Nas últimas duas semanas, recebi três contribuições de textos enviados por leitores. Publico hoje mais uma, enviado pela escritora e poeta Maria Lourdes da Silva, que é da cidade de Mogi das Cruzes, interior paulista. Ela cursa licenciatura em filosofia e já tem um romance publicado, que pode ser comprado AQUI.
Vamos ao conto dela:

“Eu e meus irmãos brincávamos no quintal, que naquele tempo tinha vegetações com algumas árvores frutíferas, touceiras, ramas e um poço bem no meio. O céu estava todo alegre e colorido por conta das pipas que flutuavam nos ares e se misturavam com as nuvens brancas, o sol estava quente.
Meu irmão Murilo nos presentou com pipas e a minha era uma raia amarela. Ele era o campeão da rua nos campeonatos de pipas que aconteciam no bairro. Mamãe havia saído para a sua luta diária revendendo os seus cosméticos e produtos de beleza.
Pedrinho, o irmão do meio, estava tão empolgado com sua pipa azul que, quando a lançou no céu, gritava : “Tá voando! Tá voando!”
O que não esperávamos é que ele, andando de costas dando linha em sua pipa, caísse no poço… Foi uma gritaria imensa. Eu, distraída com minha raia que não subia, olhei para o alto e vi a pipa azul do Pedrinho declinar no céu… mas ele já estava dentro do poço.
Olhamos pela borda e ele estava submerso às águas, agarrado, segurando a tábua que tampava o poço e que o salvou de um afogamento.
Senhor Araújo era um vizinho muito alegre e tranquilo e escutou os gritos de mamãe, que chegou no mesmo instante. Pulou a cerca de bambu que separava as três casas vizinhas, num ímpeto e agilidade extraordinários, e o retirou do poço jogando-o para os braços de minha mãe. Os vizinhos que se aglomeraram no portão o aplaudiram como herói.
A tarde passou com todo aquele tumulto, a casa encheu de gente e mamãe convidou a todos para que entrassem para tomarem um café após aquele susto.
Fui a última a entrar, parei na porta da cozinha, olhei para o quintal em volta do poço, as pipas jogadas e abandonadas no chão, o poço ainda destampado, e observei no céu — a lua, testemunhando um pouco daquele momento. Senti medo, mas, aliviada por ter acabado tudo bem, entrei e fechei a porta.”
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Adorei o texto… da pra formar com clareza as imagens que estão no texto
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Verdade!
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