Vale ver no cinema: Folhas de Outono (Kuolleet lehdet)
2023 | 1h21 de duração | Classificação: 14 | nota 7
O grande problema com o filme “Folhas de Outono” não é o filme em si, mas a expectativa gerada em torno dele.
Ele foi o vencedor do Prêmio do Júri do Festival de Cannes neste ano. Foi eleito melhor filme do ano pela Federação Internacional de Críticos de Cinema (e isso é destacado bem no centro do cartaz do filme). Foi o escolhido pela Finlândia para concorrer ao Oscar de Melhor Filme Internacional no ano que vem.

E a expectativa nas alturas não era só minha. Fui primeiro ao cinema na rua da Bahia, achando que estaria vazio, e descobri, surpresa, que a sessão já estava ESGOTADA! Em seguida, fui ao Belas Artes, tive que esperar uma hora para ver o filme (aproveitei para apreciar a decoração de natal na Praça da Liberdade), e a sala também ficou razoavelmente cheia.
Com isso, entrei na sessão esperando ver um filme nota 10, excepcional, e acabei encontrando um nota 7. Expectativa é uma droga, rs.
Mesmo assim, “Folhas de Outono” é um bom filme. Se eu tivesse ido assistir de forma mais despretensiosa, com certeza teria gostado bem mais. (E teria dado uma nota maior, já que minhas notas são super subjetivas e mudam até de acordo com meu estado de espírito ao ver um filme, hehe).
É uma comédia dramática, ou drama com pitadas de humor, sobre duas pessoas extremamente solitárias que acabam se esbarrando pelas ruas de Helsinque.
Os personagens são típicos proletários do começo do século 20: trabalhadores braçais, que vagam entre subempregos e descansam em viagens de trem ou em pubs escuros.
Quando digo “do início do século 20”, não quero dizer que o filme se passe há mais de um século. Na verdade, embora a Finlândia retratada muitas vezes aparente estar parada no passado, o diretor e roteirista Aki Kaurismäki faz questão de destacar a atualidade da história, inclusive com repetidas inserções de rádio sobre a guerra na Ucrânia.
Ainda assim, seus protagonistas, Ansa (Alma Pöysti) e Holappa (Jussi Vatanen), não diferem muito, nem em hábitos nem em perspectivas, de um trabalhador dos tempos do fordismo.
O filme descreve suas vidas maquinais, frias, entediantes, interrompidas por pouquíssimos diálogos e nenhuma capacidade de sorrir. A gente, cá em nossa brasilidade quente e risonha, fica sem saber se todo finlandês é assim ou se são só esses dois. É interessante embrenhar por uma cultura tão distante da nossa (a começar pelo idioma enigmático).
Eles se encontram, se reconhecem. Se reencontram, se perdem. E ficamos assistindo, em pouco mais de uma hora, a essa historieta de amor truncada, difícil, custosa, cheia de obstáculos.
Como se aquelas duas almas solitárias e trabalhadoras não pudessem ter o luxo do amor.
Secos por dentro, como as folhas de outono, mas ainda cheios de beleza.
Assista ao trailer de ‘Folhas de Outono’:
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