‘Duna’: um filme árido, em todos os sentidos

Não vale a pena assistir: DUNA (Dune: Part One)
Nota 3

 

Socorro! Lá vou eu escrever mal de um filme que tem uma legião de fanáticos para exaltar. De novo.

Sim, porque a mesmíssima coisa aconteceu quando, lá no Oscar de 2016, fui dar nota 3 para “Mad Max“.

Os dois filmes, aliás, me parecerem ter muito em comum. Se não vejamos:

  • os dois são de ficção científica;
  • os dois são adaptações de sucessos anteriores (que eu não tinha visto tampouco);
  • os dois se passam num deserto sem fim;
  • os dois têm capricho no design de produção, na maquiagem e no figurino;
  • os dois foram indicados em 10 categorias do Oscar – além dessas três já citadas, outras também bastante técnicas, como melhor som, edição, fotografia, efeitos visuais.
  • os dois foram indicados também na categoria de melhor filme do ano.

“Mad Max” não se deu bem na categoria principal, nem na melhor direção, mas papou o prêmio em seis categorias técnicas. Acho que o mesmo deve acontecer com este “Duna”: não vai levar nem melhor filme do ano (se levar, paro de assistir aos filmes do Oscar de vez!) nem por seu roteiro adaptado da novela de Frank Herbert. Mas é bem possível que ganhe muitos desses prêmios mais técnicos.

Quando escrevi sobre “Mad Max”, eu disse o seguinte:

“este é um filme tipicamente feito para fãs, especialmente os muito nostálgicos, que depois escrevem em suas críticas que o filme é uma “obra prima” e coisas afins. Se você não é fã, você se estrepa. Em algumas partes do filme, boia mesmo. Isso porque a história é muito mal contada, e você precisa ficar o tempo todo adivinhando quem são aquelas figuras estranhas e por que agem daquela forma bizarra. Que vozes são aquelas? Quem são aquelas pessoas? Muito simplesmente nunca é explicado para nós, os que não somos fãs.”

Pois bem: posso copiar e colar o mesmo parágrafo para “Duna”. Não vi o filme de David Lynch de 1984. Não li o livro. E achei um SACO ficar duas horas e meia assistindo  a uma guerra entre personagens que se vestem e lutam como os Power Rangers, por um motivo que não me parece nada claro e ainda terminar essa saga sem um final disponível, porque haverá uma continuação – que não pretendo ver.

Um filme não pode ser feito só para os fãs. Um bom filme – na minha opinião – é aquele que conta uma história tão bem que qualquer pessoa que o assista, mesmo aquela que não sabia nada sobre a trama antes, ficará entretida do início ao fim. Não é o que acontece aqui. O roteiro não é autoexplicativo, as atuações são apenas razoáveis (não é à toa que nenhum ator ou atriz recebeu qualquer indicação, nem mesmo o queridinho Timothée Chalamet), há um excesso de uso de câmera lenta que chega a dar sono.

O que enchem os olhos da gente neste filme são mesmo os efeitos especiais, o visual, o sonoro, o técnico. Esses muito provavelmente vão sair vitoriosos no domingo. Mas eu ainda sou daquela velha classe de cinéfilos que gosta de BOAS HISTÓRIAS. E isso, me desculpem os fãs, mas “Duna” não tem.

 

P.S. Confesso que ficção científica está longe de ser meu gênero favorito. E o diretor, produtor e roteirista Denis Villeneuve parece ter se especializado nisso. O último que vi dele foi “A Chegada“. Mas bem melhor que este: levou nota 7.

Assista ao trailer do filme:

 

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Por Cristina Moreno de Castro (kikacastro)

Mineira de Beagá, escritora, jornalista (passagem por Folha de S.Paulo, g1, TV Globo, O Tempo etc), blogueira há mais de 20 anos, amante dos livros, cinéfila, blueseira, atleticana, politizada, otimista, aprendendo desde 2015 a ser a melhor mãe do mundo para o Luiz. Autora dos livros A Vaga é Sua (Publifolha, 2010) e (Con)vivências (edição de autor, 2025). Antirracista e antifascista.

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