Texto de José de Souza Castro:
Em agosto passado, foram apresentados no Rio de Janeiro, durante o 12º Congresso Internacional da Sociedade Brasileira de Geofísica, estudos feitos por uma aluna de doutorado do Observatório Nacional (ON) que indicavam a existência de um rio subterrâneo debaixo do rio Amazonas que poderia ser o maior do mundo. O anúncio foi amplamente divulgado pela imprensa, mas caiu no esquecimento, até que o último número da “Folha do Meio Ambiente” retomou o assunto.
Enquanto a descoberta não se confirma, o rio ganhou um nome provisório: é o rio Hamza, uma homenagem ao geofísico indiano naturalizado brasileiro Valiya Hamza, coordenador do banco de dados do ON e orientador da aluna de doutorado Elizabeth Tavares Pimentel que conduz a pesquisa.
Ela pode resultar numa das mais importantes descobertas ocorridas no Brasil nos últimos anos. Conforme comunicado do Observatório Nacional, estima-se que o rio Ramza tem mais de 6 mil quilômetros, largura variando de 200 a 400 quilômetros, e corre em velocidade baixíssima a uma profundidade de até quatro quilômetros da superfície da terra.
Confirmando-se essas previsões, essa imensa reserva de água doce pode ser em longo prazo muito mais importante para o desenvolvimento nacional do que o pré-sal, até mesmo porque este traz consigo a ameaça da “maldição do petróleo”, conforme artigo que publicamos nesta semana no Boletim Mineiro de História.
Na Amazônia, já havia sido descoberto em 1958 o Aquífero Alter do Chão, que possui um volume estimado de água superior em duas vezes o do Aquífero Guarani que se estende do centro-sul do Brasil até a Argentina. Com o rio Hamza, esse volume de água subterrânea na Amazônia seria quatro vezes maior que o do Aquífero Guarani.
Para confirmar ou não essa expectativa, os pesquisadores estão em busca dos recursos necessários à pesquisa de campo. O indiano Valiya Hamza, de 70 anos, 37 dos quais morando no Brasil, afirma que o custo é relativamente modesto, tendo em vista a importância da descoberta e a necessidade de preservação dessas águas para serem usadas quando o planeta estiver mais sedento. Na opinião dele, é fundamental que a pesquisa seja feita por brasileiros.
Veremos.
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