Vale a pena assistir: A Substância
2024 | 2h21 de duração | Classificação: 18 anos | nota 9
No momento em que escrevo este post, o filme “A Substância” já havia recebido 64 prêmios – incluindo o de melhor roteiro no Festival de Cannes e de melhor atriz principal (Demi Moore) no Globo de Ouro.
Também já tinha sido indicado a mais de 200 prêmios, incluindo vários que ainda não aconteceram, como o Bafta. E existe uma grande expectativa de que seja indicado a algumas das principais categorias do Oscar: melhor filme, direção de Coralie Fargeat, roteiro (também de Coralie), melhor atriz, fotografia e, sem dúvida, melhor maquiagem.
Moore levava de seis a nove horas para ter todas as próteses que a transformariam em um personagem completamente diferente. Mas sua atuação foi além do horror explícito que a maquiagem proporcionava: ela transmitiu muitos dos seus sentimentos – do misto de carência, solidão, deslumbramento, tristeza, revolta e pavor – apenas com a expressão de seus olhos. Sem dúvida está no páreo para várias premiações, embora estejamos todos torcendo pelo reconhecimento de Fernanda Torres e eu também tenha ficado impressionada com a atuação de Tilda Swinton.
Mas outros aspectos chamam a atenção no filme. As cenas super fechadas, com excesso de detalhes, nos transportando para as sensações da personagem. A paleta de cores berrantes e as lentes distorcidas escolhidas pela direção de fotografia. A trilha sonora tensa, remetendo não somente ao lado de terror do filme, mas também ao seu viés de ficção científica. E, principalmente, o roteiro.
O roteiro é uma espécie de fábula, com direito a “moral da história”, sobre muitas coisas: a busca da perfeição (que hoje se dá via filtros, botox, plásticas e outros procedimentos estéticos), a busca do rejuvenescimento a qualquer custo e, paralelo a isso, o ódio moderno ao envelhecimento. Tem também, é claro, uma crítica mordaz à lógica do “show business”, em que estrelas “insubstituíveis” tornam-se facilmente descartáveis quando deixam de agradar a executivos e acionistas (homens brancos engravatados).
No filme inteiro, de duas horas e 20 minutos de duração, praticamente só aparecem três personagens relevantes: Elisabeth (Demi Moore), Sue (Margaret Qualley) e Harvey (Dennis Quaid) – sendo que as duas primeiras tomam 95% das cenas. Além disso, são poucos os diálogos. Mas, mesmo com poucos personagens e falas, há material de sobra na tela para nossas reflexões.
Um misto de terror (todos os tipos de terror, do psicológico ao sangrento), drama, sci-fi e até comédia. Como este culto que estamos todos vivendo. Nos faz pensar: se alguém aparecesse vendendo “a substância” de verdade, quantos não estariam dispostos a usá-la a qualquer custo?
Como disse a diretora, a pressão pela beleza, pela perfeição, é uma forma de violência – assim como a que ela externaliza em sua fábula. Bom seria se as pessoas pudessem ser amadas pelo que elas realmente são.
A Substância foi indicado a 5 Oscars em 2025:
E venceu este em destaque:
- melhor filme do ano
- melhor maquiagem e cabelo
- melhor roteiro original
- melhor atriz principal
- melhor direção
Assista ao trailer do filme A Substância:
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