- Texto escrito por Cristina Moreno de Castro
Vou de novo me valer deste recurso de juntar um monte de resenhas mais curtinhas, pra dar conta de divulgar todas as coisas legais, que quero muito ver registradas aqui no blog, mas sem tomar tanto o meu tempo, que anda meio apertado ultimamente 😉 Vamos lá!
Dica 1: filme “O Último Azul”, em cartaz nos cinemas
Vale a pena assistir: O Último Azul
2025 | 1h25 de duração | Classificação: 14 anos | nota 8

Fiquei com vontade de ver “O Último Azul” desde soube, ainda em fevereiro, que ele tinha sido premiado com o Urso de Prata na 75ª edição do Festival Internacional de Cinema de Berlim.
Quando me aprofundei sobre o filme e descobri que era sobre envelhecimento e etarismo num mundo distópico (como vocês sabem, acho distopias muito necessárias para provocar nossas reflexões), a vontade cresceu ainda mais.
Ontem, ao assistir, ainda fui presenteada com as belas atuações da protagonista Denise Weinberg e do sempre ótimo Rodrigo Santoro. E com uma fotografia que soube aproveitar cada pitaco da beleza e da atmosfera de mistério da Amazônia, ainda enriquecida por uma trilha original com ares de sci-fi. A qualidade do áudio também é muito boa – uma raridade em filmes nacionais.
A sinopse simples é a seguinte: o governo do Brasil resolve que todas as pessoas com mais de 75 anos devem ser levadas para uma colônia, para não atrapalhar seus filhos, ainda trabalhadores produtivos, com as preocupações e gastos com os cuidados. Mais que isso: ao atingir essa idade, os velhos perdem a autonomia para tomar decisões, usar o próprio dinheiro, ir e vir. Sua “guarda” é transferida compulsoriamente para alguém mais novo. “Cata-velhos” andam pelas ruas e guardas conferem documentos a todo momento.
A intenção óbvia da história é a reflexão sobre o direito a envelhecer e a seguir vivendo uma vida plena e livre a qualquer idade. O direito que todos temos de sermos donos de nossos narizes independente de termos nos tornado “idosos”. A crítica óbvia é a uma sociedade que trata os idosos como algo descartável, como pessoas “no fim da vida”, que não podem mais sonhar, desejar, explorar o mundo ou a si mesmos.
Como resumiu o diretor Gabriel Mascaro, ao receber o prêmio em Berlim: “O Último Azul fala sobre o direito de sonhar e a crença de que nunca é tarde para encontrar um novo significado na vida”. Que assim seja.
Assista ao trailer de O Último Azul:
Dica 2: livro ‘Revolução das Plantas’, de Stefano Mancuso
Revolução das Plantas: um novo modelo para o futuro, Stefano Mancuso
Ubu Editora, 188 páginas
R$ 47,38 na Amazon (preço consultado na data do post; sujeito a alterações)
Vocês já devem ter ouvido falar, talvez pelo best-seller “A vida secreta das árvores“, que as plantas se comunicam, se relacionam, têm memória etc. Se não ouviram, bom, é isso aí. Neste livro do botânico italiano Stefano Mancuso, entramos mais a fundo nesses conceitos sobre como as plantas evoluíram no Planeta Terra de uma maneira bem diferente dos animais, mas ainda assim inteligentíssima.
Somos apresentados a uma forma de ver as plantas bem menos passiva do que fomos ensinados nas escolas. Elas não só se comunicam e guardam memórias: também são capazes de enxergar, aprender, manipular e conseguem se adaptar até aos ambientes mais precários, como o deserto mais seco do mundo, o espaço sideral sem gravidade e o mar salgado.
Mancuso nos estimula a aprender com as plantas e usarmos a inteligência delas para nossa própria sobrevivência. Terminamos a leitura indignados, e solidários ao autor, com o pouco caso deste mundo louco. O livro, vencedor do XII Prêmio Galileo de escrita literária de divulgação científica 2018, é parte de uma tetralogia, que também inclui “A incrível viagem das plantas“, “Nação das Plantas” e “A Planta do Mundo“, todos editados pela Ubu.
Dica 3: livro ‘Meninas’, de Liudmila Ulítskaia
Meninas, Liudmila Ulítskaia
Ed. 34, 167 páginas
R$ 43 na Amazon (preço consultado na data do post; sujeito a alterações)
Quando peguei este livro na biblioteca, o Rafa Mussolini, bibliotecário, comentou que nunca tinha ouvido falar em uma escritora russa. E eu parei pra pensar que eu também nunca tinha lido nada de mulheres russas. E olha que já li muitos russos até meus 20 anos – adorava todos eles, Dostoiévski, Gorki…, mas não lia nada da Rússia desde 2005! :-O
Nunca tinha ouvido falar em Liudmila, que, segundo a contracapa deste livro, é vencedora do prêmio Simone de Beauvoir e cotada para o Nobel de Literatura. Não canso de me espantar com minha ignorância!
Achei este primeiro livro que li dela muito impressionante. A linguagem fluida (às vezes atravancada só pelos nomes difíceis dos russos, que sempre me bugaram), a temática da infância no auge da União Soviética (as histórias se passam em 1953 e 1954) e o que achei mais legal: a forma como as personagens aparecem em todos os seis contos, conectando um ao outro no que a autora definiu como um “romance fractal”.
Ou seja, não é romance, mas não são contos independentes tampouco. É um jogo de quebra-cabeças sem protagonistas óbvias, ou com protagonistas que se alternam, e que, no todo, retrata um grupo, uma geração, algo coletivo.
Por ter personagens de 10 a 13 anos, temos a ilusão de que as histórias são sobre assuntos inocentes, puros, infantis. Mas na verdade a autora insere situações de violências (ou maldades) em matizes variados, vistas pela ótica das crianças. Como já falei sobre o livro “Kramp“, e tantos outros. Esse é um tipo de narrativa que muito me atrai, além daquelas que têm um pouco de autobiográficas, como também é o caso deste “Meninas”.
Fiquei com vontade de conhecer mais escritoras russas, e na torcida para que elas possam chegar até nossas editoras brasileiras.
Dica 4: Exposição Um grão de domingo, de Cao Guimarães
Trata-se de uma exposição gratuita, em cartaz na Galeria de Arte do Centro Cultural Unimed-BH Minas até o dia 21 de setembro.
As obras de que mais gostei foram as de uma série chamada de “Gambiarras”. Deu vontade de dar meus próprios nomes para cada uma daquelas fotografias, e foi exatamente o que fiz no dia:

Além disso, tem um vídeo de 13 minutos, exibido no fundo, que mostra o rolezinho de uma lagarta e o final surpreendente dele. Fiquei bastante imersa, achei muito bom de ver (tanto que já vi duas vezes, rs).
Período expositivo: até 21 de setembro de 2025
Local: Galeria de Arte do Centro Cultural Unimed-BH Minas
Endereço: Rua da Bahia, 2.244, Lourdes, Belo Horizonte
Horário: terça a sábado, das 10h às 20h. Domingos e feriados, das 11h às 19h
Entrada gratuita
Mais informações no site
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