‘Casquinha’, por Diego Nascimento

Casquinha de sorvete
Foto: Amy Shamblen / Unsplash

Recebi o texto a seguir do Diego Nascimento. Ele é escritor, tem 27 anos, e mora em Vitória da Conquista, Bahia.

Você também escreve contos, crônicas, poemas, resenhas, análises…? Envie para meu e-mail e seu texto poderá ser publicado aqui no blog na seção dos leitores 🙂

Agora vamos ao conto do Diego. Boa leitura!

 


“Existe um lance de que o destino da gente muda a todo momento, no entanto não sabemos a hora, onde, nem o porquê. Me pergunto em que momento o destino decidiu que seria a hora de dizer adeus. O que fizemos para que então ele decidisse tirar a parte do riso, o jeito de pegar na mão, a mania de dormir com os pés colados.

Se eu soubesse que era errado, teria usado um cobertor diferente, não teria beijado sua orelha no meio da noite, naqueles intervalos do sono. Muito menos teria prometido amor eterno. Mas estou cumprindo.

Dói como a sensação de deixar o sorvete cair no chão. Você olha a casquinha meio esfarelada, toda rachada, e lamenta.

— Eu tinha tanto o que aproveitar deste sorvete, a parte do morango eu nem lambi.

Foto de sorvete caído no chão, destruído.
Foto: Amanda Kloska / Unsplash

Se recusa a aceitar, mas segue. Há vários outros sorvetes em centenas de sorveterias nessa cidade. Embora aquele estivesse com um sabor especial. Embora fosse numa tarde de domingo. Um sorvete na segunda não é tão gostoso.

Mas foi o destino que decidiu separar você daquele sorvete. E ela de mim. E não há várias dela, nem onde encontrar outra. E eu não a perdi, nos perdemos. Eu fui o sorvete dela e ela o meu.

Talvez agora estejamos derretendo, mas, te juro, foi o destino. E pretendo pensar assim. Por mais que seja esquisito. Não foi a melhor das analogias, mas foi a mais justa.

Sorvetes não se beijam, não se casam, não sonham. Sorvetes não amam, não sentem saudade. Sorvetes são frios.

Mas eu penso em escrever um bilhete. Vou escrever:

BABADO FORTE

“Eu descobri que as primeiras gotas do frasco de adoçante são menos doces do que as do fundo.”

Mas como se elas se misturam? São grandes mistérios. Como não saber qual beijo foi o melhor. É como não saber qual abraço foi o melhor. Mas que todos foram excepcionais.”

 

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Por Cristina Moreno de Castro (kikacastro)

Mineira de Beagá, escritora, jornalista (passagem por Folha de S.Paulo, g1, TV Globo, O Tempo etc), blogueira há mais de 20 anos, amante dos livros, cinéfila, blueseira, atleticana, politizada, otimista, aprendendo desde 2015 a ser a melhor mãe do mundo para o Luiz. Autora dos livros A Vaga é Sua (Publifolha, 2010) e (Con)vivências (edição de autor, 2025). Antirracista e antifascista.

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