A guerra pelos olhos grandes de uma criança

Cena do filme 'A Menina que Roubava Livros'
Cena do filme 'A Menina que Roubava Livros'

Para ver no cinema: A MENINA QUE ROUBAVA LIVROS (The Book Thief)

Nota 8

Li o best-seller “A Menina que Roubava Livros“, do australiano Markus Zusak, no verão de 2008. Lembro que achei ótimo, bem escrito e que ele me fez chorar em algumas partes. Mas não posso dizer que tenha sido um livro marcante, porque, passados exatos seis anos, já não me lembrava de praticamente nada além do fato de a história se passar durante a Segunda Guerra Mundial.

E foi com esse espírito esquecido, mas na expectativa do choro, que fui assistir ao filme que adaptou o livro.

A primeira coisa que posso dizer é que o filme é bastante fiel ao romance. Foi me fazendo resgatar cada passagem e reviver cada sensação que eu tinha sentido em 2008. Até mesmo a narrativa de Zusak é preservada, por meio da narração bem-humorada da Morte, que parece deixar o drama da guerra quase suave e brincalhão. É como se eu estivesse lendo o livro de novo, na tela, mas o roteiro faz isso mantendo o ritmo, sem excesso de vagar ou de tédio, como às vezes acontece nesses casos.

O mérito é de um diretor de que nunca ouvi falar, Brian Percival, até então com experiência restrita aos filmes para televisão. Mas também é da jovem atriz canadense Sophie Nélisse, que dá vida à menina encantada com livros. Aqueles olhões expressivos dela conseguiram criar a imagem da menina que já tinha se acostumado a sofrer e que encarava aquela vida difícil com muita coragem. O elenco ainda conta com os experientes e maravilhosos Geoffrey Rush e Emily Watson. E com o ótimo novato Ben Schnetzer, no papel do judeu Max.

O filme só concorre ao Oscar pela trilha sonora original. Mas merecia entrar com o figurino — toda a caracterização dos anos 1940 é, aliás, impecável — e com o roteiro adaptado, pelo menos. Vai entender…

Não sei dizer se, daqui a seis anos, também terei me esquecido de quase tudo, ou se este filme será mais marcante do que foi o livro. Possivelmente não. É o mal dos filmes sobre a guerra: são sempre comoventes, a história sempre é boa (porque as guerras têm o único mérito de produzirem boas histórias), mas muitas vezes se perdem no novelo do gênero. De qualquer forma, aquelas duas horas foram uma experiência única de viagem pelo tempo até um dos períodos mais trágicos da nossa história, conduzida pelas mãos da Morte e de uma menina de olhos grandes que amava livros.

Assista ao trailer de ‘A Menina que Roubava Livros’:

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Por Cristina Moreno de Castro (kikacastro)

Mineira de Beagá, escritora, jornalista (passagem por Folha de S.Paulo, g1, TV Globo, O Tempo etc), blogueira há mais de 20 anos, amante dos livros, cinéfila, blueseira, atleticana, politizada, otimista, aprendendo desde 2015 a ser a melhor mãe do mundo para o Luiz. Autora dos livros A Vaga é Sua (Publifolha, 2010) e (Con)vivências (edição de autor, 2025). Antirracista e antifascista.

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