Sonhos de Einstein: um livro com pequenas viagens sobre o tempo

Eu tinha lido este pequeno livro aos 16 anos, na versão original, em inglês: “Einstein’s Dreams“. Lembro que fiquei absolutamente encantada. Sempre gostei de histórias de viagens no tempo, e o livro é uma reunião de pequenas “viagens” para mundos malucos, em que o tempo funciona de formas bem diferentes das que conhecemos em nosso mundinho.

Anos depois, como aquele livro era emprestado, resolvi comprar esta edição de bolso, traduzida: “Sonhos de Einstein“. Não sei se foi porque eu tinha uma lembrança muito entusiasmada da primeira leitura, mas o fato é que esta me encantou bem menos. Em alguns momentos, achei o excesso de descrições do autor Alan Lightman meio cansativo, e tive dificuldade para me concentrar no início de alguns dos mundos, até entender seu funcionamento.

(Nota mental: “Cris, já te disse isso milhões de vezes, NUNCA releia um livro que você amou na adolescência!!!!! Pode ser o melhor livro do mundo, mas NUNCA vai ter o mesmo gostinho da primeira leitura, e ainda corre o risco de atrapalhar suas doces lembranças… Vê se aprende desta vez!”)

Mesmo perdendo um pouco da graça, o fato é que este livreto é muito interessante. É uma espécie de ficção científica poética, em forma de contos curtos. Cada um deles descreve um mundo imaginado (ou sonhado) por Einstein. Vou dar alguns exemplos:

• Um mundo que se repete idêntica e infinitamente, já que o tempo é um círculo fechado sobre si mesmo.
• Um mundo em que o tempo tem três dimensões, que acontecem simultaneamente.
• Um mundo em que o tempo passa mais devagar nos pontos mais distantes do centro da Terra e, por isso, todos se mudaram para as montanhas, tentando viver mais.
• Um mundo em que o tempo para mais devagar para quem está em alta velocidade, por isso todas as pessoas, coisas e edifícios estão em constante movimento.
• Um mundo em que a relação entre causa e efeito é instável e irregular.
• Um mundo em que todo mundo já sabe o dia exato em que ele acabará.
• Um mundo em que todos estão presos a algum fato do passado.
• Um mundo em que o tempo está parado.
• Um mundo sem tempo.
• Um mundo em que ninguém tem memória, ou seja, todos vivem exclusivamente no presente.
• Um mundo ao estilo Benjamin Button, em que as pessoas rejuvenescem com o passar do tempo.
• Um mundo em que as pessoas vivem apenas um dia.
• Um mundo em que as pessoas vivem eternamente.
• Um mundo em que as pessoas não conseguem entender a ideia de futuro. Ou seja, um mundo sem futuro.
• Um mundo em que o tempo é uma dimensão visível.
• Um mundo em que o Tempo é venerado como um deus.
• Um mundo em que o tempo é um fenômeno local, que varia de região para região.
• Um mundo com passado mutante.
• E outros tantos.

Cada mundo é descrito em no máximo três páginas, que contam também a consequência lógica de se viver em uma realidade como aquela relatada.

Há ainda breves interlúdios, em que vemos Albert Einstein (o responsável por sonhar esses diferentes mundos) convivendo com seu preocupado amigo Michele Besso.

Nesta segunda leitura, senti falta de Alan Lightman ter imaginado um sonho de Einstein como o que sugeri em 2011 aqui neste blog: um mundo em que todos nascem sabendo exatamente quando vão morrer, e todos morrem exatamente com a mesma idade. Ao contrário das catástrofes previstas pela maioria dos mundos, acho que seria interessante, vejam só.

Seja como for, ao concluir esta leitura, só podemos respirar aliviados por vivermos neste mundo que conhecemos – ou assim imaginamos, já que muitas das possibilidades pensadas pelo escritor, que também é físico e professor do MIT, poderiam estar acontecendo agora mesmo… e jamais saberíamos!

Sonhos de Einstein
Alan Lightman
Ed. Companhia de Bolso
105 páginas
R$ 33,68 na Amazon (preço consultado na data do post, sujeito a alteração)

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