespero de um ou mais homens ou mulheres em busca da sobrevivência, diante de alguma tragédia. Uma lembrança óbvia foi o filme “Os 33“, sobre os mineiros chilenos que ficaram presos debaixo da terra por mais de dois meses. Mas, naquela história de 2010, a pressão de familiares, da imprensa e do público em geral foi importantíssima para que eles fossem resgatados. Já os jovens que caíram de um avião nos Andes foram abandonados em pouquíssimo tempo, dados como mortos.
Outros filmes de sobreviventes: Uma Noite de 12 Anos, 127 Horas, Perdido em Marte, Dunkirk, As Nadadoras, Lion, O Pianista. O que não faltam são histórias incríveis, muitas delas reais, de humanos que vivem o absurdo na luta contra a morte iminente.
A segunda coisa que me chamou a atenção nesta história dos Andes foi a verdadeira sociedade que os sobreviventes estabelecerem. Ao menos o que é retratado no filme é uma união, uma fraternidade, um apoio mútuo admiráveis. O oposto da disputa, competição, hierarquização e selvageria descritas no filme “Triângulo das Tristezas“, por exemplo, que também tem uma parte só dedicada à sobrevivência.
Esse vínculo, essa harmonia e amizade entre os sobreviventes pode ajudar a explicar, em parte, eles terem resistido por tanto tempo, em condições tão absolutamente adversas. E amenizam o sofrimento que nós, espectadores não masoquistas, sentimos ao assistir as atrocidades que eles enfrentaram.
Uma última observação que faço sobre este filme é que ele só concorre em duas categorias do Oscar: melhor filme estrangeiro (pela Espanha) e melhor maquiagem e cabelo. Mas o elenco é admirável – com destaque para Enzo Vogrincic e Agustín Pardella. Não fossem atores desconhecidos e não americanos, provavelmente estariam sendo exaltados por seus papéis dificílimos, que inclusive os obrigaram a perder pencas de quilos, para ficarem com a aparência magérrima dos sobreviventes de 1972. Palmas a eles.
Ainda não assisti a nenhum dos outros concorrentes estrangeiros, mas já imagino que “Zona de Interesse”, que foi indicado até a melhor filme do ano, vá se dar melhor nesta categoria. Restará à Sociedade da Neve, sem estatuetas, nossas estrelinhas e joinhas na Netflix…
‘A Sociedade da Neve’ foi indicado a 2 Oscars em 2024 (não venceu nenhum):
- Melhor filme internacional
- Melhor maquiagem e cabelo
Assista ao trailer do filme “A Sociedade da Neve”:
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Eu já conhecia a história por ter visto a primeira versão quando era criança na Sessão da Tarde. Claro, fiquei chocada, nunca esqueci os detalhes trágicos. Vê se isso é filme pra Sessão da Tarde…
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Eu não me lembro de ter visto esse outro filme, mas muita gente ficou marcado por ele…
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Em tempo: isso não tirou o impacto dessa nova versão
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