Dia desses o Luiz ficou muito bravo com alguma coisa, não me lembro mais o que era. Fez birra, pregou essa placa de “não perturbe” na porta do quarto, fechou a porta. Deixei ele lá, ter o tempo dele.
Passou uns minutos e ele pregou outra placa no lugar da anterior: “Quando o Luiz está bravo, o jeito de ele melhorar é colo da mamãe [grifado], comida e dormir”, dizia. E tinha uma setinha também: “vire”. Ao virar, um lindo coração escrito “mamãe” e um pedido de desculpas.
Claro que na hora eu dei colo para ele e o ajudei com a janta, o sono e com muito carinho. Criança não pode ser tratada e cobrada como adulto, falo muito isso ao pai dele. Criança ainda está entendendo os próprios sentimentos. Ainda está aprendendo que o mau humor pode vir da fome ou do sono, por exemplo.
E, de toda forma, eu sempre me impressiono com essa sabedoria do Luiz, de saber até se desculpar. Que menino incrível! ❤️ É como escrevi aqui no blog em dezembro, quando ele completou 6 anos e tinha feito uma coisa parecida:
“É isso, meu filhote. Você está crescendo! E, a cada ano que passa, parece estar se tornando uma pessoinha mais incrível. Que já sabe até pedir desculpas quando comete uma injustiça – e talvez esta seja a característica mais importante de todas, afinal, porque tem um monte de gente que cresce, vira adulto, e ainda é incapaz de fazer isso.”
Tem muito adulto que não entende nada da vida e nem sabe o que quer. Como esperar que as crianças sejam esses robôs que a gente quer que sejam, sempre obedientes, cordatas e cientes de tudo o que queremos para elas e do que querem para si mesmas? É impossível.
O que podemos fazer para amenizar as confusões que elas sentem é agir com mais maturidade que elas, e oferecer muito carinho e paciência. Pra que elas cresçam tranquilas e virem adultos menos confusos que nós.
Se teve uma coisa que aprendi nesses seis anos de maternidade é que, na hora da birra, vale mais a pena esperar, dar um tempo aos pequenos para pensarem, do que ficar falando e gritando e pregando na cabeça deles. Tempo cura. Tempo ensina.
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Nós, os esquecidos, temos reaprendido muito com o Luiz.
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