O Reformatório Nickel: leia minha resenha e veja o trailer do filme

Cena do filme O Reformatório Nickel

Vale ver no Prime Video: O Reformatório Nickel (Nickel Boys)
2024 | 2h20 de duração | Classificação: 16 anos | nota 7

A primeira coisa que a gente pensa ao ver este filme é: será que esse reformatório dos infernos existiu de verdade? Depois, quando fui ler a respeito, descobri que o Nickel, especificamente, e os dois personagens deste filme (os amigos Elwood e Turner) são fictícios – mas, sim, existiu pelo menos um reformatório como aquele de verdade: o Dozier School For Boys, na Flórida.

Um lugar onde crianças e adolescentes que cometerem crimes (cometeram mesmo?) são presas até completarem a maioridade. Como a nossa velha Febem aqui no Brasil. Mas a ala dos jovens brancos é uma realidade bem mais doce que a dos jovens negros.

Os negros tinham dormitórios piores, comidas piores, eram explorados em trabalhos forçados, mas, muito mais grave que qualquer dessas coisas: eram estuprados, agredidos, torturados e, muitas vezes, mortos. Não podiam receber visitas dos parentes, não recebiam cuidados médicos e, quando morriam e iam parar nas valas clandestinas do lugar, o Estado dizia às famílias que tinham fugido.

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O racismo institucionalizado nos Estados Unidos dos anos 60, mas ainda mais cruel porque cometido contra crianças e jovens, em sua maioria totalmente inocentes. Muitas vezes órfãos, sem família e sem ter para onde ir, levados para essa escola pública por juízes.

O Elwood do filme é um adolescente de 16 anos que só estava no lugar errado e na hora errada: pegou carona de um cara que tinha roubado um carro. Ele estava prestes a ir para uma faculdade, nunca tinha cometido um crime na vida, mas acabou mandado para o Reformatório Nickel.

Na tentativa de gerar uma empatia ainda maior com os personagens, o diretor e roteirista RaMell Ross resolveu usar uma câmera subjetiva ao longo de praticamente todo o filme. Ora vemos as cenas pela perspectiva de Elwood, ora vemos com os olhos de seu amigo Turner. Embora tenha sido um recurso interessante e criativo para nos colocar dentro da cena e dar ainda mais voz aos personagens, acho que, principalmente no começo, esse jeito de filmar ficou bastante confuso para nós, os espectadores. A forma como a câmera é posicionada nas costas do personagem já adulto também é muito ruim e meio artificial. Custei a me acostumar.

O roteiro, adaptado de um livro vencedor do Pulitzer de Colson Whitehead, também foi indicado ao Oscar. Mas tiro alguns pontinhos do filme justamente porque acho que a adaptação deixou muitas pontas soltas, e também foi feita de uma forma um pouco confusa para quem nunca leu o romance. Tive que ler um bocado sobre o filme depois de assisti-lo para entender a história totalmente. Fiquei com a impressão de que deveria ler o livro para assistir a este filme. Ou ver mais de uma vez para poder absorver tudo. Há muitas coisas não ditas, não mostradas, nas entrelinhas.

Apesar disso, é um filme bonito e necessário, como todas as obras que mostram quão brutais podem ser os homens. Histórias como a desse reformatório precisam ser conhecidas, para que nunca mais – nunca mais! – se repitam. Assim como a ditadura no Brasil (Ainda Estou Aqui), a ditadura na Argentina, o holocausto alemão (Zona de Interesse e tantos outros), o holocausto brasileiro, a escravidão

O horror da história da humanidade precisa ser conhecido sempre, e seus promotores punidos, nunca varridos para baixo de um tapete covarde.

O Reformatório Nickel foi indicado a 2 Oscars em 2025:

  1. Melhor roteiro adaptado
  2. Melhor filme do ano

Assista ao trailer de O Reformatório Nickel:

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Por Cristina Moreno de Castro (kikacastro)

Mineira de Beagá, escritora, jornalista (passagem por Folha de S.Paulo, g1, TV Globo, O Tempo etc), blogueira há mais de 20 anos, amante dos livros, cinéfila, blueseira, atleticana, politizada, otimista, aprendendo desde 2015 a ser a melhor mãe do mundo para o Luiz. Autora dos livros A Vaga é Sua (Publifolha, 2010) e (Con)vivências (edição de autor, 2025). Antirracista e antifascista.

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