Marisa Letícia, uma entrevista histórica do tempo em que a esperança podia vencer o medo

Texto escrito por José de Souza Castro:
Na sexta-feira, 27 de janeiro, a Carta Maior recuperou uma entrevista de Marisa Letícia Lula da Silva dada em 2002 ao site da campanha do PT. Na época, eu era editor da Rádio Alvorada e muito ligado à política, mas nunca soube dessa entrevista. Nem eu e, quero crer, nenhum dos jornais que eu lia, rádios que ouvia e canais de televisão a que assistia.
Quinze anos depois, com a entrevistada num hospital, lutando pela vida, e com o marido ameaçado de prisão a qualquer momento, faz sentido a publicação agora da entrevista. Uma entrevista histórica, que pode ser lida AQUI, abaixo do editorial de Saul Leblon.

Segundo o editor Joaquim Palhares, por causa da entrevista, o site da Carta Maior foi invadido e ameaçado por milhares e milhares, ativados por robôs, ficando fora do ar por vinte minutos, na tarde de sexta-feira.
Aos 52 anos de idade, Marisa Letícia, quatro filhos, revelou que o que mais a amedrontava era a violência que vitimava principalmente os jovens. “É o que me dá mais medo, me dá dó, dá pena. Mas eu sei que se essa juventude tiver a chance de uma escola, uma boa educação e trabalho, o país muda. Muda. Tenho certeza que muda.”
Fim da entrevista…
Em 2002, pensava-se que a esperança podia vencer o medo. E agora?
Posso parar por aqui, pois não tenho resposta a isso.
E porque quem se interessar pela entrevista poderá agora, ao contrário de 2002, ter fácil acesso a ela. No dia 27 de outubro de 2002, já conhecido o resultado das eleições, com a vitória de Lula, a “Folha de S.Paulo” publicou um pequeno texto com o título “Veja o perfil de Marisa, a ‘galega’ de Lula”, e mais uma vez ignorou a entrevista.

Vai continuar assim. Mas hoje a internet dificulta o trabalho de sabotagem exercido pela chamada grande imprensa contra os que têm alguma importância – não é o meu caso – e pensam como Lula.
Quem quiser ler um perfil da mulher de Lula bem mais interessante do que aquele que eu poderia escrever, ei-lo. Foi escrito em 2011 por Hildegard Angel, quando Marisa Letícia já não era a primeira-dama da República…
… E o medo não derrotara ainda a esperança.
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Cristina Moreno de Castro Ver tudo
Mineira de Beagá, jornalista, blogueira, poeta, blueseira, atleticana, otimista, aprendendo a ser mãe. Redes: www.facebook.com/blogdakikacastro, twitter.com/kikacastro www.goodreads.com/kikacastro. Mais blog: http://www.otempo.com.br/blogs/19.180341 e http://www.brasilpost.com.br/cristina-moreno-de-castro
Marisa Letícia não resistiu ao tratamento no Sirio Libanês. Na quinta-feira, 2 de fevereiro, depois da notícia de morte cerebral, amigos e oportunistas políticos correram ao hospital para dar as condolências a Lula. Entre eles, o ex-presidente FHC.
Dilma Rousseff, que estava em Paris fazendo palestras, antecipou sua volta ao Brasil E divulgou nota em que afirma: “Dona Marisa foi o esteio de sua família, a base para que Lula pudesse se dedicar de corpo e alma à luta pela construção de um outro Brasil, mais justo, mais solidário e menos desigual, desde as primeiras reuniões sindicais na Vila Euclides, passando pela fundação do PT e da CUT, até a chegada à Presidência da República. Nos últimos meses, ela e o presidente Lula foram vítimas de perseguições e experimentaram na pele grandes injustiças.”
Outra nota triste, esta da Folha de S. Paulo (http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/02/1855252-fhc-visita-lula-em-hospital-em-sp-dilma-antecipa-volta-da-europa.shtml ) noticiando a visita de FHC e a volta de Dilma:
“Dilma e Marisa nunca foram amigas. Com o avanço da Operação Lava Jato sobre Lula e sua família, a ex-primeira-dama costumava esbravejar a amigos contra Dilma, dizendo que ela nunca fez nada para ajudar o ex-presidente e, assim como ecoavam outros petistas, Marisa culpava Dilma pelo desgaste da imagem do PT.”
Essa peçonha já não pode matar Marisa Letícia – ela visa fazer mal a Dilma.
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Entre as reportagens sobre os últimos dias da mulher de Lula, gostei muito desta:
http://www.cartacapital.com.br/revista/939/lula-do-luto-a-luta . Porque ela encerra mensagem importante: a luta continua.
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