- Texto escrito por Beto Trajano
Hoje não parei para ver em detalhes os interrogatórios da tentativa de golpe, mas fiquei com o fone ligado e consegui acompanhar alguns momentos importantes deste segundo dia de oitivas no Supremo Tribunal Federal.
Alguns pontos me chamaram a atenção. Homens que se portam como corajosos e valentes em algumas situações, no cara a cara com a Justiça se tornam Frajolas, e se desculpam por palavrões, por falsas acusações e até choram. Não é juízo de valor, são cenas de um julgamento.
Os que até outro dia se autodenominavam “imbrocháveis” se comportaram de forma menor que o Piu-Piu do desenho animado. É como aquela famosa frase que já virou um ditado popular: tigrão para uns, tchutchuca para outros.

5 destaques do 2º dia do interrogatório da tentativa de golpe no STF
Fiz algumas anotações sobre o que pude acompanhar dos interrogatórios e vou colocá-las a seguir, em 5 pontos principais.
#1 Pobre coitado – O Almirante Garnier, ex-chefe da Marinha, chorou quando disse ao Xandão que não pôde ir à passagem de cargo dele por conflitos de datas, e depois de mais de 50 anos na corporação, não conseguiu receber as homenagens de tiros e desfile de lancha a que tinha direito. A voz dele embargou, os olhos lacrimejaram.
#2 Fora de si – O ex-ministro da Justiça Anderson Torres, que bradou palavrões em uma reunião gravada, pediu desculpas ao ministro Alexandre pela linguagem chula e de baixo calão com que foi flagrado pelas câmeras. Disse que estava exaltado quando proferiu palavras agressivas contra o STF.

#3 Batata quente – Ainda no depoimento dele, um momento me chamou a atenção. Torres disse que, se o protocolo de segurança tivesse sido cumprido, o 8 de janeiro não teria ocorrido e ainda que ficou impressionado com a facilidade com que o Palácio do Planalto foi invadido. Por fim afirmou que no Distrito Federal as forças de segurança não são subordinadas ao secretário, cargo que ele ocupava, e sim ao governador. Sobre estes pontos, cabe refletir: se foi tão fácil, pode ter ocorrido facilitação. E, se alguém falhou na estratégia, ele jogou no colo do governador e tirou o dele da reta.
#4 Só love – General Heleno, por quem Bolsonaro disse que é um “apaixonado confesso”, logo no início pediu ao advogado que falasse ao Xandão que iria responder apenas a perguntas de sua defesa.
#5 A mesma ladainha de sempre – Já o depoimento do Bolsonaro foi bem político. Na primeira oportunidade de fala, ele quase resgatou o famigerado kit gay, quando disse que era religioso e defensor das crianças na escola. Lembrou que na campanha foi chamado de pedófilo. Nesta hora, Xandão reforçou que a campanha adversária foi proibida de propagar esta acusação. Reclamou que teve diversos impedimentos do STF na campanha em relação a veiculação de imagens do adversário e disse que foi prejudicado por isto. Fez vários ataques ao sistema eleitoral brasileiro, defendeu o voto impresso e disse até que o do Paraguai é o melhor. Um detalhe que me chamou a atenção foi ele levar um exemplar impresso da Constituição e sempre fazer questão de mostrar. Ainda chamou o Xandão para ser vice dele nas próximas eleições. Seria uma declaração de admiração ou um deboche descarado? Em resumo, achei que ele estava bem treinadinho pelos advogados e muito à vontade no interrogatório.
O dia foi importante para a história do Brasil. Vamos ver o que virá pela frente. Mas uma coisa me chamou a atenção: tirando o Cid, ninguém teve a coragem de chegar ali e assumir qualquer culpa. Todos se esquivaram e pediram desculpas. Assim, o colarinho branco segue prosperando, num país onde a Justiça e a Lei têm um lado bem definido.
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