Conclave: leia minha resenha e veja o trailer do filme

Ralph Fiennes é o protagonista de Conclave.
Ralph Fiennes é o protagonista de Conclave.

Vale ver: Conclave
2024 | 2h de duração | Classificação: 12 anos | nota 9

Se não me engano, este “Conclave” foi o segundo melhor filme que vi desta temporada de Oscar. Perdeu apenas para “Ainda Estou Aqui“, o único nota 10 que eu vi até agora. Um filmaço.

Estamos falando de um thriller de primeira. Um suspense que mistura religião e política – disputa pelo poder – como não via há muito tempo. Sim, porque a gente imagina, quando um papa morre, que os cardeais se reúnem inocentemente na Capela Sistina e ficam lá, rezando e escolhendo o próximo papa, né? Mas o que este filme mostra é muito diferente.

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Temos ali um grupo de cardeais com pensamentos diversos, refletindo muito bem este mundo polarizado em que estamos todos vivendo. De um lado, os mais conservadores, defendendo a volta da Igreja Católica para seus primórdios, o endurecimento contra mulheres, gays e minorias em geral, a volta das cerimônias em latim, coisas assim. De outro, o grupo de “liberais”, que defendem uma reforma na instituição milenar e uma flexibilização em algumas ideias rígidas do passado.

Nesse bolo também temos os homens da igreja, muito homens, que passam pano para (quando não cometem) corrupção, escândalos sexuais e outros crimes diversos.

Pois bem, agora imaginem estas dezenas de homens reunidas para decidir o novo papa, em poucas horas ou dias, para alcançar um consenso improvável em torno do que será o novo homem mais poderoso da Igreja.

Cena do filme Conclave
Cena do filme Conclave

O que o livro de Robert Harris agora adaptado para o cinema mostra é que esse tipo de reunião jamais poderia ser pacífico. É sangue nos olhos, tapetes puxados, conspirações, jogos políticos, campanhas na surdina e, claro, algumas tramas obscuras por baixo dos panos. Não à toa o cenário de um voto pode mudar drasticamente de uma hora pra outra, bastando poucos “rumores”, mesmo entre homens que teoricamente estão totalmente isolados do mundo.

“Conclave” mostra isso tudo e nos faz acompanhar essa trama com muito interesse, quase sem piscar os olhos, sem ver o tempo passar, torcendo por A ou B, pensando em como o burburinho da vez vai se desdobrar.

A tensão e o suspense são amplamente favorecidos também por uma trilha sonora maravilhosa, que não à toa foi indicada ao Oscar. O responsável por ela, Volker Bertelmann, também esteve com o diretor Edward Berger em seu “Nada de Novo no Front” – e levou a estatueta desta categoria. Acredito que tenha grandes chances de vencer de novo.

Mas o filme ainda concorre em outras sete categorias: melhor ator, pela excelente atuação de Ralph Fiennes, melhor atriz coadjuvante, com Isabella Rossellini e sua Irmã Ages, melhor roteiro adaptado, melhor edição, melhor design de produção, melhor figurino e melhor filme do ano. Merece todas!

Mas minha torcida especial vai para o roteiro. É difícil tratar desses assuntos secretos da Igreja Católica sem correr o risco de provocar um tédio danado. É incrível a capacidade de transportar para uns poucos dias de um conclave toda aquela adrenalina de um thriller. O roteirista Peter Straughan fez isto muito bem. Em 2011, ele já tinha sido indicado ao Oscar por seu roteiro de “O Espião que Sabia Demais”, baseado num livro de John le Carré. Pelo visto é sua especialidade.

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O roteiro trouxe até margem para algumas reflexões sobre o mundo cheio de ódio em que estamos vivendo. Uma das cenas mais fortes é a homilia do decano Lawrence, o personagem de Ralph Fiennes. Ele diz que a certeza é um dos grandes problemas do mundo, porque é a raiz da intolerância (bom, diz algo assim, não me lembro das palavras exatas). Pelo menos este trecho eu achei completo:

“Nossa fé é uma coisa viva precisamente porque anda de mãos dadas com a dúvida. Se houvesse apenas certeza e nenhuma dúvida, não haveria mistério. E, portanto, nenhuma necessidade de fé”.

(Suspendam-se as certezas!, já me dizia uma professora da faculdade.)

Bom seria se as pessoas tivessem menos certezas, porque aí teríamos menos fanatismo e ódio neste mundo, menos guerra e intolerância – provavelmente menos religião.

Conclave foi indicado a 8 Oscars em 2025:

E venceu este em destaque:

  1. Melhor trilha sonora
  2. Melhor ator
  3. Melhor atriz coadjuvante
  4. Melhor roteiro adaptado
  5. Melhor edição
  6. Melhor design de produção
  7. Melhor figurino
  8. Melhor filme do ano

Assista ao trailer do filme Conclave:

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Por Cristina Moreno de Castro (kikacastro)

Mineira de Beagá, escritora, jornalista (passagem por Folha de S.Paulo, g1, TV Globo, O Tempo etc), blogueira há mais de 20 anos, amante dos livros, cinéfila, blueseira, atleticana, politizada, otimista, aprendendo desde 2015 a ser a melhor mãe do mundo para o Luiz. Autora dos livros A Vaga é Sua (Publifolha, 2010) e (Con)vivências (edição de autor, 2025). Antirracista e antifascista.

2 comments

  1. Li o livro de Robert Harris e gostei muito. Quase sempre, a adaptação de livros me decepciona. Verei se Volker Bertelmann se sai melhor.

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