‘Ataque dos Cães’: fora o roteiro, edição e trilha, um bom filme
Vale conferir na Netflix: ATAQUE DOS CÃES (The Power of the Dog)
Nota 6

Confesso logo de cara que eu estava com muita preguiça de ver este filme. Mesmo ele tendo o maior número de indicações ao Oscar deste ano (12, ao todo, inclusive de melhor filme, direção e roteiro). Mesmo ele tendo atores excepcionais como Benedict Cumberbatch (que, aliás, domina as duas horas de filme) e Kirsten Dunst. Mesmo ele estando disponível na Netflix.
O motivo é simples: tenho preguiça de filmes de caubóis.
Mas aí fui assistir. E o motivo por eu não ter gostado tanto do filme não tem nada a ver com as paisagens de caubóis.
O grande problema é que o filme se perde em excesso de sutilezas. Vai contando tudo de forma tão escorregadia que o resultado é um ritmo lento e entediante em boa parte do tempo. Prejudicado, aliás, por uma trilha sonora desafinada e irritante que pretende forçar ainda mais a sensação de tensão, de colapso iminente.

Chega a ser um anticlímax a construção de um roteiro que gera essa tensão a cada minuto, que tem personagens em ponto de ebulição, que vai evoluindo em torno de um ápice… e, quando esse ápice chega, ele é, de novo, tão sutil, que quase passa batido. Vira um não ápice.
Há aí, para mim, um problema de roteiro e de edição. E da já mencionada trilha sonora. No entanto, para ser justa, em todos os outros quesitos o filme cumpre bem seu papel: tem uma fotografia impecável, um design de produção perfeito, e os quatro atores principais são tão incríveis que todos eles foram indicados ao Oscar.
Benedict Cumberbatch emana o fedor de seu personagem, assim como a eletricidade violenta dele, que gera caos e desordem em tudo ao redor. Acho que uns 80% do filme se passam diante dele, então é imprescindível que sua atuação seja milimétrica, que ele seja o irmão agressivo que torna a vida da nova cunhada um inferno e gere a tensão que vai se acumulando ao longo das duas horas. Acredito que este seja o papel de sua vida e que ele possa levar a premiação de melhor ator por isso.

Kirsten Dunst me encanta desde que era novinha, em seus primeiros papéis. Neste filme ela faz a segunda protagonista, embora esteja concorrendo como atriz coadjuvante. A pessoa a quebrar, a esfacelar, diante da nova rotina com o cunhado Phil. E temos ainda os excelentes Jesse Plemons, que faz o irmão incapaz de gerar qualquer tipo de atrito, e Kodi Smit-McPhee, que faz um dos personagens mais intrigantes do filme.
Só essas atuações já justificam a nota que eu dei para “Ataque dos Cães” passar de ano. Mas, olha, nenhum deles está com a estatueta em mãos ainda não, viu? A concorrência deste ano está bravíssima. Talvez a já premiada diretora Jane Campion tenha mais sorte, inclusive porque foi quem levou a melhor na premiação do sindicato dos diretores, no Bafta e no Globo de Ouro. Embora, no meu coração, Kenneth Branagh e seu lindo “Belfast” mereça mais.
Veremos quais surpresas a cerimônia do 27 de março nos reservará.
Assista ao trailer do filme:
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Cristina Moreno de Castro Ver tudo
Mineira de Beagá, jornalista, blogueira, poeta, blueseira, atleticana, otimista, aprendendo a ser mãe. Redes: www.facebook.com/blogdakikacastro, twitter.com/kikacastro www.goodreads.com/kikacastro. Mais blog: http://www.otempo.com.br/blogs/19.180341 e http://www.brasilpost.com.br/cristina-moreno-de-castro