Da Cristina que não gosta de ficar só de meias

Duas coisas me chamaram a atenção no desenhozinho singelo acima, que encontrei no blog da minha amiga Alice.

A primeira é como me causa certo estranhamento meu próprio nome impresso nos lugares. No jornal é o de menos, porque passa batido por mim, já que nunca leio minhas próprias matérias depois de impressas. Mas em qualquer outro lugar. Primeira reação é de intimidade, depois de afastamento, já que muito poucas pessoas me chamam de Cristina (pra maioria é só Cris), depois de propriedade: tudo o que diz respeito àquela Cristina grafada deve ter algo a ver comigo.

Daí pensei que, se Cristina, sabe-se lá qual Cristina, gosta de usar meias quando fica triste, será que isso se aplicava a mim?

Daí veio a segunda coisa: será por que diabos Cristina gosta de usar meias quando está triste?! Qual a relação de causa e efeito? Como nunca fico só de meias, não se aplica a mim mesmo, mas será que há outras miudezas assim, coisinhas mesmo, que eu goste de fazer quando estou triste, que ajudam a amenizar a dor? E quais seriam elas?

E danei a pensar — estou nessa agora agora.

Calçar chinelos, eu diria. Estar com eles. Mas não por estar triste e sim porque gosto de estar sempre de chinelos e por mim eu trabalharia com eles todos os dias (aliás, já fiz isso algumas vezes, sshhhh). Um dia escreverei sobre minha relação com os chinelos. Se alegre são bem-vindos, mais ainda são quando estou triste, porque me previnem de um desconforto a menos na vida.

Mas e algo que eu goste especificamente de fazer enquanto triste?

Me refestelar no sofá, colocar um filme, fazer um balde de pipoca com manteiga. É uma possibilidade gorda, mas ajuda. Dependendo do dia pode rolar até uma latinha bem gelada de cerveja.

Ficar isolada é para os dias de tristeza profunda, daquelas imobilizantes, melancolia à Las Von Trier. Normalmente, quando a tristeza é das corriqueiras, prefiro falar com os outros. Falar falar falar — algo que faço bem.

E há também os poemas. Minha mãe reclama que meus poemas são muito depressivos e que a vida é bela: cadê meus poemas sobre esta beldade? Eu até tenho uns mais alegrinhos, mas poemas funcionam como terapia alternativa, então os tristes predominam.

E assim criamos nossas pequenas escapatórias, que podem ir das meias à pipoca ao poema.

Qual é a sua escapatória?


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Por Cristina Moreno de Castro (kikacastro)

Mineira de Beagá, escritora, jornalista (passagem por Folha de S.Paulo, g1, TV Globo, O Tempo etc), blogueira há mais de 20 anos, amante dos livros, cinéfila, blueseira, atleticana, politizada, otimista, aprendendo desde 2015 a ser a melhor mãe do mundo para o Luiz. Autora dos livros A Vaga é Sua (Publifolha, 2010) e (Con)vivências (edição de autor, 2025). Antirracista e antifascista.

15 comments

  1. Quando estou triste eu ouço a música Beatriz, a versão instrumental da Jazz Sinfônica que tem o solo de violas mais lindo do mundo, ponho no repeat e logo a dor passa ou aumenta, hehehe. sempre acalma o coração.
    bjs,
    Clara

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  2. Eu não tenho uma válvula de escape assim. Quando estou triste, tenho dificuldades em procurar outras pessoas, e tenho a tendência de me encastelar em silêncio até passar. Até da família eu me afasto… o máximo que eu consigo fazer é ver tv (muitas vezes um seriado meio-comédia tipo House me tira um pouco do peso). Mas não sou de compartilhar tristeza, acho que na minha cabeça funciona tipo “a tristeza é só pra mim, a alegria eu compartilho”… e isso é até ruim pra mim, mas eu não consigo evitar.

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  3. Ah, os chinelos!… Chinelo cor de rosa, todo desgastado, sujo, pra ir ao clube, à padaria, à missa, à festa… hahaha Até a baile de 15 anos, se dependesse da sua vontade…

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  4. Eu me sinto mal porque desde que você foi mostrar o blog da Alice eu entro mais lá do que aqui! =/ Logo eu que estava em segundo lugar dos comentadores que mais comentam!
    Mas eu me identifico tanto com aquelas imagens, e também com as corujas que ela vive postando…
    Quando eu fico triste eu faço basicamente a mesma coisa, filme mais alguma comida bem gordurosa e a solidão!
    Hoje é um dia desses em que eu gostaria de estar de pijama, jogada no sofá, vendo filmes e comendo bobagens…

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  5. É simples, mas confuso, tratar dos sentimentos e emoções do nosso interior.
    Primeiro, porque é nosso interior, mas, dele quase nada sabemos…
    Depois,, porque à medida que o vamos conhecendo, mais confuso se torna…
    E por aí vai, até que a gente desiste…
    E quando retorna, retorna, também a insegurança da primeira vez.
    E, como não há segunda sem primeira, esta , por si só, já parece segunda…
    Eu sou, de nascença, um apreciador de meias, mais especiificamente meias femininas em pernas e pés femininos.
    Saí, concluí que sou fanático por pés, de preferência, femininos e de meias. Só de meias…
    Isso extrapolou para o âmbito sexual e complicou muito a minha satisfação sexual, porque não é fácil ter um objetivo e não encontrar parceria para a realização da experiência…
    E foi assim que chefuei aos 70 anos, sem saber como lidar com os pés e meias femininos…
    Mesmo morrendo de amor por eles…
    Mesmo, buscando sempre o não encontrado…

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