Como reduzir o uso do smartphone: 11 coisas que eu fiz e que funcionaram

Ontem escrevi aqui no blog sobre como os smartphones são viciantes e como isso é uma consequência de estratégia pensada pelas gigantes da tecnologia.

Ou seja, caímos numa verdadeira armadilha, da qual é difícil de nos desvencilharmos, mesmo se quisermos.

Mas é possível adotar algumas práticas que nos ajudam a reduzir esse vício/dependência e retomar as rédeas da nossa atenção sobre o mundo e sobre a vida.

Compartilho abaixo algumas medidas que eu venho tomando já há alguns meses.

#1 Poucos aplicativos

A loja do Android tem 2,1 milhões de aplicativos e a do iPhone, 1,8 milhão. Todos eles querendo fisgar sua atenção. Eu tenho bem poucos apps instalados no meu smartphone (que, diga-se de passagem, está longe de ser de última geração). Mais precisamente, NOVE apps: do banco, do cartão de crédito, de transporte, do clube, uma lanterna, do estacionamento rotativo de BH, da Netflix (mais por causa do Luiz), um de edição de vídeo e o Instagram (trabalho com ele). Há ainda alguns que vieram instalados no celular e que não consigo desinstalar. De tempos em tempos, dou uma varredura e desinstalo algum aplicativo que esteja usando raramente. Na tela de abertura do meu smartphone, coloco apenas os apps mais funcionais, como calculadora, câmera e relógio, em vez de lotar de iconezinhos.

#2 Sem notificações

Retirei todas as notificações do meu smartphone, porque elas sugam nossa atenção o tempo todo. Nada de receber um aviso, nem mesmo silencioso, na tela do aparelho, dizendo, por exemplo, que um email novo chegou. Se eu quiser checar meus emails, eu vou lá e checo, na hora que achar conveniente fazer isso. A exceção foi o Whatsapp, mas em poucos casos – como explico a seguir.

Quase não vejo estas notificações gritantes em vermelho que são propositalmente feitas para chamar nossa atenção e nos manter conectados

#3 Whatsapp silencioso

Todos os grupos de trabalho do meu Whatsapp são silenciados. Isso significa que não recebo alertas toda vez que chega uma nova mensagem, nem de som nem na tela do meu smartphone. Preciso estar em nada menos que TREZE grupos de Whatsapp relacionados ao meu trabalho e era enlouquecedor chegar em casa, depois do expediente, e continuar trabalhando até a hora de dormir, acompanhando em tempo real o que estava acontecendo na Redação. Não precisamos trabalhar 24 horas por dia. Com os grupos silenciados, fico por dentro de todas as mensagens novas que chegam apenas quando estou logada no computador do trabalho, porque lá uso o WhatsApp Web, no desktop, que mostra todas as notificações. Em casa, só entro nesses grupos se eu quiser, e bem esporadicamente, e não fico sendo notificada a cada nova mensagem. Em longos feriados, saio dos grupos de trabalho e retorno depois.

(Nas férias, penso em desinstalar o aplicativo.)

#4 Ainda sobre grupos de zap

Saí da maioria dos grupos de Whatsapp, inclusive os da família. Porque acho que tomam MUITO o nosso tempo com coisas muito pouco relevantes, com alto índice de spam. Estou nos de trabalho, por obrigação, e em mais uns poucos, mesmo assim porque não lotam demais de mensagens. Às vezes demoro horas para interagir nesses poucos grupos, porque não fico olhando o tempo todo.

#5 Afastamento físico

É difícil desligar do celular se ele permanece no seu bolso o dia inteiro. Quando chego em casa, geralmente deixo meu aparelho na bolsa e vou brincar com meu filho em outro cômodo, sem me preocupar. É comum meu marido ligar e eu só ver horas depois, por exemplo. Nos finais de semana, folgas e feriados, é comum eu passar boas horas sem nem saber onde meu aparelho está. Às vezes, em dias de folga, deixo o celular no silencioso e é só muitas horas depois que vejo que meu pai, por exemplo, me ligou.

#6 Silencioso

Se vou dormir, deixo o celular no silencioso sem falta. Retiro do “não perturbe” só quando já estou no carro, indo para o trabalho. Em folgas, fins de semana e feriados, também costumo deixá-lo no silencioso em boa parte do dia. E não tem nada melhor que viajar para um daqueles recantos cheios de mato e sem internet! Nem me preocupo em saber a senha do wi-fi.

Foto: Jonathan Kemper / Unsplash

#7 Nada de telinha na cama

Deixo o celular ao lado da minha cama apenas por causa do despertador e para consultar a hora, quando acordo de madrugada. Mas não gosto de ler coisas no smartphone antes de dormir. Se vejo que tem mensagens não lidas no Whatsapp, prefiro não lê-las antes de dormir também, porque muitas vezes acontece de me causarem preocupação (com trabalho, por exemplo) e eu ter insônia ou sonhos com trabalho durante boa parte da noite por causa disso. Geralmente, ativo o despertador, coloco o celular no criado, pego um livro e leio até pegar no sono, sem olhar para a telinha de novo. Também não gosto de acordar e ir mexer com o celular e é bem comum, nos fins de semana, que eu só vá ver o que estava no celular e me lembrar de tirá-lo do silencioso horas depois de ter acordado.

