Mudança na Petrobras me faz elogiar Bolsonaro pela primeira vez

Na esquerda, o ex-presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco (foto: Tomaz Silva/Agência Brasil). Na direita, general Joaquim Silva e Luna (foto: Nagamine/Fiesp/Divulgação)

Texto escrito por José de Souza Castro:

Na esquerda, o ex-presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco (foto: Tomaz Silva/Agência Brasil). Na direita, general Joaquim Silva e Luna (foto: Nagamine/Fiesp/Divulgação)

Acho que nunca pensei que um dia ia escrever aqui um artigo elogiando um ato “insano” do presidente Jair Bolsonaro. Pois o faço agora, depois de muito pensar e de ter lido esta nota da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet).

Bolsonaro acertou ao demitir Roberto Castello Branco da presidência da estatal, que ele havia nomeado no início de seu governo a pedido do ministro da Economia, Paulo Guedes – o “Posto Ipiranga” de Bolsonaro que está mais para “Posto Shell”. Para entender, vale a leitura deste artigo, publicado também pela Aepet, justificando o lançamento da campanha nacional de boicote aos postos da Shell no Brasil.

E, de certo modo, justificando a greve dos caminhoneiros anunciada para dentro de alguns dias.

Claro que meu elogio a Bolsonaro, por enquanto, se limita à demissão de Castello Branco, amigo de Guedes. Longe de mim elogiar sua substituição por um general. A propósito, fui demitido da Petrobras por um general – Ernesto Geisel –, como relato aqui. Geisel era presidente da estatal e eu um simples operador de subestação elétrica na Refinaria Gabriel Passos, em Betim. O fato aconteceu há 50 anos, mas não me esqueci. Ainda…

Reafirmarei o elogio ao capitão, se ele, com a ajuda do general, mudar a política de preço dos combustíveis. Escreveu a Associação dos Engenheiros da Petrobras:

“Cabe ao senhor Joaquim Silva e Luna, o novo presidente indicado da Petrobrás, esclarecer se a política de Preços Paritários de Importação (PPI) continua, assim como o plano de privatizar 8 das 13 refinarias que representam 50% da capacidade de refino nacional. O parque de refino da Petrobrás é capaz de abastecer o mercado nacional de diesel e gasolina a partir do petróleo brasileiro, produzido pela estatal. Não é razoável vincular seus preços aos de Importação, mas sim abastecer aos menores custos possíveis, promovendo o desenvolvimento da economia brasileira e garantindo a capacidade de investimento da Petrobrás.”

Assino embaixo. Só não acho que esse general vai merecer qualquer elogio. Veja aqui o que ele pensa, como relata o repórter Vinicius Sassine:

“O general da reserva Joaquim Silva e Luna disse à Folha na tarde deste sábado (20) que a empresa está “no meio da sociedade” e que seus produtos finais, como combustível e gás, se destinam às pessoas.

Mesmo assim, o general indicado por intervenção de Bolsonaro nega a possibilidade de interferência na empresa e em sua política de preços. “Jamais haverá ingerência do presidente. Ontem [sexta-feira (19)], na nossa conversa, ele não falou nada disso”, afirmou Luna.”

Sendo assim, é possível que nunca mais eu pense em elogiar Bolsonaro. Ufa!

 

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Por José de Souza Castro

Jornalista mineiro, desde 1972, com passagem – como repórter, redator, editor, chefe de reportagem ou chefe de redação – pelo Jornal do Brasil (16 anos), Estado de Minas (1), O Globo (2), Rádio Alvorada (8) e Hoje em Dia (1). É autor de vários livros e coautor do Blog da Kikacastro, ao lado da filha.

2 comentários

  1. Kika, logo início me deu um arroubo de elogiar o bozo. Depois vi que foi só mais uma das suas falácias politiqueiras. Trocar o homem do mercado por um general do mercado é a lesma lerda. Pode ser que este último seja um pouco mais burro, mas não existem generais brasileiros: eles são mais gringos que os dos states. Também essa insurreição contra a Petrobrás é uma falácia. Tira-se dos produtos do petróleo o imposto, ou seja o caixa nacional recebe menos e os dos estados muito menos ainda, pois os impostos dos estados é maior. Ele está matando dois coelhos com uma caixa dágua só: enfraquece os estados e f*de com o Brasil. Enquanto isso os acionistas continuam de boa. Nada acontece com eles.
    Na verdade uma empresa de economia mista não funciona. Os prejuizos vão para o Estado e o lucro para os acionistas.
    A venda dos derivados seguem uma política de arrocho e a arrecadação dos acionistas segue livre. As distribuidoras no Brasil deveriam ser livres para seguir o mercado: comprar e vender de quem quisesse, importar até se fosse o caso, para que a Petrobrás baixasse o preço para o consumo interno. Não, elas podem distribuir, mas tem que ser o petróleo da Petrobrás, no preço que a diretoria e seus acionistas decidem. Os brasileiros que se danem! Um abraço, menina!

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