As formigas preguiçosas

Em uma mesma semana, vi uma tirinha e li um texto maravilhosos sobre as formigas.

Deve ser um sinal: coloque aí no seu blog, para as pessoas refletirem sobre essa vida de formiguinhas-que-só-trabalham que levamos (disse-me a cigarra, na falta de um grilo falante).

Então fiquem com esta. Uma dessas pequenas petulâncias contra as fábulas que engolimos desde crianças, ao melhor estilo das defesas de Domenico de Masi e seu ócio criativo.

Primeiro, a tirinha:

Agora, a ótima crônica do ótimo Antonio Prata:

“Primeiro aparece bem pequeno no canto dos jornais, como piada, mas rapidamente vêm as supostas comprovações e em poucos dias a notícia toma as manchetes: “Formigas são forma de vida inteligente, afirmam cientistas húngaros”.

De início você não acredita, mas também não acreditou quando alguém te ligou certa manhã, 11 anos atrás, avisando que os árabes estavam atacando os Estados Unidos, “Os árabes não existem!”, você disse, irritado e com sono, até que ligou a televisão e lá estavam as Torres Gêmeas desabando.

Superado o reflexo de ceticismo, portanto, você aceita, como acaba aceitando tudo na vida, um pé na bunda, a morte, a guerra: as formigas são uma forma de vida inteligente. Possuem linguagem, escrita, filosofia, ciência, arte. Nunca haviam dado bandeira porque não estavam afim de papo, mas um grupo dissidente de saúvas africanas marchou até a Hungria, invadiu o laboratório de um proeminente entomólogo e, sobre a bancada, alinhando seus próprios corpos, a primeira mensagem interespécies foi escrita: “Egyszeru!”, que significa “calma”, em húngaro. É dessa maneira que, daí pra frente, elas passam a se comunicar conosco.

O segundo grande choque, depois da descoberta da inteligência, é que as formigas não são os seres esforçados e trabalhadores do nosso senso comum, mas animais extremamente preguiçosos. Poderiam construir colmeias e produzir mel, se quisessem, poderiam fazer telescópios, hidroelétricas, colisores de hádrons, mas preferem esperar algum bicho cair duro ou alguma migalha ser derrubada da mesa e levar o botim para suas modestas moradas, onde se fartam de comer e beber e depois, empanturradas, cantam e dançam antigos sucessos de seu cancioneiro. (…)”

(Acabe de ler tudo AQUI… Vale a pena ;))

Por Cristina Moreno de Castro (kikacastro)

Mineira de Beagá, jornalista (passagem por Folha de S.Paulo, g1 e TV Globo, UOL, O Tempo etc), blogueira há 20 anos, amante dos livros, poeta, cinéfila, blueseira, atleticana, politizada, otimista, aprendendo desde 2015 a ser a melhor mãe do mundo para o Luiz. Antirracista e antifascista.

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