Texto escrito por José de Souza Castro:
Dois dias antes da tentativa do golpe iniciada com as depredações do Palácio da Alvorada e das sedes do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal, o empresário e cientista político Stefan Salej escreveu um artigo que desistiu de publicar em seu blog porque achou melhor “não jogar mais gasolina”.
Como ele me autorizou a comentar esse artigo, que intitulou “Putsch na Paulista”, vou fazer isso, sem me importar muito com a gasolina. Assim como não me importei ao escrever a biografia dele, pouco depois que ele deixou a presidência da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), disponível na Biblioteca do Blog.
O início do artigo inédito é estimulante:
“No melhor estilo da política latino-americana, cheia de golpes de estado e ameaças à ordem jurídica, e sempre querendo repetir a noite de São Bartolomeu à moda tupiniquim, está enquadrado o putsch em curso no pomposo edifício da outrora poderosa FIESP, Federação das Indústrias de São Paulo.
Um grupo liderado pelo ex-presidente que dominou a entidade por 18 anos, permitindo-se inclusive ser candidato a governador do Estado por três vezes, e indicando seu sucessor, organizou em menos de um ano uma revolta contra seu próprio indicado, desejando destituí-lo do cargo de presidente da entidade.
As razões públicas para esse putsch são do conhecimento restrito dos envolvidos. Só quem está derrubando a árvore que plantou sabe por que ela está incomodando. E só a árvore sabe por que está sendo derrubada. O resto é imaginação e ovelhas seguindo o sino do pastor com pau na mão e cachorro ao lado para pôr ordem no rebanho.”
Infelizmente para o ex-presidente da Fiesp, o perfil que lhe traça Salej, no caso, não é lisonjeiro.
Nos 18 anos em que utilizou seu cargo na Fiesp para tentar eleger-se governador paulista, Paulo Skaf viu a participação da indústria no PIB cair de 36% para 20% em alguns anos, numa encruzilhada tecnológica, sem capacidade de investir, inovar e gerar capital necessário para crescer.
Pior, enquanto Luiz Inácio Lula da Silva fala no seu primeiro discurso de sua preocupação com a reindustrialização do Brasil e cria o Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, e coloca à frente dele seu vice, Geraldo Alckmin, com experiência e competência para liderar o processo, os industriais paulistas se permitem despender suas energias em discussões que não contribuem em nada com o desenvolvimento da própria indústria, do estado ou do país.
Será que Skaf consegue responder a esta pergunta de Salej?
“Se o então presidente da entidade achava que o atual, por sinal responsável pela gestão da maior empresa têxtil brasileira, com ramificações em vários países, servia para ser seu candidato, e de repente descobre junto com alguns dos seus seguidores que não serve, a pergunta que fica: Por que, Paulo? O Josué não mudou nada, nem sorri mais do que antes, depois que assumiu a FIESP. E nada fez que o desabone neste tempo.”
E quem quis derrubar o filho do ex-presidente José Alencar, no primeiro governo Lula, deixa a impressão de que só quer o comando da indústria paulista para seu grupo político, sem apresentar qualquer projeto para o desenvolvimento da indústria, mas alinhado com o fugitivo Bolsonaro. E atrapalhar que a FIESP tenha um papel fundamental na nova fase de reorganização industrial do país.
E por aí prossegue Salej em seu artigo, que espero seja um dia publicado. Enquanto isso, sugiro que se leia o artigo que ele publicou no último domingo, também muito instrutivo: “DOS CAMINHOS E DESCAMINHOS DA INDUSTRIA BRASILEIRA, O CASO DA FIESP“.
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