Texto escrito por José de Souza Castro:
Volto a um tema recorrente, a Petrobras. No último artigo que escrevi a respeito, em março passado, eu dizia sobre a luta pelo domínio do Conselho de Administração da maior estatal brasileira. A Federação Única dos Petroleiros (FUP) denunciava que o novo ministro das Minas e Energia (MME) havia indicado quatro novos conselheiros, “todos ligados ao bolsonarismo, ao mercado financeiro e a favor das privatizações“.
Pois na última semana a Assembleia Geral Ordinária aprovou os nomes de oito novos conselheiros (de um total de 11, três não estavam em disputa e seus ocupantes continuam nos cargos). Pelo menos em parte, a maioria dos acionistas acatou propostas do governo Lula, como a redução do aumento dos salários dos nove diretores estatutários, incluindo o presidente, Jean Paul Prates.
Prates foi nomeado presidente por Lula, interinamente, até seu nome ser aprovado pela AGO, e disse que se absteve de votar os salários. O Conselho de Administração havia proposto reajuste de 37,1% e os acionistas aprovaram aumento de 13%, num total de R$ 44,98 milhões em 12 meses, a serem divididos pelos nove diretores.
No último ano do governo Bolsonaro, a Petrobras havia lucrado R$ 188,3 bilhões, um recorde entre as empresas listadas na bolsa de valores no Brasil, e era criticada pela generosidade dos pagamentos aos acionistas, em prejuízo de investimentos tão necessários à empresa.
A AGO aprovou novos dividendos de R$ 35,8 bilhões, que somados aos antecipados no ano passado, totalizam R$ 222,5 bilhões.
Não lamento ter deixado a Petrobras no início de 1970, após seis anos na empresa, mas deveria ter investido em suas ações.
Lembro que, em março, com dois meses de governo Lula, prometia-se que seriam mudadas as regras de distribuição de dividendos, mas na AGO o assunto ficou esquecido. Afinal, a União é dona de 36,6% das ações totais e receberá R$ 13,6 bilhões de novos dividendos. E não precisará ouvir a gritaria de protesto dos investidores.
Talvez a FUP ainda reclame que “a Petrobras se transformou em uma máquina de pagar dividendos“. Mas quem se importa?
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