#8 Fim do Facebook

Em 2013 postei aqui no blog Oito Motivo para Deletarmos a Conta do Facebook. Muita gente comentou neste post e até hoje ele é bem acessado – o que mostra que tem muita gente pensando em deletar esta rede social cada dia mais inútil. Um trecho da reportagem da “Superinteressante” que indiquei ontem diz que o Facebook é usado por 81 minutos diários, em média. “Mas só gera sentimentos positivos durante os primeiros 22; nos 59 minutos seguintes, a pessoa fica cada vez mais infeliz”. Em março deste ano, finalmente me toquei de que perdia tempo no Facebook e deletei minha conta pessoal de lá (antes fazendo um backup das informações, que um dia podem ser úteis, e anotando os aniversários de quem interessa). Não senti nem um dia sequer de saudades. Ainda tenho a página do blog lá  (exclusivamente para divulgar os posts) e ainda trabalho com o Facebook, mas não tenho uma conta pessoal, com coleção de amigos, feed lotado etc. Não preciso nem dizer que não tenho o app do Facebook ou qualquer outro ligado a ele instalado no meu celular.

#9 Menos redes sociais em geral

No mais, estou no Twitter, no Instagram e no Linkedin. Muito porque meu trabalho requer que eu esteja nessas redes sociais. Como reduzir o tempo de uso delas? Não tenho app dessas redes instalado no meu smartphone – exceto pelo Instagram, obviamente, porque ele é um app. Ou seja, se quero ver o Twitter, acesso como um site. E tenho zero notificações dessas redes sociais me cutucando toda hora. No caso do Instagram, coloquei um aviso para apitar sempre que eu passar de 10 minutos por dia lá. Raramente passo, mesmo trabalhando com ele.

#10 Cuidado com as modinhas

Evito a todo custo aqueles aplicativos da moda, testes e outras “brincadeiras” que as pessoas costumam fazer, indo na onda, e que muitas vezes nada mais são que armadilhas para passarmos nossos dados a empresas de tecnologia – ou mesmo vírus. Confesso que, apesar do meu cuidado, já entrei em algumas modinhas, como aquele app que envelhece a gente. Nem sempre conseguimos ficar imunes às estratégias desse pessoal…

#11 Servir de exemplo

Tenho uma grande preocupação em não deixar meu filho no vácuo quando ele está falando comigo. Ele tem que ser mais importante do que quer que eu esteja lendo na tela do smartphone. Mas, mais ainda, me preocupo em não deixá-lo ver Youtube ou jogar joguinhos no celular. E olha que ele gosta! Mas é raríssimo ter acesso conosco. O máximo que instalei para ele foi o app da Netflix, porque às vezes eu deixo que ele veja desenhos animados (sem anúncios interrompendo toda hora) para combater o tédio de um restaurante, por exemplo.

Foto ilustrativa: Pixabay

Bom, as dicas que eu lembrei foram estas. Se eu lembrar de mais alguma, acrescento depois.

Sou bem-sucedida em ficar desconectada? Nem sempre. Às vezes estou muito pilhada com o trabalho, por exemplo, e fico acompanhando os grupos de WhatsApp do jornal mesmo em casa. Muitas vezes dirijo com o celular ao lado, não para usar enquanto dirijo, mas para checar a cada semáforo vermelho (o que não deixa de ser tão patético e viciante quanto). Mas credito muito à minha profissão essa necessidade de estar ligada o dia todo e acho que, mesmo sendo jornalista (e diretamente ligada a redes sociais e a internet, no meu trabalho), eu consigo me manter relativamente equilibrada por causa destas medidas simples acima.

O site da Center for Humane Technology, que citei no post de ontem, traz ainda outras dicas para você se manter no controle. Algumas eu já adotava e citei acima. Outras não consegui implementar, como aquela de deixar o celular em tons de cinza, sem nenhuma cor na tela. E uma passarei a considerar usar com mais frequência, que é a dica de mandar mais mensagens de áudio que de texto (e há uma explicação por trás disso). Curiosamente, o site indica vários aplicativos para instalar no seu smartphone para te ajudar nesse suposto processo de desconexão. Meio paradoxal, não?

E você, já tomou alguma medida para reduzir o vício da tecnologia? Compartilhe conosco nos comentários!


Leia outros posts sobre o vício ao smartphone:

Por Cristina Moreno de Castro (kikacastro)

Mineira de Beagá, jornalista (passagem por Folha de S.Paulo, g1 e TV Globo, UOL, O Tempo etc), blogueira há 20 anos, amante dos livros, poeta, cinéfila, blueseira, atleticana, politizada, otimista, aprendendo desde 2015 a ser a melhor mãe do mundo para o Luiz. Antirracista e antifascista.

2 comentários

  1. Eu baixei um aplicativo chamado AppBlock que bloqueia o acesso a redes sociais ou sites de acordo com o tempo estipulado pelo próprio usuário. Por exemplo, eu já programei para bloquear das 8:30 às 11:30 da manhã justamente para evitar “dar aquelas olhadinhas” ao longo da manhã. Ajudou bem durante o período que eu mais precisava de concentração e foco. No Instagram também coloquei alerta de 15 minutos. Facebook deletei aplicativo, só acesso via site e cada vez menos ( só mantenho conta lá por causa de algumas pessoas que não quero perder contato). Enfim, é realmente um vício e anti-produtivo em vários momentos.

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