Texto escrito por José de Souza Castro:
Ao participar neste fim de semana de um evento sobre energia, em São Paulo, a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, afirmou que a empresa vai dobrar de tamanho até 2020 com a produção do pré-sal, de onde virá metade do petróleo que estiver extraindo daqui a sete anos. Atualmente, o custo de produção do pré-sal está entre 40 e 44 dólares por barril, valores inferiores ao custo de produção nos Estados Unidos, estimado entre 44 e 50 dólares.
Na véspera, a Reuters revelou que o protagonismo da Petrobras nos leilões promovidos pela Agência Nacional de Petróleo desde que o monopólio foi quebrado em 1998, não se repetirá na 11ª rodada, marcada para os dias 14 e15 de maio. O menor interesse da estatal abriria espaço para maior participação de empresas estrangeiras e outras nacionais de menor porte no leilão, o primeiro a ser realizado no Brasil desde 2008.
No ano anterior, a OGX, empresa recém-fundada por Eike Batista, venceu a licitação para 21 blocos, desembolsando cerca de R$ 1,5 bilhão e dividindo, pela primeira vez, o protagonismo com a Petrobras.
Empresas petrolíferas de 71 países mostraram interesse nessa licitação, e 64 foram habilitadas, um número recorde. A Petrobras esperou até o último dia do prazo para se inscrever. As empresas vão disputar a concessão dos blocos terrestres, sobretudo na margem equatorial, que tem semelhanças geológicas com áreas da Guiana e da costa oeste africana, grandes produtoras de petróleo. Quem descobrir óleo ou gás nessas áreas vai poder exportá-lo em estado bruto até que ele se esgote, pagando ao governo royalty mais baixo do que o da média mundial. Nenhuma empresa internacional tem interesse em construir refinarias no Brasil.
A falta de protagonismo da Petrobras, no próximo leilão, está relacionada, conforme especialistas da área ouvidos pela Reuters, “à situação financeira da companhia, comprometida com um vultoso plano de investimento, com a necessidade da empresa de finalizar projetos em curso e com a primeira rodada do pré-sal, que será realizada também neste ano, que obrigatoriamente demandará grandes recursos da petrolífera”.
Petrolíferas internacionais se preparam para investir até US$ 1 trilhão nos próximos anos no Brasil. Há dois anos, o Bloomberg revelou ao mundo que as reservas brasileiras alcançam 123 bilhões de barris na área do pré-sal. Informações como essa deixam os investidores internacionais ouriçados, enquanto os brasileiros se esquentam ao sol ou dormem em berço esplêndido.
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