Lembremo-nos deste nome: Mohamed Bouazizi

Mohamed Bouazizi era um rapaz de 26 anos, pouco mais velho que eu. Depois da escola, sem melhores oportunidades, foi vender frutas e verduras em uma carrinho na cidade de Sidi Bouzid, na Tunísia.

Poderia ser só mais um vendedor de frutas, como os três que existem na minha rua. Mas virou herói nacional.

O país vivia a ditadura de Ben Ali há 23 anos. Como costuma acontecer em ditaduras, vivia também corrupção. Bouazizi vivia sendo extorquido pelos policiais e fiscais tunisianos.

Um dia, essas autoridades confiscaram seu carrinho, alegando que a venda ambulante era ilegal. Ele tentou apelar no governo local, já que aquela era sua única forma de subsistência e ele ainda ajudava a sustentar a mãe, viúva, e os irmãos. Foi ignorado.

Revoltado com esse governo corrupto, que lhe sugara até as últimas formas de viver com dignidade, comprou duas latas de tíner e colocou fogo sobre si mesmo em frente ao prédio do governo.

A foto de sua autoimulação rodou o mundo. Ele só morreu 17 dias depois, em 4 de janeiro.

Graças à atitude ao mesmo tempo desesperada, corajosa, ousada e heróica de Bouazizi, a Tunísia se revirou em milhares de outros protestos. O ditador caiu.

A fúria dos tunisianos se propagou pela região. Outros protestos ocorreram, em maior ou menor grau, na Argélia, Líbia, Jordânia, Mauritânia, Omã, Iêmen, Arábia Saudita, Líbano, Síria e, agora no Egito.

A última notícia que ouvi é que a cúpula do partido de Mubarak, ditador egípcio, renunciou hoje. Ele ainda continua, mas provavelmente vai cair também. O que não se sabe é se o grupo que ocupará seu lugar será melhor ou pior (a Irmandade Muçulmana, principal oposição de Mubarak, prometeu que, se ocupar o poder, não encherá o país de aiatolás fanáticos como ocorreu no Irã. A conferir).

O importante é que as pessoas não estão mais caladas diante de governos corruptos, sanguinários e ditatoriais. Estão se revoltando. Milhares de heróis indo às ruas e promovendo uma verdadeira revolução. Inspirados em um herói cujo nome deve ser lembrado para sempre: Mohamed Bouazizi.