Texto escrito por José de Souza Castro:
O Portal da Transparência do Estado de Minas Gerais não informa o total da dívida do Estado com a União, mas revela que o governo Antonio Anastasia (PSDB) gastou nos primeiros nove meses deste ano R$ 1,59 bilhão com a amortização da dívida e mais R$ 1,70 bilhão com o pagamento de juros e encargos dessa dívida. Isso dá, em média, R$ 366,56 milhões por mês.
A primeira questão: por que o governo tucano mineiro esconde do público o valor atual da dívida contraída quando o governador Eduardo Azeredo se curvou às exigências do governo federal, que tinha à frente o também tucano Fernando Henrique Cardoso, para renegociar as dívidas do Estado que eram roladas diariamente no mercado financeiro?
A segunda questão: por que uma dívida que somava R$ 18,6 bilhões em 31 de dezembro de 1998, quando Azeredo deixou o governo porque não conseguiu se reeleger, mesmo usando recursos públicos na campanha eleitoral, chegou a um patamar tão alto que o atual governador julga prudente não revelar?
Quem quiser conhecer a história desse endividamento pode ler o livro de Durval Ângelo “O voo do tucano”, publicado em 1999 pela editora O Lutador, de Belo Horizonte. Está disponível em PDF na Internet, nos seguintes endereços:
Quando o então deputado petista Durval Ângelo fazia na Assembleia Legislativa oposição ao governo estadual, o presidente da Casa era Anderson Adauto (PMDB), que acaba de ser inocentado pelo Supremo no julgamento do chamado mensalão petista, enquanto o hoje deputado Eduardo Azeredo espera a vez de ser julgado pelo mensalão tucano. Adauto foi o autor do prefácio do livro, e escreveu, em 1999:
“No caso de Minas Gerais, o dispêndio com a administração da dívida era, em média, de R$ 8 milhões por mês. Hoje a amortização e os juros consomem mais de R$ 80 milhões mensalmente”.
Hoje, como vimos, ultrapassam os R$ 366,56 milhões por mês. E o governo garante que tem feito as amortizações rigorosamente em dia. É o milagre brasileiro da multiplicação dos pães.
Já que entramos nessa área milagrosa, outro trecho do livro escrito há 13 anos e que tem tudo para ter um interesse renovado: “O governo Azeredo encontrou uma dívida flutuante de R$ 903 milhões. Em dezembro de 1988, ela já era três vezes maior: R$ 3,3 bilhões”.
Terceira questão: como pode isso acontecer, se nesses quatro anos de governo Azeredo fez tudo que seu mestre mandava? Por exemplo, vendeu 33% das ações da Cemig a empresas estrangeiras que passaram, apesar de minoritárias, a comandar a estatal; e embolsou R$ 713 milhões com a venda do Bemge e do Credireal.
A resposta para isso se encontra no livro de Durval Ângelo. Sim, Durval – o candidato petista a prefeito de Contagem derrotado no último domingo por Carlin Moura, do PCdoB, apoiado pelo ex-prefeito e ex-governador Newton Cardoso (que se tornou nacionalmente famoso por sua honestidade em cargos públicos). E Anderson Adauto, atual prefeito de Uberaba, viu seu candidato à sucessão pelo PMDB, deputado federal Paulo Piau, vencer o candidato apoiado pelo senador tucano Aécio Neves, Antônio Lerin, do PSB. O derrotado Lerin disse que o adversário Piau comprou votos e vai entrar na Justiça para anular o resultado das eleições na cidade.
São as voltas que a história dá.
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É realmente complicado, o pior é que até isso tudo sair na mídia já roubaram até demais que fica até difícil inventar uma boa desculpa… e o povo é que sai ferido outra vez!!
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