Poema enviado por leitor: ‘Chega de delicadezas e dedos afundados em cálices’
O poma abaixo, sem nome, foi escrito e enviado pelo leitor José Carlos de Oliveira, ou ZéBrasil. Ele é um jornalista de 60 anos, morador daqui da terrinha, Belo Horizonte, Minas Gerais.
Se você também tem algum poema, conto, crônica, resenha de filme, análise ou outro texto bacana de sua autoria que queira ver divulgado aqui no blog, envie para meu e-mail! Vou analisar com carinho e, se tiver a ver com nossa proposta, seu texto poderá ser publicado na seção de textos enviados pelos leitores 😉
Agora, vamos ao poema do ZéBrasil:
sou ardente, isento, insensato
fora do prumo até
não finjo que vim de
dentro, posto pra fora
na hora do parto atrasado, mas
fingem que não veem
mas estou na curva do caminho
pertinho de seu ego cego
enferrujado no pingo
longo da chuva que
vai cair ainda no
longo final dos tempos
escondido nos rastros dos canalhas
que se fingem diamantes
na fresta do olhar que
olham de soslaio na direção
errada,
chega de delicadezas e
dedos afundados em cálices com a
a mesma imagem refletida em tinto sangue que
denuncia que está na
hora de voltar a ser estrela velha escondida
no fundo da consciência plana de um imbecil que finge ser asa
a planar indiferentes lugares, flertando com abismos
a gotejar salivas em sórdidas taças
onde a verdade sussurra frias mentiras em
pequenas fatias poupadas no escuro do bolso,
o sol fechou a cara amarela,
a semente caiu em solo errado
veio a chuva e brotou um oceano
onde afogou o barco talhado na rocha
do bico de uma gaivota
que agora voa meu caixão insepulto,
tarde demais pra voltar ao primeiro verso
não dá mais pra reescrever,
o papel partiu-se em dois rumos e cada um deixou escapar palavras
que se esconderam em bocas alheias e canalhas, amaldiçoadas pelo riso torto em caras safadas,
tarde demais pra voltar ao primeiro verso
tarde demais
o tempo envelheceu a boca maldita, que agora cospe brutalidade intestinal acumulada em tinto sangue, taças quebradas e corpos febris trilhando o corredor da morte em busca do perdão,
tarde demais pra voltar ao primeiro verso, o castigo agora é o senhor de tudo,
agora sim o tinto sangue corre em veias velhas: pecado caro pago!
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Cristina Moreno de Castro Ver tudo
Mineira de Beagá, jornalista, blogueira, poeta, blueseira, atleticana, otimista, aprendendo a ser mãe. Redes: www.facebook.com/blogdakikacastro, twitter.com/kikacastro www.goodreads.com/kikacastro. Mais blog: http://www.otempo.com.br/blogs/19.180341 e http://www.brasilpost.com.br/cristina-moreno-de-castro