Texto escrito por José de Souza Castro:

“Vender a Cemig, uma traição“. Este é o título do artigo do prefeito de Betim, Vittorio Medioli, publicado no dia 5 de março no jornal “O Tempo”, de propriedade dele. Já escrevi sobre Medioli aqui algumas vezes, como já escrevi muito sobre a Cemig em outros tempos e veículos.
Posso dizer que vi o nascimento, o crescimento e, agora, a lenta agonia da principal estatal mineira, que vai sucumbindo à ganância do capital privado acumpliciado com políticos mineiros de diferentes partidos.
Neste momento, descreve Medioli, um empresário e político que sabe das coisas, “o acordo dito de Regime de Recuperação Fiscal (RRF), que emperra a pauta da Assembleia [Legislativa], tem uma cláusula vinculante de liquidar o patrimônio que resta ao Estado, para pagar a dívida, que continuará acima de R$ 120 bilhões. E, ainda, aceitar a intervenção no Estado, que tolhe a soberania a Minas e a transfere aos credores”.
Enquanto isso, percepção minha, estamos todos preocupados com a perda de soberania da Ucrânia. Esse país, considerado o maior da Europa depois da parte europeia da Rússia, tem extensão territorial apenas cerca de 17 mil e 200 quilômetros quadrados maior que Minas, cujo PIB (Produto Interno Bruto) ficou em 2020 somente 30 bilhões de dólares menor que o da Ucrânia.
Este país, como se sabe, está sendo destruído pelos mísseis russos, enquanto Minas foi sendo pilhada, ao longo da última década, observa Medioli, “pelo grupo mineiro Andrade Gutierrez, sem citar o nome da construtora (amiga do governador), mas aproveitando claramente o período do inferno em que ela dominava a Cemig e que custou (sem correções, juros e perda de outras oportunidades) R$ 26 bilhões”.
Segundo Medioli, mesmo com essa pilhagem praticada pela Andrade Gutierrez, a Cemig tem “um valor de capitalização no Bovespa de R$ 24 bilhões”. Na opinião do prefeito de Betim, “a liquidação do patrimônio neste momento é um excelente negócio para quem comprar a Cemig e o resto dos bens de Minas, não para os mineiros nem para substancialmente minorar a dívida”.
Quem pensa que as próximas eleições poderão mudar a situação, um alerta que acabo de ler: PT e PSDB não devem lançar candidatos ao governo de Minas para concorrer com o atual governador, à frente das pesquisas eleitorais.
Desse modo, Romeu Zema, 54 anos, terá provavelmente mais quatro anos para avançar no seu projeto de liquidar com o que resta do patrimônio público do Estado de Minas Gerais.
Mas, sim, vamos nos preocupar com a Ucrânia…
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