‘Tár’: um filme que fica bom depois de uma hora de tédio

Cate Blanchett no filme 'Tár', que concorre ao Oscar 2023.
Cate Blanchett no filme 'Tár', que concorre ao Oscar 2023.

Vale a pena assistir: TÁR
2022 | 2h38 de duração | nota 7

Confesso que tive muita dúvida sobre qual nota dar para esse filme “Tár”.

Os primeiros 25 minutos são um tédio absurdo. OK, é interessante a explicação que Lydia Tár dá sobre esse universo tão distante de mim, da música clássica e especialmente dos maestros. Mas são praticamente 25 minutos ininterruptos de falação. Fazia tempo que eu não via um início de filme tão ruim.

Dos mais de 150 minutos de filme, pelo menos 60 são apenas para a construção dessa personagem fictícia, mas nada acontece realmente. Nada. É só lá nos 90 minutos finais que a história vai se desenrolando.

Portanto, comecei o filme pensando “Ai, meu deus, este é o pior filme do Oscar deste ano. Tipo, sei lá, Drive my car ou A Filha Perdida no ano passado. Nota 4″. Mas, à medida que a história foi transcorrendo e mergulhamos na vida de Tár (em todos os cantos de sua vida), o filme foi ficando mais interessante.

No final, percebi, impressionada, que estava gostando da história.

Ou seja, acho que temos aqui mais um problema de filme longo demais, que merecia ser cortado, assim como no “Triângulo da Tristeza” e outros. A pandemia parece ter deixado nossos cineastas muito prolixos, muito apegados a sua obras, incapazes de jogar pedaços no lixo.

Mas o ato de jogar partes no lixo é essencial. Vale para filmes, para livros, para qualquer texto. Tudo o que sobra prejudica o todo. Como trabalhei como editora na maior parte da minha vida profissional de jornalista, tenho esse cacoete de me incomodar com as sobras ruins.

Voltando ao filme: tirando esse problema da metade inicial arrastadíssima e que deveria ter visto mais a tesoura, temos uma história interessante de uma mulher poderosa, primeira maestrina da Orquestra Filarmônica de Berlim, no auge de sua carreira, prestes a lançar seu livro autobiográfico, bombando na mídia, e que vive uma reviravolta que vai chacoalhar sua vida inteira, colocá-la de ponta-cabeça.

Apesar de ter outros personagens secundários, como a violoncelista que aparece mais para o final, 95% do filme é sobre Tár, esta personagem fictícia que ficamos conhecendo tão a fundo. Ela está em, literalmente, todas as cenas.

Cate Blanchett foi indicada ao Oscar pela sétima vez com o filme Tár.
Cate Blanchett foi indicada ao Oscar pela sétima vez com o filme Tár.

E quem a interpreta é Cate Blanchett, atriz que está sendo indicada ao Oscar pela sétima vez, já tem duas estatuetas na prateleira, além de outros prêmios importantes como o Bafta, o César e o Globo de Ouro. Para fazer Tár, ela aprendeu alemão, aprendeu a conduzir uma orquestra inteira (e conduziu em todas as cenas em que a orquestra apareceu tocando!) e reaprendeu o piano.

Como se diz aqui em Minas: Nuh!

Enfim, eis um filme que me dividiu, porque ele se divide, literalmente, em duas metades: uma chata e uma que nos prende. Comecei querendo dar uma nota 4 para ele, terminei pensando num 9. Fiz uma média, portanto, e deixo ele passar de ano, ao menos aqui no blog, com esse 7.

Se será suficiente para “passar” no Oscar, saberemos em breve.

Tár foi indicado a 6 Oscars em 2023 (não venceu nenhum):

  1. Melhor filme do ano
  2. Melhor direção (Todd Field)
  3. Melhor roteiro original (Todd Field)
  4. Melhor atriz principal (Cate Blanchett)
  5. Melhor fotografia
  6. Melhor edição

Assista ao trailer do filme Tár:

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Por Cristina Moreno de Castro (kikacastro)

Mineira de Beagá, jornalista (passagem por Folha de S.Paulo, g1 e TV Globo, UOL, O Tempo etc), blogueira há 20 anos, amante dos livros, poeta, cinéfila, blueseira, atleticana, politizada, otimista, aprendendo desde 2015 a ser a melhor mãe do mundo para o Luiz. Antirracista e antifascista.

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