Recentemente fui à festa de comemoração dos 100 mil seguidores do Barreiro Notícias, canal feito pela minha amiga Natália Oliveira, com quem trabalhei nas minhas duas passagens pelo jornal “O Tempo”. Hoje fui escrever sobre esse sucesso editorial e vi que já estava com mais de 104 mil assinantes. Como eu disse à Nat: não dou um ano para bater o primeiro milhão 🙂

Resolvi trazer essa história aqui para o blog, porque os jornalistas precisam se lembrar, de vez em quando, de por que resolveram fazer jornalismo, em primeiro lugar: para prestar um serviço de utilidade pública à sociedade.
(Ou será que alguém faz uma faculdade de jornalismo com o único objetivo de escrever textos que ranqueiam bem no Google? Bom, vai saber.)
A alma do jornalismo é informar o cidadão. A informação pode ser mais macro, pode ser uma análise da conjuntura universal de sei-lá-o-quê. Ou pode ser mais próxima do leitor, estar em sua vizinhança, no seu entorno.
Esses dois tipos de informação são relevantes, cada um à sua maneira. Mas o jornalismo local, de bairro, normalmente impacta mais diretamente a vida do leitor, por isso ele é mais notável enquanto prestador de serviço de utilidade pública, e também requer um senso de responsabilidade muito grande.
Uma grande via de acesso será fechada para a instalação de um galpão logístico. Isso impacta todos os milhares de motoristas que circulam por ali, no dia a dia.
A Defesa Civil testa uma nova ferramenta de alerta para situações de emergência. Isso impacta todo mundo que sofre com alagamentos e inundações nas temporadas de chuva.
Um ônibus desgovernado atinge vários carros e o Anel congestiona totalmente. Isso impacta todos os moradores do Barreiro que usam esta importante via para voltar para casa naquela sexta-feira.
Uma professora é afastada após denúncia de família com criança de 8 anos agredida. Isso impacta toda a comunidade escolar daquela região.
Estes são alguns exemplos de notícias recentes, publicadas no canal do Barreiro Notícias, todas com mais de mil curtidas. O canal tem cobertura de trânsito, crimes, negócios, vagas de emprego, atividades culturais, previsão do tempo, curiosidades, além de orientações úteis, como este post falando o que fazer se você estiver dentro do carro na hora que ocorrer uma enchente (que já teve mais de 6 mil curtidas).

Como eu disse à Nat, ela foi visionária, ao perceber que uma região do tamanho de muita cidade grande estava subnoticiada na chamada “grande imprensa”, e que havia uma demanda reprimida imensa por informações entre os moradores e frequentadores do Barreiro.
Estamos falando de uma região com 278 mil habitantes, segundo o último Censo do IBGE, a terceira mais populosa de Belo Horizonte. Se fosse uma cidade, o Barreiro seria a nona maior de Minas Gerais, à frente, por exemplo, de Governador Valadares (257.172 habitantes) e Divinópolis (231.091).
Nestes tempos em que o jornalismo macro está cada vez mais pasteurizado, com todos os veículos assinando as mesmas agências de notícias, ou usando as mesmas fontes em suas reportagens, talvez seja um bom momento para nos voltarmos ao jornalismo de vizinhança, que, ainda que esteja falando com milhares de pessoas, trata de assuntos mais locais, sem perder de vista a premissa principal do fazer jornalístico.
Parabéns à Nat Oliveira por ter percebido isso, por seu Barreiro Notícias e pelos frutos que está colhendo com ele. Que estes 100 mil seguidores sejam só uma primeira leva de muitas mais!
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“Se fosse uma cidade, Barreiro seria a nona maior de Minas”. À frente de Governador Valadares, que tem por exemplo, o Jornal de Governador Valadares, o Jornal da Cidade, o Diário do Rio Doce e o portal O Olhar; seria maior que Divinopolis, com o seu Jornal Agora, o Gazeta do Oeste, os portais DiviNews, MPA e G37. Acho que logo logo a brava e pioneira jornalista do Barreiro terá concorrentes. O que é bom para o jornalismo.
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Sem dúvida! 🙂
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