Texto escrito por José de Souza Castro:
Estou relendo um livro que tenho desde 2008 em inglês, pois não foi traduzido, e que me parece muito interessante nestes tempos de Trump, o mandachuva dos Estados Unidos. O livro lançado há 26 anos – “The Limits of Power: The End of American Exceptionalism” – me chamou a atenção ao ser incluído na lista de best-seller do “The New York Times”.
O livro do historiador americano Andrew J. Bacevich gasta apenas 11 linhas com a China ao descrever o possível fim do império americano frente ao atual poderio político e econômico desse gigante asiático. E não perde tempo com Brasil e nenhum político brasileiro.
O autor, hoje com 77 anos, é formado em História pela Universidade de Princeton e professor emérito de Relações Internacionais e História na Universidade de Boston. Fez graduação na U.S. Miltary Academy.
Em 2008, já tinha publicado vários livros, entre os quais “The New American Militarism”, e colecionava prêmios por sua obra. Inúmeros artigos dele saíram em revistas e jornais importantes. Portanto, não poderia ser ignorado pelos civis e militares que ajudaram Trump no anúncio da última semana e impulsionaram o isolamento e a decadência do império.

Bacevich tinha motivos para dar pouca importância à China na época. O país vivia ainda os efeitos de um século de humilhação sob o império britânico. Verdade que, com a revolução de 1949 liderada por Mao Tsé-Tung, o Partido Comunista chegou ao poder na China mas, mesmo assim, o país continuava pobre e inexpressivo no cenário mundial (tanto como o Brasil) e não oferecia perigo à hegemonia americana reforçada ao fim da Segunda Guerra Mundial.
Só para comparar, em 2008, o comércio do Brasil com a China representava 10% do total, um avanço em relação a 2001 (2,8%). Mas com Estados Unidos e União Europeia era de 34,5%. Entre 2011 e começo de 2020, a média chegou a 18,8% no comércio brasileiro com a China. Desde 2023, a China tem 26,4% do total da corrente de comércio de bens do Brasil, na média.
Esses últimos dados são do artigo de Vinicius Torres Freire na “Folha de S.Paulo” de domingo, intitulado “Como o Brasil vai lidar com China e EUA no execrável mundo novo de Trump“.
“Depois da guerra econômica de Donald Trump, pode ser que China venha a ter mais peso no comércio do Brasil do que americanos e europeus”, diz o colunista.
Outro colunista do mesmo jornal, o sociólogo Celso Rocha de Barros, critica:
“O Reino Unido tem muito a comemorar. Afinal, desde que Donald Trump anunciou seu tarifaço na quarta-feira (2), o brexit deixou de ser o suicídio geopolítico mais idiota de um país rico nas últimas décadas.”
Concordo. Eu não poderia escrever melhor. Mas estou esperando uma análise de Andrew J. Bacevich.
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