Filme da Barbie: crítica e trailer do filme do ano

Vale ver no cinema: BARBIE
2023 | 1h54 de duração | nota 7

Fazia tempo que eu não via um filme mobilizar tanto as pessoas como fez este “Barbie“. Talvez desde Harry Potter. A sala de cinema estava LO-TA-DA. Várias pessoas tinham vindo do interior, de cidades sem cinema, só para assistirem logo ao filme do ano. Isso sem falar que TODOS estavam vestidos de rosa, tirando selfies ou fotos nos totens da Barbie espalhados por todo canto. No final da sessão, ouvi aplausos.

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Por outro lado, fazia tempo que eu não via uma mobilização tão grande CONTRA um filme, como aconteceu com a Barbie. O fla-flu que vimos durante a pandemia (pró-vacinas X antivacinas) e durante as eleições (moderados e esquerdistas X bolsominions) se repetiu agora. Nunca li e vi tanta estupidez por causa de um filme tão bobinho, um típico “Sessão da Tarde”.

Isso porque, como não é incomum acontecer, muitos dos críticos mais virulentos nem sequer assistiram ao filme. Talvez foram movidos apenas pelo slogan: “Ela é tudo. Ele é só o Ken.” Devem ter pensado: “Um filme feminazi! Nããããão!”

A verdade é que, depois de toda essa guerra contra o filme, chega a ser meio frustrante assistir ao “Barbie” pensando que se trataria de uma pensata feminista GENIAL, e descobrir ser… bem, só um filme da Barbie. Nada de mais.

Engraçadinho com as piadas sobre a boneca, com o lado nostálgico de quem já brincou muito de Barbie na vida, engraçadinho ao tratar de assuntos mais árduos, como patriarcado, estereótipos, padrão de beleza, consumismo desenfreado e masculinidade tóxica. Engraçadinho até na autocrítica que a própria Mattel, produtora do filme, faz de si.

É uma comédia, afinal. Sobre uma boneca – ou um boneco, totalmente preterido nesse universo paralelo.

O excesso de danças e músicas no filme me entediou profundamente, mas o figurino e o design de produção são um luxo, que pode até render estatuetas do Oscar. O elenco também é todo de primeira: Margot Robbie, Ryan Gosling, e a direção de Greta Gerwig, de Adoráveis Mulheres.

O filme da Barbie é pra que idade?

A classificação indicativa do filme é de 12 anos. Mas não é por conter cenas impróprias para crianças, de nudez ou violência, por exemplo.

É só por conter algumas falas que elas não entendem completamente, embora possam se divertir com o filme de toda forma. (Se nem um monte de adultos supostamente alfabetizados conseguem entender as mensagens, como esperar isso das crianças, não é mesmo?).

Você pode levar seus filhos numa boa, como levei o meu (e ele gostou até mais que eu). Assim como pode levar para qualquer filme, independente da classificação, se você avaliar que não tem problema. Basta estar junto na sessão e apresentar um documento comprovando que você é responsável pela criança.

No caso do filme da Barbie, pode ser até inspiração para conversar com sua criança sobre conceitos bem básicos do feminismo.

O discurso com críticas sociais no filme da Barbie

O ponto alto no roteiro de “Barbie” é este discurso sobre as mulheres, que sai da boca de uma das personagens:

“É literalmente impossível ser uma mulher. Você é tão bonita e inteligente, e me dói que você não pense que é boa o suficiente. Temos que ser sempre extraordinárias, mas, de alguma forma, estamos sempre fazendo tudo errado.

Você precisa ser magra, mas não muito magra. E nunca pode dizer que quer ser magra. Você tem que dizer que quer ser saudável – mas também precisa ser magra.

Você precisa ter dinheiro, mas não pode pedir dinheiro, porque isso é grosseiro.

Você tem que ser uma líder, mas não pode ser má. Tem que liderar, mas não pode sufocar as ideias das outras pessoas.

Você deveria adorar ser mãe, mas não fale sobre seus filhos o tempo todo.

Você precisa ser uma mulher de carreira, mas também estar sempre cuidando dos outros.

Você é responsabilizada pelos maus comportamentos dos homens, o que é absurdo, mas se você disser isso, será acusada de reclamar.

Você deve se manter bonita para os homens, mas não tão bonita a ponto de tentá-los demais ou ameaçar outras mulheres, porque você deve fazer parte da irmandade.

Mas deve sempre se destacar e sempre ser grata. Mas nunca esquecer que o sistema é manipulado contra nós. Então, encontre uma maneira de reconhecer isso, mas também sempre seja grata.

Você nunca deve envelhecer, nunca ser grosseira, nunca se exibir, nunca ser egoísta, nunca cair, nunca falhar, nunca demonstrar medo, nunca sair da linha.

É muito difícil! É muito contraditório e ninguém te dá uma medalha ou diz obrigado! E acaba que, na verdade, você está fazendo tudo errado e também tudo é culpa sua.

Estou tão cansada de ver a mim mesma e todas as outras mulheres se contorcendo apenas para que as pessoas gostem de nós.”

No fim das contas, é um filme que vale ser assistido como um exemplo desta época em que tudo, absolutamente tudo, vira motivo para dissonância. É a fábula cor-de-rosa de um mundo real onde só é permitido enxergar preto ou branco.

É a boa e velha comédia, com a boa e velha boneca da infância de seis gerações, rindo na cara de quem se leva a sério demais.

‘Barbie’ foi indicado a 8 Oscars em 2024

E venceu este único em destaque:

1. Melhor ator coadjuvante (Ryan Gosling)
2. Melhor atriz coadjuvante (America Ferrera)
3. Melhor figurino
4. Melhor canção original (I’m just Ken)
5. Melhor canção original (What was I made for?)
6. Melhor design de produção
7. Melhor roteiro adaptado
8. Melhor filme do ano

Assista ao trailer oficial do filme da Barbie (legendado):

Assista ao trailer oficial do filme da Barbie (dublado):

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