Vale da Eletrônica em Minas Gerais: otimismo e desafios

Cidade mineira Santa Rita do Sapucaí é conhecida como Vale da Eletrônica e é sede do evento HackTown. Foto: HackTown / Divulgação
Cidade mineira Santa Rita do Sapucaí é conhecida como Vale da Eletrônica e é sede do evento HackTown. Foto: HackTown / Divulgação

Texto escrito por José de Souza Castro:

O “Diário do Comércio” da última quarta-feira, 1º de agosto, publicou reportagem de Marco Aurélio Neves informando que empresas do Vale da Eletrônica se preparam para fornecer equipamentos de Inteligência Artificial, Internet das Coisas (IoT) e robótica. E esperam faturar neste ano entre 7 e 10 por cento mais que no ano passado.

Bem antes disso, escrevi muito sobre o desenvolvimento desse tipo de indústrias inovadoras em Santa Rita do Sapucaí, fundadas em sua maioria por técnicos formados numa escola da própria região, no Sul de Minas. No livro “O Enigma Salej“, que pode ser baixado sem ônus na biblioteca deste blog, citei várias vezes esse Vale da Eletrônica e o salto que experimentou quando Stefan Bogdan Salej presidiu a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).

O impulso inicial continuou pelo esforço dos próprios empresários, mesmo depois que Salej voltou ao país onde nasceu, a Eslovênia, e passou a trabalhar em outros países acompanhando sua mulher embaixadora, Débora Vainer Barenboim. Primeiro em Viena e depois na África do Sul. Por sinal, depois que se casaram, ele passou a se chamar Stefan Bogdan Barenboim Salej, uma atitude também inovadora.

Voltando ao Vale da Eletrônica, constatou Marco Aurélio, há ali uma expectativa de que o desenvolvimento da indústria 4.0 no Brasil gere uma demanda maior nos segmentos dos quais esse polo produtivo é fornecedor.

“Com entregas já programadas com distribuidores de todo o País, a demanda das empresas que compõem o Arranjo Produtivo Local (APL) de Eletroeletrônica de Santa Rita do Sapucaí foi positiva no primeiro semestre de 2024. A estimativa do APL é fechar o ano com crescimento de 7% a 10%”, diz o repórter do Diário do Comércio.

Ele ouviu do presidente do Sindicato das Indústrias de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares do Vale da Eletrônica (Sindvel), Roberto de Souza Pinto, que o APL Eletroeletrônico tem bastante expertise em produtos para IA, IoT e robótica.

Conforme Roberto, “as indústrias do Brasil, independentemente de setores, de todos os tipos, dependem dessas três inovações tecnológicas e nós somos fornecedores disto. Se essas empresas demandarem com sucesso, nós vamos crescer com sucesso”.

O principal desafio do Vale da Eletrônica atualmente, é investir constantemente em inovação tecnológica. É um setor de alto custo de matéria-prima e mão de obra. “Na Coreia, Estados Unidos, Taiwan, Japão, China, estão inovando por minuto. Temos que manter esse padrão de inovação junto, senão os produtos ficam descontinuados”, afirma o presidente do Sindvel.

A variação cambial é um desafio, pois de 38% a 42% da matéria-prima necessária para a fabricação de eletrônicos são importados. Desse modo, a recente desvalorização do real frente ao dólar afetou o capital de giro das empresas do Vale da Eletrônica, constata Roberto de Souza Pinto.

Com a necessidade de dispor de maior quantidade da moeda brasileira para aquisição da mesma quantidade de matéria-prima importada, a indústria local busca empréstimos bancários e tem enfrentado juros elevados.

Por outro lado, fica mais difícil importar produto acabado produzido pelos concorrentes estrangeiros. “É uma faca de dois gumes, afia de um lado e fica cega do outro. Tem que ter um lado bom pra cortar”, diz o presidente do Sindvel, que se prepara para recepcionar, até este domingo (4), em Santa Rita do Sapucaí, o HackTown, festival de inovação, negócios, tecnologia e criatividade que reunirá mais de 300 startups e terá mais de 100 painéis, mais de 800 palestras, entre diversas outras ações com milhares de executivos, profissionais e empreendedores dos setores da tecnologia.

Que os juros altos, o terceiro entre os maiores do mundo, não atrapalhem ainda mais a festa. Nesta quarta-feira, o Banco Central decidiu por unanimidade dos diretores – quatro deles nomeados por Lula – manter a Selic, nossa taxa básica de juros, em 10,5%.

Uma singela homenagem do BC a Santa Rita do Sapucaí.

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Por José de Souza Castro

Jornalista mineiro, desde 1972, com passagem – como repórter, redator, editor, chefe de reportagem ou chefe de redação – pelo Jornal do Brasil (16 anos), Estado de Minas (1), O Globo (2), Rádio Alvorada (8) e Hoje em Dia (1). É autor de vários livros e coautor do Blog da Kikacastro, ao lado da filha.

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