Em cartaz nos cinemas: O Brutalista (The Brutalist)
2024 | 3h34 de duração | Classificação: 18 anos | nota 9
Quem acompanha minhas resenhas aqui no blog sabe que tenho criticado a duração excessiva dos filmes nos últimos anos. Filmes com mais de três horas de duração têm se tornado comuns, e muitas vezes simplesmente falta uma tesoura neles.
Então imagino que estejam esperando crítica parecida para as 3 horas e 34 minutos deste “O Brutalista“, que é o quinto filme mais longo da história dos indicados a melhor filme no Oscar, e o mais longo nesta categoria desde “Cleópatra”, em 1963, que tinha 4 horas e 8 minutos.
Mas a verdade é que isso não me incomodou enquanto eu assistia a “O Brutalista”. Não sei se já fui ao cinema psicologicamente preparada para a duração, ou se os 15 minutos de intervalo no meio do filme aliviaram o cansaço – ou simplesmente se é porque este é um filmaço –, mas o fato é que os 215 minutos transcorreram bem.
O diretor justificou sua escolha, em entrevista, dizendo o seguinte:
“Às vezes mais é mais. A realidade é que essa história se passa em 35 anos, tem muitos personagens. Ela apenas leva o tempo que precisa. Qual é uma duração mais aceitável? (…) Um filme de duas horas e meia. Mesmo se eu cortasse uma hora do filme, ainda seria longo pra cacete. Então, eu só meio que pensei: ‘Quem se importa?’. Não importa. Acho que é o mesmo que criticar uma pintura por ser grande demais.”

Assistir a “O Brutalista” é uma verdadeira experiência. Você assiste ali a 33 anos da saga de um personagem totalmente fictício (mas inspirado em arquitetos judeus reais, também fugidos do Holocausto), tentando se encaixar na vida de imigrante nos Estados Unidos. Viciado em drogas, obcecado por sua obra, constantemente humilhado pelos que o acolhem.
O personagem do húngaro László Toth, interpretado por Adrien Brody, a bem da verdade, nem sempre gera empatia. A partir da segunda metade do filme, seu desespero é contrabalançado pelo equilíbrio e fragilidade da esposa Erzsébet, também brilhantemente interpretada por Felicity Jones. O homem que causa toda a instabilidade na vida dos imigrantes judeus é seu “benfeitor” milionário Harrison Lee Van Buren, interpretado por Guy Pearce.
Não à toa, os três foram indicados ao Oscar por suas atuações.

O filme também foi indicado em outras sete categorias: edição, direção, fotografia, design de produção, roteiro original, por sua trilha sonora impactante e na categoria de melhor filme do ano. Já ganhou uma penca de prêmios, incluindo cinco no Festival de Veneza, quatro no Bafta e três Globos de Ouro.
Enfim, os prêmios são merecidos. A corrida ao Oscar deste ano está disputada, com boas produções no páreo. “O Brutalista” é uma história épica sobre imigração, sobre o Holocausto, sobre orgulho, sobre a relação entre o dinheiro e a arte, sobre deixar uma marca no mundo, sobre a arquitetura e as belezas que os homens geniais deste mundo podem criar.
Leio agora na Wikipédia que a arquitetura brutalista, que viveu seu auge nas décadas de 1950 a 70, tem uma estética ousada, que privilegia o concreto cru (ou “brut”, em francês), com formas imponentes, geralmente simples e geométricas. Alguns outros adjetivos atribuídos a esta escola são: funcional, eficiente, moderna, honesta, autêntica, minimalista, integrada – “uma ideia de arquitetura como uma ferramenta para a igualdade social e o bem-estar público”, frequentemente associada ao socialismo. Niemeyer é um exemplo de arquiteto que usou elementos do brutalismo em suas obras no Brasil.
Quando o protagonista do filme é questionado por seu mecenas de por que decidiu ser arquiteto, ele responde algo sobre o potencial revolucionário das construções.
Se não fosse ficção, esta até poderia ser uma bela (e dura) história de vida real. Seja como for, este filme retrata um pesado bloco de concreto do que foi nosso século 20.
O Brutalista foi indicado a 10 Oscars em 2025:
E venceu estes 3 em destaque:
- Melhor ator principal
- Melhor ator coadjuvante
- Melhor atriz coadjuvante
- Melhor edição,
- Melhor direção,
- Melhor fotografia,
- Melhor design de produção,
- Melhor roteiro original,
- Melhor trilha sonora e
- Melhor filme do ano.
Assista ao trailer de O Brutalista:
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