Filme ‘Um Sonho de Liberdade’: para se inspirar e se motivar

Cena do filme "Um Sonho de Liberdade"

A resenha de hoje foi enviada pelo leitor de Patos de Minas Vinícius Nunes Silva, de 27 anos, que é médico e professor e disse também ser cinéfilo. Ele escreveu sobre o filme “Um Sonho de Liberdade“, de 1994, que já virou um clássico. Ele é diretor da empresa Concurtab, voltada para concurseiros, e até fez um post por lá sobre os melhores filmes para motivar quem está estudando para um concurso.

Se você também quiser enviar para o blog uma resenha, ou outro texto que tenha escrito – conto, crônica, poema, uma pensata, ou o que for –, mande para meu email e ele pode sair aqui na seção de “artigos enviados pelos leitores” 😉

 

Agora vamos ao texto do Vinícius:

 

O clássico “Um Sonho de Liberdade”.

 

“Para as pessoas que olham superficialmente o resumo desse filme parece soar estranho que um cenário de prisão possa ensinar alguém! Sabemos que o sistema carcerário atualmente mais atrapalha do que ensina e que só se sustenta, atualmente, pois é o único meio de controle social possível. Porém, apesar de tudo isso, o sonho de liberdade cria um caloroso apego aos nossos sentimentos porque nos ensina que, até mesmo nas maiores adversidades e injustiças da vida, é possível lutar e fazer o jogo virar.

Esse é um tipo de filme que eu indico para qualquer pessoa que precise de motivação, seja na sua vida pessoal, na faculdade, no trabalho ou no concurso público que esteja prestando.

Muitos filmes nos oferecem experiências vicárias e emoções rápidas e superficiais. O Sonho de Liberdade é o contrário de tudo isso. Ele usa a voz calma e observadora do narrador para nos incluir na história de homens que formam uma comunidade atrás das grades. O mais interessante é que o herói do filme, o ex-banqueiro condenado, Andy Dufresne, não tem durante o início da trama a revelação se ele é ou não realmente culpado. O que se mostra a sua chegada no ônibus da prisão é o que as outras pessoas pensam dele. É claro que aqui muitos o veem como culpado, pois se não fosse, possivelmente não estaria ali.

Apesar de tudo, tal situação não atrapalha como Andy enxerga o mundo. Ele nos mostra que você deve se manter fiel a si mesmo, não perder a esperança, esperar seu tempo e procurar sua chance. É aí que surge uma frase icônica que acredito que todos devem levar para sua vida, mesmo sentindo-se injustiçados: “Acho que se trata de uma escolha simples, na verdade. Ocupe-se vivendo ou ocupe-se morrendo”, diz Andy a Red, pessoa interpretada por Morgan Freeman, que se torna o seu melhor amigo dentro da prisão.

A chave para a estrutura do filme, eu acho, que não é sobre seu herói, mas sobre nosso relacionamento com ele – nossa curiosidade, nossa pena e nossa admiração. Se Andy fosse o centro heroico, resistindo bravamente, o filme teria sido convencional e menos misterioso. Durante o filme sempre ficamos nos perguntado… ele realmente matou aquelas duas pessoas? Por que ele se mantém tão calmo com a situação? Será que ele aceita a pena perpétua imposta a ele? São essas perguntas que nos deixam muito intrigados com a história.

Um grande best-seller, mas nem sempre foi assim

Cena do filme “Um Sonho de Liberdade”

“Um sonho de Liberdade” estreou no Festival de Cinema de Toronto em setembro de 1994 e foi lançado algumas semanas depois. Recebeu boas críticas, mas, apesar de futuramente se tornar um best-seller, incialmente ele não fez bons negócios. Para se ter ideia, a sua receita bruta original foi de US$ 18 milhões e não cobriu nem os custos.

Para muitos, isso ocorreu pois era um simples “drama prisional”, não continha quase nenhuma ação, era uma longa de 142 minutos e, apesar de estrelar atores respeitados, na época eles não eram grandes estrelas. Claramente, este era um filme que precisava do boca-a-boca para encontrar uma audiência, e de fato foi o que aconteceu. Em cinco anos, “Um Sonho de Liberdade” já era um fenômeno, um best-seller, e um dos filmes mais vendidos do ano.  Tudo isso mostra, apesar da falta de ação, como o filme é filosófico e capaz de gerar reflexões e ensinamento em todas as pessoas.

O personagem de Morgan Freeman é portador do arco espiritual do filme. O mais divertido é como ocorre o desenrolar de suas audiências de liberdade condicional, depois de 20, 30 e 40 anos.  Em seu primeiro recurso, ele tenta convencer a diretoria de que foi reabilitado e não tem sucesso. No segundo, ele tenta novamente seguir a linha de raciocínio anterior e também não recebe a liberdade condicional. Apenas no terceiro, quando ele rejeita toda a noção de reabilitação é que, de alguma forma, ao fazê-lo, o conselho liberta seu espírito e o libera.

Porém, apesar de se sentir livre ser algo há muito tempo esperado por Red, há um problema subjacente! Atrás das grades, Red é rei. Ele é o agente da prisão, capaz de te dar um maço de cigarros, uma pequena picareta de pedra ou um pôster de Rita Hayworth. Do lado de fora, ele não tem status ou identidade. E aí surge um grande sentimento paradoxal que é grandiosamente interpretado por Freeman!

Esse é o tipo de filme que não há justificativa para não ver! É reflexivo, filosófico e muito envolvente. A cada minuto é possível parar e refletir. Eu, particularmente, assisti ao filme quatro vezes e, a cada nova sessão, me afeiçoei mais ainda. É na, minha opinião, um grande trabalho cinematográfico que traz de maneira artística inúmeras reflexões. Durante o filme muitas vezes podemos metaforicamente ver a vida como uma prisão, onde nós somos o Red e Andy é o nosso redentor!”

 


Leia também:

***

Quer assinar o blog para recebê-lo por email a cada novo post? É gratuito! CLIQUE AQUI e veja como é simples!

faceblog
ttblog

 

 

Por Cristina Moreno de Castro (kikacastro)

Mineira de Beagá, jornalista (passagem por Folha de S.Paulo, g1 e TV Globo, UOL, O Tempo etc), blogueira há 20 anos, amante dos livros, poeta, cinéfila, blueseira, atleticana, politizada, otimista, aprendendo desde 2015 a ser a melhor mãe do mundo para o Luiz. Antirracista e antifascista.

Deixar um comentário